Casa de Saúde Padre Damião completa 66 anos de fundação

Casa de Saúde Padre Damião completa 66 anos de fundação
Foto: Divulgação/ACS
Casa de Saúde Padre Damião, 66 anos de serviços prestados à população de Ubá

A Casa de Saúde Padre Damião, do Complexo de Reabilitação e Cuidado ao Idoso da Rede Fhemig, em Ubá, comemora neste mês o aniversário de 66 anos da unidade, juntamente com o centenário de nascimento de Heitor Peixoto Toledo, médico que esteve na direção da instituição por mais de 30 anos. Hoje, às 15 horas, será realizada a recepção dos restos mortais do ex-diretor e de sua esposa, Maria Helena Coelho Toledo, seguida da celebração de missa em memória do casal.

 

Amanhã haverá uma sessão solene de inauguração do memorial dedicado ao homenageado (nascido em 25 de dezembro de 1911), que assumiu a direção hospitalar em 1956.  Uma sala da unidade foi adaptada para abrigar utensílios usados pelo oftalmologista, como máquina de escrever e equipamentos médicos, além de fotografias e objetos pessoais guardados com carinho pela comunidade, que o considerava como um pai.
Inaugurada em 15 de dezembro de 1945 pelo Governo de Minas Gerais, a Casa de Saúde Padre Damião nasceu com a missão de prestar assistência aos hansenianos em regime de segregação social, de acordo com as diretrizes da época. Recebeu inicialmente o nome de Leprosário Padre Damião, em homenagem ao belga Joseph de Veuster, nome de batismo do Padre Damião, mundialmente conhecido como o apóstolo dos leprosos.

Referência em fisioterapia e reabilitação

Atualmente, a Casa de Saúde tem o compromisso de garantir acesso à saúde com segurança, qualidade e resolutividade, incorporando novas tecnologias, com protocolos clínicos bem definidos, dentro dos princípios do SUS. A unidade é referência em atendimento a hanseníase e presta serviços de saúde aos usuários do SUS da microrregião de Ubá. Com qualidade e humanização, garante a reabilitação e satisfação em nível de complexidade secundária. Além disso, é um centro regionalizado de referência em fisioterapia e reabilitação, com prevenção de incapacidades, assistência em geriatria e a pacientes fora de possibilidades terapêuticas.
As especialidades médicas oferecidas são dermatologia, pediatria, ginecologia, clinica médica, ortopedia e otorrinolaringologia. Os pacientes adultos e idosos com algum tipo de incapacidade física são atendidos por uma equipe multidisciplinar que inclui profissionais de especialidades como fisioterapia, fonoaudióloga, psicologia, terapia ocupacional, neurologia e ortopedia, de acordo com a necessidade de cada um. O atendimento domiciliar aos pacientes hansenianos asilares é realizado por 2 equipes médicas. São 65 leitos asilares.
Além do ambulatório de reabilitação física, a unidade conta com uma sapataria para confecção de sapatos ortopédicos e palmilhas adaptadas e 20 leitos de clínica médica. Mantém ainda os serviços de apoio de esterilização de materiais, lavanderia, manutenção, nutrição e dietética, além de laboratório, farmácia, raios-x e eletrocardiograma.

Em 2011 a CSPD manteve uma média de 268 profissionais, que contribuíram para a realização de 13.793 consultas até o mês de outubro e 30 pesquisas que se encontram em andamento. Estão implantados os protocolos clínicos de Síndrome de Abstinência, Prevenção e Tratamento de úlceras de pressão (Feridas I), Terapia nutricional adulto e Reabilitação do Idoso. 

Dr. Heitor Peixoto Toledo

Em um tempo em que os doentes eram internados à força, em regime de isolamento, a atuação humanista do dr. Heitor (como o médico era mais conhecido) provocou várias modificações na assistência e no relacionamento com os doentes hansenianos. Contrariando a comunidade científica da época, o médico teve a coragem de questionar as informações predominantes sobre contágio da doença, contribuindo para romper com o drama da separação de pais e filhos, que eram levados para educandários distantes logo após o nascimento.

Foto: Acervo Pessoal
Visionário, dr.Heitor revolucionou o atendimento ao doente hanseniano

Para diminuir o preconceito, dr. Heitor promovia festas, esportes, arte e cultura entre os próprios internos da Colônia e convidava autoridades e pessoas influentes da sociedade. Seu trabalho derrubou barreiras e teve papel importante na ampliação do hospital, na modernização da cozinha, na construção da Escola Estadual Eunice Weaver, fundamental para o ensino regular das crianças da comunidade, que passaram a se integrar com outros segmentos sociais.

"A marca registrada de seu trabalho era estar sempre presente na vida da comunidade, carinhosamente chamada por ele de 'Família Damianense'", afirma José Afrânio da Silva, ex-paciente do sanatório, amigo e admirador do médico.

Heitor Peixoto Toledo faleceu em Belo Horizonte, em 28 de dezembro de 1991, onde foi sepultado.

Fonte: http://vozdamianense.blogspot.com