Festas de fim de Ano e férias, esta combinação pode ser desastrosa quando não são levados em conta cuidados básicos. Isso porque as comemorações que ocorrem nesse período costumam ser acompanhadas da ingestão de uma grande variedade de alimentos que têm o potencial de provocar intoxicações alimentares. Além disso, a maior permanência no ambiente doméstico predispõe as pessoas a envolverem-se em acidentes no próprio lar.
Nesse contexto, as crianças são os alvos preferenciais das bactérias causadoras das intoxicações. Os agentes mais comuns são a Salmonella e o Stafilococus, bactérias responsáveis pela intoxicação bacteriana, principal tipo que acomete meninos e meninas. Originadas no preparo ou pela deterioração dos alimentos, tais como maioneses caseiras e carnes, essas bactérias causam febre alta, diarréias (que podem ou não conter sangue), mal estar e dores musculares.
Outro tipo de intoxicação alimentar é o Botulismo. Embora seja de baixa ocorrência, é de alta letalidade. Ele resulta do desenvolvimento de toxinas bacterianas no interior das embalagens de alimentos conservados incorretamente (em geral, conservas caseiras), sendo que os casos mais graves podem levar ao óbito. Insuficiência respiratória, febre alta e diarreia são os sintomas dessa doença.
Para que haja o correto manuseio dos alimentos durante o período de altas temperaturas, a Sociedade Mineira de Pediatria orienta que sejam tomados os seguintes cuidados:
•Mantenha a temperatura do refrigerador abaixo de 4 graus centigrados.
•Não deixe alimentos degelarem em temperatura ambiente. Melhor descongelar em banho-maria ou no microondas na hora de preparar.
•Mantenha os alimentos na geladeira até o momento do preparo, principalmente as carnes.
•Alimentos que sobrarem das refeições devem ser congelados imediatamente ou desprezados.
•Para as pessoas que procuram as praias para passar o fim de ano ou as férias, a dica é não consumir frutos do mar crus e evitar frituras. No caso de alimentos vendidos por ambulantes ou em barracas na praia deve-se observar a aparência dos produtos e do local onde estão armazenados.
•Lave as esponjas de cozinha com água sanitária.
Segundo a coordenadora da Clínica Pediátrica do Hospital João XXIII, a médica pediatra Eliana de Souza, o congelamento não mata bactérias. “Se as bactérias já estiverem em formação no alimento não adiantará congelar. Assim, a melhor forma de eliminá-las é através do cozimento. No entanto, se for observado que a comida não teve uma armazenagem correta, é melhor não consumir”.
A coordenadora ressalta, ainda, a importância do cuidado na compra de produtos industrializados. “É fundamental observarmos a aparência externa das embalagens dos produtos, que não devem estar amassadas, abertas ou estufadas, pois esses são sinais de que alguma bactéria pode ter tido a chance de se desenvolver no seu interior”.
Outra dica importante, de acordo com a médica, é oferecer, a crianças e idosos, líquidos em quantidade maior que o normal, pois a desidratação afeta as funções cardíaca e respiratória. “As crianças, principalmente, tendem a não gostar de beber água, por isso é interessante oferecer sucos naturais ou mesmo os industrializados, desde que observada a data de validade e que seja feita a limpeza da embalagem antes do consumo do produto” explica.
O uso do protetor solar também adquire o caráter de essencialidade, uma vez que as “crianças a partir de seis meses de idade já devem usá-lo”, orienta Eliana de Souza. Merece especial atenção as orelhas das crianças, uma vez que elas são a parte do corpo que fica mais vulnerável aos raios solares, pontua. Para ampliar, ainda mais, a proteção é recomendado o uso de roupas leves e claras.
A médica Eliane de Souza alerta para o fato de que o período das férias, por ser o período do ano durante o qual as crianças passam mais tempo em casa, exige cuidados que podem prevenir graves acidentes. “Uma casa preparada para as crianças garante a segurança. Importante lembrar também que esses acidentes só ocorrem quando não há a presença de um adulto por perto”, salientou. Desse modo, a fim de garantir a segurança dos pequenos, alguns cuidados básicos devem ser seguidos:
•Não deixe sofás, camas e mesas próximos a janelas, pois as crianças podem subir facilmente.
•Tampe tomadas para evitar choques elétricos.
•Evite colocar toalhas grandes em mesas, pois podem atrair a atenção e serem puxadas.
•Não deixe remédios e brinquedos com partes pequenas ou pilhas ao alcance das crianças, uma vez que eles podem ser engolidos.
•Evite deixar crianças na cozinha e/ou áreas de serviço. Fornos, cabos de panelas, ferros elétricos, tábuas de passar roupas e produtos de limpeza coloridos em embalagens de refrigerantes são locais que normalmente aguçam a curiosidade das crianças.
•No banheiro, deixe a tampa do vaso sanitário abaixada, para evitar afogamentos. Crianças menores não tem controle total do pescoço e podem não conseguir levantar a cabeça sozinhas em caso de um acidente desse tipo.
De todo modo, tais cuidados não se aplicam apenas às crianças, uma vez que pessoas idosas também são suscetíveis a acidentes domésticos e a intoxicações. “A infância e a fase idosa são os dois extremos da vida em que precisamos ter mais cuidados para evitar acidentes. O próprio organismo sofre alterações que deixam esses grupos mais frágeis”, lembra a médica.