Prestes a completar l5 anos, em agosto, o Museu da Loucura, considerado símbolo do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB), da rede Fhemig, atrai visitantes não só de todos os pontos do Brasil, mas tambem do exterior. Com uma média de 700 visitantes por mês, o museu recebe um grande número de estudantes universitários dos mais variados cursos, com destaque para os de Psicologia, Enfermagem e Serviço Social e também alunos do ensino médio. Desde a sua criação, mais de 93 mil pessoas conheceram o local.
Nos últimos 3 meses, passaram pelo museu turistas dos Estados, Itália, Alemanha e de vários pontos do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Vila Velha e Fortaleza. Também estiveram no museu estudantes de diversas faculdades e universidades, como os de Direito, da Universidade Federal de Minas Gerais e de Piscologia da Faculdade Sant’ana da cidade de Ponta Grossa, no Paraná; Enfermagem da FUPAC, de São João Del Rei; de Psicologia da Faculdade Pitágoras e do curso de Serviço Social da Faculdade Izabela Hendrix, de Belo Horizonte.
O Museu da Loucura foi inaugurado em 16 de agosto de 1996, através de uma parceria entre a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais – Fhemig e a Fundação Municipal de Cultura de Barbacena (Fundac). Está instalado no torreão do hospital construído em 1922.
O museu busca resgatar a história do primeiro hospital psiquiátrico de Minas Gerais, o lendário Hospital Colônia de Barbacena. É um espaço para discussão e reflexão das diretrizes no campo da saúde mental. O acervo do Museu da Loucura reúne textos, fotografias, documentos, equipamentos, objetos e instrumentação cirúrgica que relatam a dramática história do tratamento que era imposto ao portador de sofrimento mental. No espaço existe também, a galeria de arte que oferece oportunidades para exposições de artistas da região e divulgação da grife “Pirô Crio”, composta por trabalhos manuais e de artesanato feito pelos usuários do Centro Hospitalar Psiquiátrico.
Barbacena abrigou o primeiro hospital psiquiátrico de Minas Gerais, já foi conhecida como Cidade dos Loucos e hoje é uma referência nacional da Reforma Psiquiátrica. As gerações mais novas podem ter uma noção do sofrimento que atingia os internos dos hospícios de Barbacena (a cidade chegou a ter sete instituições desse tipo) por meio de uma visita ao Museu da Loucura, nas dependências do Centro Hospitalar Psiquiátrico da cidade.
Trata-se de um pequeno museu, que reúne fotos e objetos que mostram como era o dia a dia dos internos de Barbacena. O último aparelho de eletrochoque usado em um paciente também está lá. Além disso, é possível ver as grades das celas que separavam os internos considerados mais agressivos e uma enorme seringa que era usada para aplicar medicamentos. Segundo a pedagoga Lucimar Pereira, coordenadora do Museu da Loucura, a mesma agulha era usada em todos os pacientes, sem qualquer cuidado com a higiene.
No museu, os visitantes conhecem a história de João Adão, o último a sofrer uma lobotomia no hospital. O procedimento radical, que envolve uma cirurgia cerebral, transformava o homem em um “ser vegetativo”, conta Lucimar. Segundo Edson Brandão, que pesquisa a história da loucura no município, a vida do cidadão de Barbacena era permeada pela presença do hospital, apesar da distância que sempre houve entre a cidade e a instituição. “Eu tinha horror de entrar neste lugar. É uma chaga que a cidade leva, até por certo erro capital que se cometeu: o distanciamento. A cidade sempre esteve muito distante disto aqui. O cidadão barbacenense sente um desconforto em relação ao assunto.”