Diretor do Cepai explica mudanças no atendimento da unidade

 

Foto: Michele Toledo

 

 

Realizar uma maior aproximação da Rede SUS: este é o atual objetivo da gestão iniciada este ano no Centro Psíquico da Adolescência e Infância (Cepai), pelo diretor Fernando Libânio.  Desde que assumiu a diretoria da unidade, o médico pediatra e especialista em medicina do adolescente busca, junto à equipe multiprofissional do local, realizar um trabalho integrado com os municípios do interior de Minas. “Houve um alinhamento com as Coordenações de Saúde Mental da SES –MG e da PBH  para facilitar o encaminhamento dos usuários para seu território, o que representa a lógica do SUS e do processo de desospitalização”, explica Libânio.

 

Para que esta devolução seja feita de forma responsável e compartilhada, os profissionais do Cepai estão trabalhando ativamente na articulação de uma rede que esteja preparada para receber estes usuários, considerando que a estrutura do interior é inferior à da capital. “Estamos unindo nossa expertise ao apoio da SES, que visita a unidade periodicamente para nos ajudar com as transferências. Nosso desejo é que o usuário não necessite retornar. Está sendo um grande aprendizado para toda a equipe”, avalia o diretor. Mesmo após o encaminhamento do jovem, o Cepai se mantém na retaguarda para atendimento.

Outra meta a ser alcançada é a elaboração de um projeto singular do caso clinico desde o momento em que o paciente é atendido no Cepai pela primeira vez, até a sua alta, tornando o usuário conhecido em seu território. “Muitas vezes o paciente encerra seu tratamento no Cepai, por ter atingido a idade máxima para atendimento (19 anos), e quando retorna para seu município, as autoridades locais de saúde não conhecem sua situação”, exemplifica o pediatra.

Para 2017, em parceria com a SES, o Cepai pretende usar um sistema de videoconferência para auxiliar na capacitação de profissionais do interior, tirar dúvidas e resolver alguns casos clínicos, antes de serem levados à unidade. “Estamos desenvolvendo esta estratégia. A Fhemig tem uma boa tecnologia, que pode ser utilizada de maneira mais interessante na clínica de saúde mental”.

 

Foto:Anni Sieglitz
Fernando Libânio, diretor do Cepai

 

Internação x Permanência - Dia

Buscando incentivar a continuação do tratamento no território do usuário, tem-se tentado reduzir gradativamente o tempo de internação do usuário, cuja média hoje é de 10 a 12 dias. Segundo Fernando, no caso dos usuários de BH, por eles estarem mais próximos, o que facilita o seu acompanhamento, é possível reduzir ainda mais a permanência, que pode chegar a menos de 10 dias.  Um fator que pode adiar a alta da internação é a alta vulnerabilidade do usuário em alguns casos - uma particularidade da pediatria - situação em que se espera um pouco mais de estabilização do medicamento usado no tratamento. Hoje, o Cepai conta com 12 leitos de internação.

Uma alternativa que tem sido oferecida aos usuários da capital desde o primeiro semestre é a permanência dia, em casos nos quais não se necessita de internação, ou em que se está recebendo alta, mas uma observação mais cuidadosa ainda é necessária. Por meio desta modalidade, caso o atendimento no ambulatório não seja suficiente, o usuário pode passar o dia na instituição, sendo devidamente acompanhado, podendo dormir em casa e voltar durante a semana, conforme o plano terapêutico determinado pela equipe. “A equipe profissional que realiza o atendimento é a mesma da internação, o espaço físico usado e as atividades realizadas são as mesmas”, ressalta Libânio, que acredita que a permanência-dia seja também um instrumento para antecipar problemas mais graves. “Quando mais forte a rede de saúde mental, mais rapidamente é possível identificar uma crise e evitar uma futura internação”.

De acordo com o diretor, os leitos de internação continuam sendo importantes para ocorrências em que a criança ou adolescente esteja completamente desorganizado psiquicamente, seja pertencente a famílias muito vulneráveis, ou que coloque em risco a sua própria vida ou a do outro. “Quando o jovem possui uma boa estrutura familiar, o adolescente certamente tem mais chances de apresentar uma resposta mais favorável ao tratamento ”.