Com o aumento das chuvas, comum no mês de novembro, deve-se ter atenção redobrada com animais peçonhentos, como o escorpião, que durante esta época procuram lugares úmidos e escuros para se abrigar, fugindo das enchentes e alagamentos. O Hospital João XXIII é referência no atendimento a vítimas de ataques de escorpião em Minas Gerais e pesquisas na área, e é comum que os casos mais graves sejam de crianças e idosos – as primeiras, pela maturação do seu sistema imunológico, e os últimos, pela diminuição das funções cardíaca e pulmonar, que são sistemas acometidos pelo veneno do animal. No entanto, os médicos do CIAT-BH têm observado também a entrada de jovens adultos graves: foram quatro casos só nos últimos meses.
Para a médica do CIAT – BH Patrícia Drumond, existem causas possíveis para que isto esteja ocorrendo, mas não se pode afirmar ainda ao certo. Segunda ela, estes jovens podem ter algum problema de saúde desconhecido, como de coração, por exemplo. Outros motivos poderiam ser alterações no veneno dos animais, por causa de um processo evolutivo, uma mudança na oferta de alimento ou a inserção de outra espécie no meio em que vivem, levando a trocas genéticas. “Esta é uma estatística que, no momento, serve apenas como alerta. Só conseguiremos ter certeza de que não foi uma casualidade após estudos”, explica Patrícia.
Somente até 27 de outubro, foram feitos no HJXXIII 1575 atendimentos a vítimas de picada de escorpião, sendo 380 por telefone e 1196 presenciais. Em 2015, durante todo o ano, foram realizados 1662 atendimentos.
Prevenção
Entre os esconderijos preferidos do escorpião, estão entulhos, depósitos de lixo, e materiais de construção. É preciso também sempre verificar as toalhas, sapatos, roupas de cama, móveis com frestas principalmente à noite, quando o animal é mais ativo. “Não existe um lugar mais perigoso na cidade, todas as regiões estão susceptíveis ao aparecimento de escorpiões”, afirma a médica. Também é importante manter o jardim ou quintal limpos, e manter o lixo bem fechado.
Atendimento
Em caso de acidente, deve-se buscar a unidade de soroterapia mais próxima do local do ataque. Caso haja necessidade, será feito o encaminhamento para o Hospital João XXIII. É importante evitar a automedicação -no máximo pode-se lavar o local do ferimento - e caso seja possível, levar o escorpião causador do ataque, para facilitar o trabalho dos médicos do ponto de vista epidemiológico.