Jornada de Atualização Pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II reúne especialistas e estudantes

 

Jornada de Atualização Pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II
Foto: Rosemeire Carvalho
Presidente da Fhemig participa da II Jornada de Atualização Pediátrica do HIJPII

 

Teve início ontem, 17/11, a II Jornada de Atualização Pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II, da Rede Fhemig. O evento marca a comemoração do centenário do primeiro atendimento, realizado em 22 de outubro de 1911, no então Hospital Cícero Ferreira, inaugurado em 04/08/1910. Na abertura da jornada a diretora Helena Maciel contou parte da história do hospital, que em 1982 passou a atender apenas crianças, recebendo a denominação de Centro Geral de Pediatria e, posteriormente, em 2007, recebeu o nome atual.

 

 

"O João Paulo II é um hospital de peso na formação do pediatra e a jornada é um evento importante nessa formação", afirmou a diretora. No hospital são realizadas 90 mil consultas e nove mil internações por ano. A unidade recebe 1000 estagiários/ano em nove áreas da saúde, o que o torna um importante centro de ensino. São oito programas de residência credenciados pelo Conselho Nacional de Residência Médica, sendo dois de pediatria, além de gastroenterologia pediátrica, infectologia pediátrica, pneumologia pediátrica, neurologia pediátrica, neonatologia e medicina intensiva pediátrica.

Influências do ambiente são importantes para herança genética

"A genética determina nosso destino, mas a epigenética pode mudar esse destino para o bem e para o mal". Esse foi o tema da conferência magna proferida, ontem, pelo doutor em pediatra Jayme Murahovschi, membro vitalício da Academia Brasileira de Pediatria, na abertura da Jornada de Atualização Pediátrica do HIJPII. A epigenética é o ramo da ciência que estuda a influência do ambiente e da nossa rotina na manifestação dos genes e na carga genética que deixamos para nossos descendentes. "Se o século XX foi da genética, o século XXI é o da epigenética", afirmou Murahovschi.

De acordo com o pediatra, uma das maiores influências é a dos alimentos, daí a importância do tema para a pediatria, visto que a nutrição nas fases iniciais e mais vulneráveis da vida (da fase intra-uterina até o 5º ano) tem efeitos por toda a vida e pode se transmitir para as próximas gerações. Jayme Murahovschi enfatizou a importância do aleitamento materno para a defesa da criança contra as infecções.

O pediatra lembrou que nas décadas de 1960 e 1970 a taxa de mortalidade infantil no Brasil era de 158 por mil, para uma taxa de natalidade de 5,8 e que hoje esses números caíram para menos de 1,8, a natalidade e 27,5 a mortalidade. "Antes a preocupação era com a mortalidade infantil e hoje mudou para proporcionar uma vida longa e saudável", afirmou o pediatra, destacando a importância de uma dieta equilibrada na prevenção de doenças degenerativas.

Segundo ele, a dieta tradicional brasileira é perfeita do ponto de vista nutricional: a combinação de arroz e feijão com uma carne magra, acompanhados de verduras e legumes. Os grandes vilões são o excesso de gorduras, sal, aditivos químicos e calorias dos alimentos.

Puericultura

Para as crianças um dos perigos é o desmame precoce. A nutrição infantil altera a programação metabólica e pode ter como conseqüência, a longo prazo, obesidade, diabetes e hipertensão, entre outras doenças que além de trazer transtornos para a vida adulta poderão ser deixadas como herança para as próximas gerações. "Estamos resgatando a puericultura que estava em baixa. A nova puericultura enfoca não só a doença, mas a criança como um todo”, afirmou o médico.

Ele enumerou alguns dos problemas da "nova família" que têm forte influência sobre a alimentação das crianças, entre eles o pai ausente, a mãe "super executiva", os pais separados, a “família em mosaico” (os meus, os seus e os nossos filhos) e o que chamou de "terceirização das crianças", criadas por babás, creches e escolinhas.