Fhemig estimula reflexão sobre racismo no mês da Consciência Negra

 

 

De acordo com último Censo Demográfico, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 50,7% da população brasileira se declara como preta ou parda. Em Minas Gerais, esse percentual é de 53,5%. Apesar do número expressivo, os negros ainda são alvo de constantes situações de preconceito no país e enfrentam até hoje, séculos após o período colonial, a desigualdade de oportunidades. No mês da Consciência Negra, celebrada oficialmente no dia 20 de novembro, a Fhemig convida a refletir sobre o assunto.

 

 

Para a assessora da Diretoria de Gestão de Pessoas (Digepe), Valéria Coelho, a data é de grande importância e já contribuiu para avanços significativos na educação e na saúde. “É uma oportunidade de dizermos que fazemos parte deste país. Somos descendentes de africanos, mas nascemos aqui, somos brasileiros e queremos ter os mesmos direitos. Não somos menos que ninguém. Por isso, é tão importante termos uma data em que falem de nós, negros. A história não fala como deveria, o país não fala e, quando fala, é sempre de forma inferiorizada. Precisamos pontuar nossas desigualdades e propor políticas públicas, lutar pelo nosso bem-estar social”, afirma.

E ainda há um longo caminho a percorrer em busca do respeito e da igualdade entre as raças. Em relação ao ensino no Brasil, O Censo Demográfico de 2010 apontou a grande diferença que existe no acesso a níveis de ensino pela população negra. No grupo de pessoas de 15 a 24 anos que frequentava o nível superior, 31,1% dos estudantes eram brancos, enquanto apenas 12,8% eram pretos e 13,4% pardos. Já a taxa de analfabetismo, enquanto para o total da população é de 9,6%, entre os brancos é de 5,9%, entre pardos 13%, e entre pretos o total sobe para 14,4%. E não para por aí, de acordo com os dados divulgados na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), em 2015, os trabalhadores negros ganharam, em média, apenas 59,2% do rendimento dos brancos.

Ainda para Valéria, há muito ainda a ser conquistado. “Precisamos ter mais visibilidade, entender e participar do processo político e democrático brasileiro, independentemente do cargo. Precisamos vencer no campo religioso, de forma que nossa fé deixe de ser vista como folclore e seja respeitada como algo sagrado, assim como acontece em relação a outras religiões. Nossa cultura deve ser mais respeitada. Uma peruca de cabelo black power, por exemplo, não deveria servir de fantasia no carnaval. O cabelo é nossa identidade. Acima de tudo, a nossa maior luta é pelo respeito”.

Denise Antônia de Paulo, diretora de Gestão de Pessoas da Fhemig, ressalta a importância do assunto também ser discutido dentro da instituição. “A Fhemig tem um grande número de servidores, com grande diversidade entre eles. É preciso aprendermos a respeitar as pessoas como elas são. Precisamos parar para refletirmos sobre os nossos conceitos, nosso comportamento. O racismo está estruturalmente na sociedade, devido ao processo de escravização, inclusive dentro das instituições. Por isso, precisamos de ações afirmativas, pois elas significam que esse povo é tão reconhecido quanto os outros”, conclui.

Zumbi de Palmares

Um dos quilombos mais conhecidos da história brasileira foi Palmares, instalado na serra da Barriga, atual região de Alagoas. O local era comandado por Zumbi, conhecido como um dos grandes líderes da história do Brasil, que defendeu Palmares na luta contra os soldados portugueses e até hoje é considerado pelos negros um herói, símbolo da resistência e da luta contra a escravidão, a liberdade de culto, a religião e a prática da cultura africana no Brasil Colonial. Em 20 de novembro de 1695, depois de ser traído por um companheiro, Zumbi foi preso pelas tropas portuguesas, morto e esquartejado. Comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro, a data foi incluída em 2003 no calendário escolar nacional. Contudo, somente a Lei 12.519 de 2011 instituiu oficialmente a data como o Dia da Consciência Negra, atualmente feriado em mais de mil municípios brasileiros.