Segundo informações do Ministério da Saúde, as causas externas (intencionais ou não) são a principal causa de morte em crianças e adolescentes de 01 a 14 anos, levando a gastos de até R$ 80 milhões pelo SUS. Suas consequências, quando não o óbito, variam de períodos de observação hospitalar, com transtornos transitórios à rotina de um grupo familiar, a sequelas altamente limitantes à qualidade de vida e às potencialidades da criança.
A quem cabe a responsabilidade da prevenção?
O pediatra André Gonçalves Marino comenta que responsabilizar os pais e cuidadores quando ocorre um acidente é simples. Porém, é necessário enfatizar que a responsabilidade nesta prevenção é da sociedade, tendo em vista que a criança é o seu bem maior. “Na realidade, todos devem ser agentes de prevenção, incluindo as equipes de educação nas escolas e as de saúde e, particularmente, chamamos a atenção dos colegas pediatras: prevenção de acidentes é parte fundamental da promoção de saúde da criança. Jamais podemos esquecê-lo”.
Ele explica que os tipos e frequência de determinadas categorias de acidentes se distribuem entre as faixas etárias da infância, por seguirem os marcos do desenvolvimento neuropsicomotor. Ao avaliar a criança, cabe ao profissional de saúde, imediatamente, já conduzir a atenção dos pais para os possíveis acidentes relacionados, marcando, pontualmente, os fatores ambientais que podem ser controlados de forma a evitar essas ocorrências perniciosas.
Como prevenir acidentes
As quedas, no Hospital João XXIII, são as principais causas de atendimento em crianças. Sua gravidade se relaciona com a altura, mecanismo de queda e regiões do corpo afetadas pelo trauma. André alerta que o acesso a escadas, varandas e terraços deve ser evitado. As janelas devem ser gradeadas e com tela de proteção. Os “andadores”, dispositivos já contraindicados pelo risco de queda, devem ser banidos. As crianças maiores devem ter suas brincadeiras monitoradas, principalmente aquelas com “gosto pela altura”, de modo a evitar, por exemplo, quedas de árvores.
Segundo o pediatra, os momentos de banho dos bebês são de grande importância: a preparação da água do banho sempre deverá ser realizada longe da criança, para evitar os acidentes com água quente, escaldaduras e os afogamentos. Em um minuto de distração como, por exemplo, ao sair para atender um telefonema, uma lâmina rasa d’água pode ser suficiente para causar o afogamento de um bebê de dois, três meses de vida. As piscinas em casas sempre devem ser cercadas, trancadas e contarem com rede protetora.
Produtos de limpeza e medicação
Os produtos de limpeza e medicações devem ser mantidos em uma altura inalcançável para os pequenos. “Apenas esconder não é o suficiente, como muitos cuidadores pensam. A curiosidade e tenacidade infantil facilmente ultrapassam os obstáculos, e, portanto, esses produtos do cotidiano sempre devem estar em armários trancados com chave. Ao preparar uma medicação, para febre, por exemplo, o frasco deve ser mantido em outro cômodo, pois, em um minuto de descuido, todo o vidro pode ser bebido pela criança, levando a intoxicações graves”, ressaltou.
Trânsito
As informações sobre legislação e dispositivos para transporte em automóveis devem ser de conhecimento dos pais ou responsáveis pelas crianças, orientando no ajuste das “cadeirinhas” para cada idade e altura. Segundo o pediatra, pequenos gestos, como dar a mão ao atravessar a rua, podem reservar às famílias distância das consequências nefastas de um atropelamento.
André Marinho disse que conhecer a criança, seus marcos de desenvolvimento e os principais acidentes em cada idade é fundamental para preparar o ambiente em que a criança cresce livre de fatores que a possam colocar em risco. “A prática diária dessa vigilância pode e, de fato, possibilita, que tenhamos, cada vez menos, que lidar com os transtornos dos acidentes e presentear, de forma segura, a infância com o que ela tem de melhor: sua espontaneidade”, ressaltou
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