Mamaço no Hospital Júlia Kubitschek promove conscientização em prol do aleitamento materno

 

Foto: Fernanda Moreira
Mães marcaram presença no mamaço, no jardim do HJK

 

No dia 13 de agosto, o Hospital Júlia Kubitschek (HJK) reuniu pacientes de sua maternidade, de postos de saúde e outras mães para realizar seu primeiro mamaço. A iniciativa teve como objetivo desmistificar os tabus em torno do ato de amamentar, estimular o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida da criança e a continuidade da amamentação – junto a uma alimentação saudável – até os dois anos de idade ou mais. O evento contou com a presença da presidente do Comitê Interinstitucional de Aleitamento Materno, Vânia Lima, que na ocasião estava caracterizada de Mãe Gotinha.

Para a enfermeira da maternidade do Hospital Júlia Kubitschek, Luzia Maria da Silva Ventura, a militância pelo aleitamento materno deve ser intensa, uma vez que a vida moderna e os meios de comunicação impõem uma série de barreiras para a amamentação. “Nas últimas décadas, as mulheres assumiram um estilo de vida com várias atribuições, incluindo a ida para o mercado de trabalho, o que dificulta um pouco a manutenção do aleitamento. Muitas empresas ainda não possuem práticas de apoio à mãe trabalhadora. Além disso, a mídia, no geral, desmotiva a amamentação exclusiva até os seis meses de vida do bebê, estimulando o consumo, por simples vaidade, de produtos que prejudicam o aleitamento, como mamadeiras de modelos diversos; chupetas com temas de times de futebol, strass, pérolas, etc.; e do próprio leite artificial”, explica.

A enfermeira ainda ressaltou que a amamentação é um compromisso de todos e, portanto, as empresas precisam se engajar nessa luta. O primeiro passo é respeitar o direito da mulher de se ausentar do trabalho para comparecer às consultas de pré-natal e cursos de gestantes. “Tem muitas grávidas que não conhecem seus direitos e ainda se sentem incomodadas ou constrangidas de faltar ao trabalho para fazer exames e consultas. Precisamos que as empresas sejam apoiadoras desse momento”, afirma Luzia.

 

Foto: Fernanda Moreira
A personagem Mãe Gotinha também esteve presente no mamaço do HJK

 

Empresa cidadã

Para que a mulher trabalhadora amamente até os dois anos de vida da criança, algumas medidas por parte das empresas são fundamentais. Além da licença-maternidade de 4 meses, garantida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a mulher tem direito a dois descansos diários, de meia hora cada um, durante a jornada de trabalho, até o 6º mês de vida do bebê, além dos intervalos normais para repouso e alimentação.

Algumas empresas aderiram ao Programa Empresa Cidadã, da Receita Federal, e passaram a adotar a licença-maternidade de seis meses. As instituições que aderem a essa iniciativa recebem benefícios fiscais. Outra medida importante que algumas empresas também já possuem é a sala de apoio à amamentação: espaços em que a mulher, com privacidade e segurança, pode retirar e armazenar o seu leite para ser oferecido posteriormente à criança. Por fim, os estabelecimentos em que trabalham pelo menos 30 mulheres com mais de 16 anos de idade devem ter local apropriado onde seja permitido às trabalhadoras deixarem, sob vigilância e assistência, os seus filhos durante a amamentação. As empresas e empregadores também podem adotar o sistema reembolso-creche, em substituição à exigência de creche no local de trabalho, ou firmar convênio com instituição próxima.

 

Foto: Fernanda Moreira
Eliane Fonseca (à esquerda) e Luzia Ventura falaram sobre a importância do aleitamento materno

 

Melhor alimento

A geógrafa Luiza Figueiredo Nunes marcou presença no mamaço do HJK junto com o pequeno Davi – seu filho de quase dois meses. Como defensora incansável da amamentação, deu seu depoimento durante o encontro. “Sempre tive uma alimentação mais natural e saudável e sei que o leite materno é melhor alimento que posso oferecer ao meu filho. No entanto, tinha muito medo de não conseguir amamentar e ter que oferecer produtos industrializados, cheios de química, que iam sustentá-lo, mas não iam nutri-lo. Há alguns anos eu fiz uma mamoplastia redutora, por isso tinha esse receio. Mas eu consegui e digo que é a melhor coisa do mundo. Não preciso carregar nada, é prático. Na última visita ao pediatra, o médico ressaltou que o Davi está bem hidratado, nutrido e esperto. Além disso, o momento da amamentação é maravilhoso, pois ele olha nos meus olhos”, disse.

Foto: Fernanda Moreira
Luiza Nunes (à esquerda) "Amamentar é a melhor coisa do mundo"

Boas práticas do HJK

A maternidade do Hospital Júlia Kubitschek é uma grande apoiadora da amamentação. Para a coordenadora da Comissão de Aleitamento Materno do HJK, Eliane Fonseca, uma das principais medidas nesse sentido é o curso casal grávido, oferecido às gestantes há mais de um ano. Atualmente, o curso acontece nas duas últimas quartas-feiras do mês. No entanto, devido à alta procura, a partir de setembro deste ano será realizado semanalmente.

“O curso faz muita diferença para o casal no momento do parto. A mãe, geralmente, está mais tranquila e o pai mais participativo e dando apoio. Vários trabalhos reportam que quando o pai assiste ao parto, desenvolve um afeto ainda maior pela criança e pela mãe, pois elevam-se os níveis de ocitocina (conhecida como hormônio do amor) no homem”, explica Eliane. “Todos nós temos ocitocina, mas a mulher possui em maior quantidade. A produção desse hormônio contribui para a redução da depressão pós-parto, promove relaxamento quando a mulher amamenta e aumenta a ligação afetiva da mãe com seu bebê”, completa.

A maternidade do HJK também é certificada como Hospital Amigo da Criança. O reconhecimento é uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para promover, proteger e apoiar o aleitamento materno.

A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) tem como meta mobilizar os funcionários dos estabelecimentos de saúde para que mudem condutas e rotinas responsáveis por índices de desmame precoce. Para isso, foram estabelecidos os Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno.

1 – Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, que deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe do serviço.
2 – Treinar toda a equipe, capacitando-a para implementar essa norma.
3 – Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação.
4 – Ajudar a mãe a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto.
5 – Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos.
6 – Não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha indicação clínica.
7 – Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia.
8 – Encorajar a amamentação sob livre demanda.
9 – Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.
10 – Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.