Governador do Acre participa de seminário estadual das casas de saúde da Fhemig

Tião Viana foi o patrono da Lei 11520/2007, que instituiu pensão indenizatória às pessoas atingidas pela hanseníase e que foram submetidas a isolamento e internação compulsória em hospitais-colônia

A Fhemig realizará nos dias 22 e 23 de outubro, de 8h às 17h, na  Casa de Saúde  Santa Izabel , em Betim, o seminário “Fhemig-Casas de Saúde - Reflexões sobre uma nova abordagem”, em que debaterá uma nova linha de cuidado e uso social da terra”.  Na manhã do dia 23, sexta-feira, o governador do Acre, Tião Viana, abordará o tema “Hanseníase no Brasil”. Na ocasião, moradores das ex-colônias de Betim, Bambuí, Três Corações e Ubá, beneficiários da Lei Tião Viana, farão relatos sobre  as consequências e impactos na qualidade de vida após o recebimento do benefício.

Segundo Cordovil Neves de Souza, do grupo assessor da presidência da Fhemig,Tião Viana, que é médico infectologista, acompanhou por longos anos pacientes atingidos pela hanseníase no Hospital Colônia Souza Araújo, no Rio Branco, Acre, dentre eles, Francisco Augusto Vieira Nunes, o Bacurau, que em 1981 fundou o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). Por esta proximidade, Tião Viana conhece de perto não apenas os impactos físicos, mas também os sociais que marcam os pacientes e ex-pacientes acometidos pela doença. “O beneficio concedido pelo Governo Federal é o reconhecimento e a reparação de um erro do Estado Brasileiro que permitiu que pessoas portadoras de uma doença potencialmente curável fossem submetidas a um regime de segregação física, social, psicológica e moral”, disse Cordovil.

Visita à Casa de Saúde Santa Izabel

Cordovil conta que os acometidos pela hanseníase em Minas Gerais nutrem um carinho especial pelo governador Tião Viana. Em março de 2007, quando exercia o cargo de senador e já lutava pela aprovação da lei, atendeu ao pedido da comunidade e visitou Santa Izabel. Foi o primeiro ocupante de tal posto a visitar uma colônia mineira e foi recebido calorosamente por cerca de 1 mil 500 pessoas. No final do mesmo ano, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou o projeto em medida provisória, que foi imediatamente aprovada. Em Minas Gerais, os beneficiários a apelidaram carinhosamente como “Lei Tião Viana”.


Depoimentos

“A situação em que vivíamos era muito precária, não tínhamos dinheiro suficiente nem para alguns remédios que nos eram receitados. A Lei Tião Viana foi excelente, deveria ser chamada de ‘lei áurea do século XXI’, pois representa para os hansenianos o que aquela representou para os escravos. Esta lei e outras conquistas é fruto de muitos anos de luta do Morhan e somos imensamente gratos ao senador Tião Viana pela sensibilidade com a nossa causa.” José André Vicente – Morador da Casa de Saúde Santa Izabel (Betim).

“Essa lei surgiu do desejo de um bravo lutador e fundador do Morhan, o Bacurau, que era muito amigo do seu médico Tião Viana, que anos mais tarde alcançou junto ao Governo Lula esta inestimável conquista. A comunidade hoje se sente mais feliz, com a autoestima levantada”. José Augusto da Silva ( Zezão), morador da Casa de Saúde São Francisco de Assis (Bambuí).

“Cheguei em Santa Izabel em 1952 depois de ficar fechado em um quarto durante dez dias para ninguém ficar sabendo da minha doença. A discriminação naquela época era terrível. Se a sociedade soubesse que alguém da família estava doente, estavam todos arrasados. O doente perdia até o direito à cidadania. Se não tivesse um pouco de fé, morria, pois ao ser acometido pela doença, não tinha sentido continuar vivendo.  A Lei Tião Viana é muito boa, recebemos de muito bom grado e agradecendo a Deus, pois certamente foi Ele que iluminou a cabeça do Tião Viana para tomar a atitude de indenizar essas criaturas sofridas.”  Paulo Luiz Domingues – Morador da Casa de Saúde Santa Izabel (Betim).

“Na minha concepção, a Lei Tião Viana é como se fosse uma carta de alforria. Apesar de ela não nos libertar do preconceito, ela nos mostra, na prática, que o governo brasileiro reconhece que fomos sacrificados com os internamentos compulsórios nas colônias. Essa situação nos tornou exilados dentro do nosso próprio país, nos tirando toda a liberdade e fazendo com que os nossos direitos humanos fossem vilipendiados”. Cristiano Cláudio Torres – Vice coordenador do Morhan.

“A Lei Tião Viana foi uma vitória sem precedente, uma conquista histórica dos hansenianos, pois veio dar dignidade a essas pessoas. Eu sou uma das beneficiárias e tenho clareza de que quando se fala em exercer a cidadania tem que ser com um salário digno, e essas pessoas que não tiveram condições de entrar no mercado de trabalho foram justamente beneficiadas”. Valdenora da Cruz Rodrigues – Membro da Executiva Nacional do MORHAN.

“Queremos homenageá-lo pela Lei Federal que concedeu indenização às pessoas internadas compulsoriamente em colônias. Uma lei que combate o preconceito, que resgata a dignidade dessas pessoas, que traz justiça! Queremos homenagear aquele que homenageou a nossa luta contra o preconceito”. Adilson Aparecido de Souza -  membro do Morhan de Betim.

“Minas Gerais se alegra em receber esta ilustre visita que ainda fará uma palestra relacionadas a novos horizontes no cuidado às pessoas atingidas pela hanseníase”. Eni Carajá Filho – coordenador do Morhan MG.

 

 


Tião Viana foi senador  da República pelo Estado do Acre por duas vezes (em 1988 e em 2006).

Eleito governado do Acre em 2010 e reeleito em 2014