Jornada do Centro Mineiro de Toxicomania reuniu especialistas em BH

Jornada do Centro Mineiro de Toxicomania
Foto: Márcia Grazzioti
A política antidrogas requer uma abordagem plural

“O que é mais importante: O direito à saúde ou o direito de ir e vir?” Esse foi um dos questionamentos feitos na XXII Jornada do Centro Mineiro de Toxicomania, realizada em Belo Horizonte nos dias 1º e 2/12.

 

Na abertura do evento, a diretora Raquel Pinheiro destacou a necessidade de que os serviços de saúde saibam respeitar as diretrizes adotadas por cada um deles. Para ela, o evento é uma boa oportunidade para debater a toxicomania e as mudanças recentes na legislação sobre o tema.

A Jornada contou com as presenças do vice-presidente da Fhemig, Ronaldo João da Silva; do presidente do Conselho Estadual Sobre Drogas de Minas Gerais, Aloísio Andrade; da representante da Secretaria Municipal de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte, Márcia Alves, além de vários profissionais da Fhemig e de outras instituições da área da saúde mental, que participaram da ampla reflexão promovida durante o encontro.

Discurso e prática

Para Márcia Alves a Jornada é uma oportunidade para articular iniciativas que consolidem a fundamentação do discurso e da prática, visando a inserção social do paciente em todas as suas capacidades. Em relação à polêmica sobre a criminalização ou não do uso de drogas, Márcia Alves defende que não haja um único modelo de ação. “O espaço do contraditório é fundamental, não há uma perspectiva única para sujeitos diversos”, afirmou.

Em seu pronunciamento Aloísio Andrade lembrou que todas as pessoas estão sujeitas à sofrer influência das drogas. “Não precisamos ser desestruturados para sermos pinçados pelas drogas”, afirmou. Sobre a internação compulsória, disse que o respeito ao livre arbítrio depende do grau de consciência da pessoa, visto que não se pode respeitar o direito de alguém se autodestruir.

“O que se quer com a droga?”

O psicanalista e gerente assistencial do CMT, Oscar Cirino, proferiu a conferência “O que se quer com a droga?”, em que destacou que o bem maior garantido pela Constituição é a vida do ser humano. Segundo ele, o toxicômano não sofre do que não entende, mas das consequências do ato de se drogar, como as dívidas, as perdas e o abandono.

Segregação

Outro assunto citado por Cirino foi o diagnóstico. Para o psicanalista o diagnóstico nunca ocorre sem efeitos, podendo implicar em juízo de valor e gerar como efeito a segregação do indivíduo. O diagnóstico incide na escolha do tipo de serviço ou do programa de tratamento.

A conferência abordou também alguns avanços, como a proliferação dos grupos de mútua ajuda e das comunidades terapêuticas e a criação dos CAPSad, em 2002, colocando os usuários como sujeitos de direitos. Para ele, não se pode esquecer a importância da implicação e responsabilização do sujeito por sua parceria com a droga.