Foto: Divulgação/ACS
Pacientes psiquiátricos se envolvem em oficinas terapêuticas na preparação para o carnaval, uma oportunidade de humanização do atendimento
O espírito alegre do carnaval começa antes dos dias festivos. E a alegria faz bem à saúde, como confirmam, por unanimidade, os especialistas. Em alguns casos, é uma importante ferramenta no tratamento terapêutico, especialmente de pacientes psiquiátricos. Os profissionais das unidades do Complexo de Saúde Mental da Rede Fhemig vêem, nas datas culturais, oportunidades para promoverem intervenções positivas nas terapias utilizadas, produzindo bons resultados.
Antes do carnaval, os pacientes se envolvem na preparação da decoração dos corredores e pátios, na confecção de máscaras e fantasias e, até, em ensaios para desfiles (como no caso de Barbacena). Todo este trabalho é feito em oficinas terapêuticas, supervisionados por terapeutas ocupacionais.
“É importante incentivar o paciente a participar destas oficinas, percebemos melhoras em seu quadro clínico. Trabalhamos com cada caso, até porque o atendimento é individualizado. Eles têm problemas graves, possuem histórias parecidas, com realidades sociais difíceis, mas com pontos muito característicos de cada um”, explica uma das terapeutas ocupacionais do Hospital Galba Velloso, Dalila Ribeiro Alves Villela. Ao lado de Izabella Castellões de Barros Moura Braga e Cecília Melo Neves Xavier, ela coordenou uma atividade coletiva para confecção das máscaras de carnaval que serão usadas nos “bailes” da unidade, nos dias 15 e 16 de fevereiro.
Preparação
No Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, a presidente do bloco “Tirando a Máscara” e técnica de enfermagem, Maria Aparecida Umbelina (conhecida como Cidinha), já aquece os tamborins. Já foram eleitos o Rei Momo e a Rainha do Carnaval do bloco, já tradicional na abertura do carnaval na cidade. Nessa época é montado o Barracão do Samba, onde os pacientes se voltam para a confecção das fantasias e alegorias. A bateria nota 10 é garantida pela escola de samba “Cenário da Alegria”. No ano passado, cerca de duas mil pessoas acompanharam o “Tirando a Máscara” pelas ruas, ao lado de pacientes, familiares e funcionários do CHPB.
No Instituto Raul Soares, a festa acontece no dia 16, às 9 horas da manhã. Além do bom samba, a direção da unidade está providenciando um lanche especial para os pacientes, que estão, eles próprios, confeccionando suas máscaras e ajudando na decoração do espaço. “O Grupo de Humanização e os profissionais do Espaço Terapêutico estão muito animados com a participação dos pacientes”, conta a gerente Telma de Ávila Rodrigues Nunes.
Aquecimento
O Centro Psíquico da Adolescência e Infância (Cepai), unidade referência em psiquiatria infanto-juvenil no Estado, marcou para o dia 15 o seu “baile de carnaval”, para pacientes e acompanhantes. Porém, segundo a gerente Jussara Santos Lopes, as oficinas terapêuticas já vem trabalhando há algum tempo com o tema, explicando o conceito, confeccionando máscaras e outros adereços. “Já estamos aquecendo os tamborins”, brincou.
A programação no Centro Mineiro de Toxicomania, referência no tratamento aos usuários de álcool e outras drogas, ainda não foi fechada. Mas a coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP) e da Humanização, Antonieta Guimarães Bizzotto, diz que a data já é uma tradição da unidade. “Com certeza, vamos fazer algo para mudar a rotina nestes dias”, garante.