Comemorado sempre no último domingo do mês de janeiro, o Dia Mundial da Hanseníase foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 1954, por conta da falta de informação e de campanhas educativas sobre a doença. Para se ter uma ideia, até a década de 1980, não havia ainda a poliquimioterapia – tratamento efetivo utilizado para a cura da enfermidade. Portanto, à época, era adotada uma política vertical especializada para combate à hanseníase, pautada no isolamento dos pacientes, com o objetivo de evitar a transmissão.
Neste contexto, surgiram as chamadas colônias de hansenianos, unidades que recebiam esses pacientes, retirando-os do convívio com pessoas não-infectadas. Esses locais, geralmente, ficavam afastados dos centros urbanos. “As regras de convivência eram rígidas. Os pavilhões que abrigavam os pacientes eram separados de acordo com sexo e grau de evolução da doença. Todas as portas eram trancadas com correntes e constantemente vigiadas. Tudo para garantir o isolamento dos hansenianos”, conta o coordenador do Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP) da Casa de Saúde Santa Izabel (CSSI), da Rede Fhemig, Marco Túlio de Freitas Ribeiro.
Apesar disso, os habitantes das colônias levavam uma vida normal. Quem tinha condições físicas podia trabalhar, praticar esportes e realizar atividades culturais. Os moradores do local tinham acesso a sessões de cinema, festivais de teatro e bailes aos sábados e domingos.
Com o surgimento do tratamento, realizado ambulatoriamente, sem necessidade de isolamento, essas colônias passaram a atuar na recuperação de ex-pacientes com sequelas. A Rede Fhemig conta com quatro ex-colônias de hanseníase que transformaram-se em modernos centros de reabilitação e cuidado ao idoso, com equipe multidisciplinar, além de oferecerem atendimento à população em geral, em diversas especialidades médicas. São elas: Casa de Saúde Santa Izabel (Betim), inaugurada em 1931; Casa de Saúde São Francisco de Assis (Bambuí), criada em 1943; Casa de Saúde Padre Damião (Ubá), inaugurada em 1945 e Casa de Saúde Santa Fé (Três Corações), criada em 1945. Essas unidades pertenciam à Fundação Estadual de Assistência Leprocomial (Feal), que se unificou a outras duas fundações para formar a Rede Fhemig, no ano de 1977.
A hanseníase é uma doença infecciosa que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo e varia de dois a cinco anos. É importante que, ao perceber algum sinal, a pessoa com suspeita da doença não se automedique e procure imediatamente um serviço de saúde mais próximo.
Os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são manchas nas áreas da pele, com diminuição de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar em qualquer parte do corpo, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.
A transmissão da doença se dá por vias aéreas. Atualmente, o tratamento é gratuito e eficaz. Após as primeiras 24 horas da utilização do medicamento, o paciente não oferece mais risco de contágio para outras pessoas.
Os casos de hanseníase no Brasil reduziram em média 26% nos últimos onze anos, de acordo com os dados do Ministério da Saúde. Apesar disso, o país ainda é o que possui o maior índice da doença na América Latina, com 92,5%. Ainda de acordo com o MS, o coeficiente de detecção de casos novos por 100 mil habitantes também reduziu: de 26,61 (2001) para 17,65 (2011) – uma queda de 34%.