Época de calor intenso e período de férias escolares, o verão, que começa amanhã, dia 22 de dezembro, é também sinônimo de sol, praia e piscina. Porém, é uma estação propensa para a disseminação de infecções que podem acabar estragando a diversão das famílias.
Segundo o diretor do Hospital Infantil João Paulo II, o pediatra Luís Fernando Andrade de Carvalho, neste período do ano surgem as mazelas típicas da temporada, que acometem as pessoas por diferentes motivos. Apesar de distintas, todas têm a necessidade de atenção e cuidados básicos, para evitar que doenças simples se tornem graves problemas de saúde e até levem à morte. As vítimas são, em sua maioria, as crianças, que são mais frágeis e suscetíveis a contaminações, e por isso, é importante ficar atento principalmente com a higiene das mãos e ao consumo de alimentos.
Dengue e leishmaniose são alguns dos males que têm maior incidência no verão, e são causados basicamente pela proliferação do vetor causador das doenças, facilitada pelo calor e umidade próprios da estação. “Para evitar as maiores consequências destes surtos, é preciso estar atento à limpeza de lotes, quintais e a pontos de água parada, que são os principais focos dos vetores”, orienta o pediatra Luís Fernando.
O mosquito aedes aegypti, causador da dengue, é também responsável pela transmissão da febre chikungunya e pela ZIka, doença cujo número de casos cresce de forma significante no Brasil, e pode aumentar ainda mais com as chuvas de verão. Com sintomas similares aos da dengue, como febre alta, mal-estar e dores nos músculos, ossos e articulações, a doença começa a se manifestar três a sete dias depois de o paciente ser picado.
Dermatites também são comuns nesta época. Micoses, por exemplo, são causadas por fungos que se espalham na pele, causando irritação e coceira, e podem ser transmitidos pela areia ou em torno da piscina. Para evitar, é importante secar bem o corpo depois de sair do banho, principalmente virilhas e pés. Já brotoejas ocorrem pelo uso de roupas pesadas, quando neste momento devem ser priorizadas vestimentas mais leves: “com as temperaturas mais elevadas, a pele deve transpirar, e quando a roupa não permite isso, ocorre uma obstrução das glândulas sudoríparas, causando estas bolhas na derme”, explica o pediatra.
Luís Fernando alerta para a importância de evitar os horários mais quentes (entre 10h às 16h) para tomar sol: queimaduras na pele e outras lesões podem ocorrer com a exposição excessiva aos raios ultravioletas, além de desidratação, pelo excesso de suor do corpo. “No verão, é preciso manter a hidratação constante. Boné e protetor solar são fundamentais”, avisa.
Nas férias, as pessoas acabam se alimentando mais fora de casa, durante viagens ou ao passearem com as crianças, e muitas vezes a comida ingerida não é a ideal para a circunstância. “No tempo quente, tente consumir mais produtos in natura, e menos alimentos processados, como salsicha e linguiça”, sugere o pediatra. É primordial se atentar à refrigeração dos mantimentos, para impedir a contaminação por bactérias como a Salmonela, produtora de toxinas que pode contaminar alimentos como maioneses caseiras, sanduíches e lanches armazenados de forma inapropriada, e assim causar vômitos e diarréias.
Independente dos sintomas que a pessoa venha a apresentar, é sempre indicado procurar a ajuda de um médico, já que as moléstias se manifestam de maneiras individualizadas nos pacientes. “Pode-se, antes disso, observar se a pessoa está com diurese suficiente, pois caso contrário, pode estar desidratada. Automedicação também não deve ser realizada, mantendo apenas a hidratação com água ou soro”, afirma o médico.