Nos dias 22 e 23 de outubro, quinta e sexta-feira respectivamente, será realizado o seminário “Fhemig-Casas de Saúde - Reflexões sobre uma nova Abordagem” na Casa de Saúde Santa Izabel, em Betim. O governador do Acre, Tião Viana, um dos criadores da lei 11520/2007, que instituiu pensão indenizatória para portadores de hanseníase submetidos à internação e isolamento compulsório, será o palestrante principal, no dia 23.
Durante o evento, que contará com a presença de especialistas, autoridades locais e gestores da saúde, serão debatidos dois temas: a linha de cuidado e o uso social das terras nas Casas de Saúde da Fhemig(Santa Izabel, Santa Fé, Padre Damião, e São Francisco de Assis).
As casas de saúde são antigos leprosários criados seguindo a política de segregação social dos pacientes hansenianos, criada pelo Decreto 16.300, de 1923. Em Minas foram cinco: Sanatório Santa Izabel, em Betim, fundada em 23 de dezembro de 1931; Sanatório Santa Fé, em Três Corações, fundada em 12 de maio de 1942; Sanatório São Francisco de Assis, em Bambuí, fundada em 23 de março de 1943; Sanatório Cristiano Machado em Sabará, fundado em 1944 e Sanatório Padre Damião, em Ubá, fundada em 1945.
Quando de sua criação, estas unidades eram exclusivamente sanatórios de hanseníase com o objetivo de atender e isolar pacientes de todas as regiões de Minas Gerais e de outros estados. A internação compulsória e a rigidez de seu controle, com agravantes de exclusão social, foi a tônica da história dos sanatórios. Pessoas acometidas pelo mal de Hansen eram compulsoriamente internadas, os filhos separados de pais enfermos e cuidados em preventórios. Muitos foram dados para a adoção e até mesmo vendidos, segundo relatos da época.
Estas casas de saúde mudaram o perfil de atendimento e se transformaram em centros de reabilitação e cuidado ao idoso, além de oferecer atendimento à população em geral em diversas especialidades médicas. A Fhemig tem nas suas quatro casas de saúde 471 pacientes institucionalizados, dos quais 439 são ex-hansenianos que foram internados compulsoriamente. Atualmente, 155 pessoas moram em estruturas hospitalares como pavilhões, enfermarias e lares abrigados, e 316 são residentes nas vilas e bairros que se formaram ao redor da área hospitalar ao longo dos anos.
No Brasil são registrados cerca de 30 mil novos casos de hanseníase por ano. Segundo informações do Ministério da Saúde, a hanseníase é uma doença endêmica no país em decréscimo desde 2003. A porcentagem de cura nos dois últimos anos foi de 83,4% e 84%, respectivamente.