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Última atualização em Sexta, 07 Maio 2010 15:19
Fotos: Ilda Nogueira
Mães passam o primeiro Dia das Mães com os filhos
A dona de casa Elizabeth de Almeida de Souza vai ganhar o maior dos presentes neste domingo, 9 de maio: vai passar o Dia das Mães em casa com a sua filha Ana Clara, de um ano e nove meses. A menina, que ficou internada durante um ano e quatro meses no Hospital Infantil João Paulo II, da Rede Fhemig, agora faz parte do Programa de Assistência Domiciliar do hospital.
Ana Clara foi o primeiro caso em Minas Gerais de Amiatrofia Espinhal do Tipo I (forma mais grave de uma doença genética que se caracteriza pela degeneração muscular).
Implementado em 2000, o Programa de Assistência Domiciliar segue o modelo francês que transfere para casa crianças internadas instáveis e que necessitam ser monitoradas de perto por uma equipe multiprofissional.
"Minha vida mudou, agora tenho mais tranquilidade e condições de dar mais atenção à minha filha. Ela ficou mais alegre com o convívio da família e especialmente do irmão que antes ficava na casa da minha irmã", comemorou Elizabeth. Ela conta que durante o tempo de internação tudo o que ela queria era que a filha ficasse em casa, mas o local não oferecia condições apropriadas para que ela tivesse o acompanhamento médico condizente ao do hospital.
A mãe da criança então se empenhou e mobilizou toda a comunidade na construção de uma nova casa. "Fizemos uma feijoada beneficente em um colégio, uma quadrilha, campanhas nas igrejas, supermercados, etc. Recebemos ajuda de uma loja de materiais de construção e a casa foi construída com a ajuda de um mutirão. Em pouco tempo a casa estava pronta para receber Ana Clara", explica Elizabeth, que afirma que faria o dobro para receber a filha em casa.
Mães dedicadas
A chegada de uma criança em casa traz alegria e tranquilidade para a família
Segundo a assistente social da Fhemig, Vera Lucia Anastácio, as mães que participam do programa se empenham e fazem de tudo para melhorar a qualidade de vida de seus filhos. Vera se emociona ao descrever o amor e a dedicação de cada mãe do Atendimento Domiciliar.
Ana Clara foi o primeiro caso em Minas Gerais de Amiatrofia Espinhal do Tipo I que recebeu o atendimento em casa através do Programa Ventilar. "Minha filha teve maior qualidade de vida, não teve nenhuma intercorrência, melhorou o movimento dos braços, e agora sorri mais. Além disso, meu filho ficou mais feliz por ter a irmã perto dele e a vinda de Ana uniu toda família. Isso significa muito para minha vida", afirma a mãe. Depois do sucesso no caso de Ana outras crianças com amiatrofia do mesmo tipo foram transferidas para o Atendimento Domiciliar.
Milene Alexandre Cruz, mãe de Ana Flávia de 10 anos, que sofreu uma paralisia cerebral e recebe em casa o cuidado da equipe do Hospital Infantil João Paulo II, considera os profissionais como se fosse de sua família. "O atendimento é maravilhoso, temos toda a assistência que precisamos", afirma Milene. "O cuidado em casa facilita o convívio com os irmãos e com o pai. Fico mais aliviada por tê-la em casa. Ela é tudo na minha vida, meu anjo da guarda", declara com orgulho a mãe.
Mais de 500 crianças assistidas
Nesses nove anos de funcionamento já foram assistidas cerca de 500 crianças. Para cada criança atendida em casa são liberados leitos para cerca de 14 pacientes instáveis – considerando a média de 5,2 dias de internação, explica Helena Maciel, diretora do HIJPII. Foram mais de 37 mil dias de internação salvos, liberando leitos para cerca de 5.300 crianças.
Criança a caminho de casa: um momento inesquecível
Nos últimos anos, o programa tem conseguido transferir crianças diretamente do CTI para o domicílio, uma delas internada por mais de três anos. "O custo do atendimento domiciliar representa 12% do custo do paciente internado no CTI e 35% do custo de uma enfermaria comum. Além da humanização da assistência, o Programa gera uma considerável economia para o sistema e a otimização dos leitos hospitalares", analisa a diretora.
O atendimento domiciliar possibilita a alta nos casos de melhora do quadro e a criança passa a ser acompanhada pela Rede do SUS, porém, antes da alta, a equipe do programa se empenha para deixar a criança já encaminhada com a segurança de que ela terá o atendimento garantido.