Desinstitucionalização na saúde mental é exitosa em unidades da Fhemig

 

Foto: ACS Fhemig
CHPB é uma das unidades da Fhemig que trabalham pela desinstitucionalização de pacientes




 

A desospitalização de pacientes portadores de sofrimento mental já é uma realidade em hospitais psiquiátricos. Tendo em vista esse cenário, as unidades da Fhemig têm investido cada vez mais esforços nesse propósito e procurado repensar sua missão.

 

Um dos exemplos dessa conduta é o do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB), que atualmente oferece serviços em nível ambulatorial, internações para pacientes agudos e oficinas terapêuticas, além das internações de longa permanência. A instituição conta hoje com 149 moradores, sendo 64 mulheres e 85 homens.


O processo de desinstitucionalização dos moradores do CHPB foi intensificado a partir de 1997, somando, até o momento, 167 altas com retorno para casa e/ou transferência para as residências terapêuticas. Em 2016, 22 pessoas foram desinstitucionalizadas. “Este trabalho, promovido pelos profissionais do CHPB ao longo dos anos, mostra a maturidade da equipe, que compreende que a possibilidade das pessoas viverem fora de uma instituição hospitalar é um direito”, afirma o diretor da unidade, Wander Lopes da Silva.


O CHPB conta ainda com o projeto “CASA LAR”, que institui módulos residenciais intermediários e permite que alguns usuários vivam em ambientes domiciliar, ainda que dentro da instituição.


Por ser uma referência de assistência na macrorregião do Estado, o processo de desospitalização não representa, em nenhum momento, uma ameaça à prestação de serviços, mas sim a reinvenção de sua missão.


“A equipe de profissionais do CHPB deseja continuar prestando serviços em saúde mental, de acordo com as necessidades de Barbacena e região. Neste sentido, o colegiado de servidores do CHPB apresentou propostas para o futuro da unidade, sendo consenso que se faz importante intensificar esforços para a desinstitucionalização, bem como trabalhar nas alternativas de transformação”, garante o diretor.


“O presidente da Fhemig, Jorge Nahas, em conversa com a direção do CHPB, no dia 7 de dezembro, reforçou que não serão poupados esforços na reinvenção da unidade e que os trabalhadores não a temem, mas a desejam. Isso é extremamente importante e tranquilizador, pois garante a possibilidade de reinvenção, de transformação, de mudança de paradigma, de fechamento de um ciclo, com a abertura de novos serviços, conforme pleiteado pela comunidade hospitalar do CHPB, dando continuidade à prestação de serviços de saúde, enquanto uma das unidades da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais”, finaliza Wander.


A manutenção dos serviços ambulatoriais e da internação de curta permanência são algumas das atividades que a unidade entende como pertinentes a esse novo modelo assistencial. O colegiado de servidores do CHPB vem discutindo em diferentes fóruns a possibilidade de implantação de um serviço para atendimento ao idoso e até mesmo um polo regional da Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG).


Instituto Raul Soares


O Instituto Raul Soares (IRS), em Belo Horizonte, também está comprometido com a desinstitucionalização. O trabalho se intensificou no ano de 2015 e envolve a direção hospitalar e as equipes clínicas das unidades de internação, além de uma parceria importante com a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e com a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais.


De acordo com o diretor do IRS, Marco Antônio de Rezende Andrade, é feito um estudo de cada caso contemplando os aspectos clínicos, familiares e sociais do paciente. A partir desse estudo é construído o projeto individual de desospitalização. A execução do projeto envolve intervenções em diferentes campos tais como:


- reabilitação psicossocial do paciente, de forma a possibilitar a sua reinserção na comunidade;
- trabalho com a família (quando existente), visando a reconstrução dos laços entre o paciente e seus familiares;
- resgate dos direitos civis do paciente (regularização de documentos pessoais, obtenção de benefícios previdenciários nos casos em que o paciente preenche os critérios para a concessão dos mesmos, entre outras medidas pertinentes a cada caso);
- encaminhamento de questões judiciais (quando existentes) que possam interferir no processo de desospitalização do paciente;
- inserção do paciente nos equipamentos de saúde da comunidade, de forma a garantir a continuidade do tratamento fora do ambiente hospitalar.


Só em 2016, foram desospitalizados 13 pacientes de longa permanência no Instituto Raul Soares. “O principal impacto positivo da desospitalização é o retorno desses pacientes ao convívio social e o resgate dos seus direitos de cidadania. O processo de desospitalização busca reverter os efeitos deletérios da institucionalização prolongada (tais como a perda dos laços familiares e sociais, por exemplo) dando ao paciente a oportunidade de reconstruir a sua vida, conclui Marco Antônio.