Desde 1999, o dia 25 de novembro foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher. A data ficou conhecida mundialmente por conta do ato de violência cometido contra as irmãs Mirabal: Pátria, Minerva, e Maria Teresa - ativistas políticas na República Dominicana, que foram assassinadas a mando do ditador Rafael Trujillo em 25 de novembro de 1960.
O Brasil é o quinto país do mundo em número de assassinatos de mulheres, segundo o Mapa da Violência de 2015. Além dos homicídios, as mulheres estão sujeitas a outros tipos de violência no seu cotidiano: sexual, física, psicológica e moral. O Banco Mundial estima que, em média, um em cada cinco dias de absenteísmo do trabalho feminino decorre de violência. “As mulheres agredidas tendem a ser menos produtivas. Além disso, apresentam dificuldade de se relacionar e desenvolvem baixa autoestima. Estão também mais propensas à depressão, ao estresse e a enfermidades crônicas”, explica o diretor da Maternidade Odete Valadares (MOV), Francisco Viana.
16 dias de ativismo
Teve início no último domingo (20) a campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”, da ONU. O tema deste ano é “Machismo. Já passou da hora. #podeparar”. A campanha ocorre há 25 anos e mobiliza cerca de 130 países.
De acordo com o ‘Dossiê Feminicídio’ elaborado pela Agência Patrícia Galvão, entre as razões de desigualdade de gênero na prática das mortes violentas das mulheres estão: sentimento de posse sobre a mulher; controle sobre o corpo, desejo, autonomia da mulher; limitação da emancipação profissional, econômica, social ou intelectual da mulher; tratamento da mulher como objeto sexual e manifestação de desprezo pela mulher e o feminino. (Fonte: Diretrizes Nacionais Feminicídio/2016)
A Maternidade Odete Valadares (MOV) e o Hospital Júlia Kubitschek (HJK) – juntamente com o Hospital das Clínicas e Odilon Behrens – integram uma rede de referência para atendimento a pessoas em situação de violência sexual. A rede de referência vai acolher o paciente, oferecendo todo o suporte assistencial necessário, e encaminhar os vestígios para exame genético no Instituto de Criminalística do Instituto de Medicina Legal (IML). Tal conduta elimina a necessidade de que vítima repita o mesmo depoimento na delegacia, na unidade de saúde e no IML e reviva as lembranças da violência sofrida.
Sobre a violência sexual, o ginecologista e obstetra da MOV, Ramon Luiz Braga Dias Moreira, afirma que a subnotificação de casos ainda é um grande empecilho para se entender a real dimensão do problema. Isso porque muitas mulheres que passam por tal situação sentem medo e vergonha de denunciar. “Uma em cada quatro mulheres no Brasil sofre violência sexual. De acordo com o anuário brasileiro de segurança pública, em 2013, foram registrados cerca de 50 mil estupros no Brasil. E considerando que a notificação dos casos fica em torno de 10%, podemos inferir que o número de estupros tenha chegado próximo ao de meio milhão”, conclui o médico.
“Antigamente, a mulher tinha que passar pela delegacia, passar pelo IML e só depois era encaminhada a uma unidade de saúde. Além de desencorajar a denúncia, uma vez que a decisão de fazer o boletim de ocorrência poderia representar uma ameaça à vida da pessoa violentada, tal procedimento ainda impedia que a mulher recebesse toda a profilaxia necessária para DST’s e gestação indesejada em tempo hábil”, explica Ramon.
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