Fhemig participa da Semana Nacional do Trânsito

 


Foto: Carlos Alberto Pereira

A imprudência e a falta de respeito à legislação são as principais causas destes acidentes que matam e deixam inválidas centenas de pessoas. Pensando nisso, a Fhemig está participando da Semana Nacional do Trânsito, que tem como tema este ano “Seja Você a Mudança no Trânsito”. A ação acontece entre os dias 17 e 22 de setembro, no campus de Saúde da UFMG, localizado na Avenida Alfredo Balena. O objetivo é incentivar comportamentos mais responsáveis de motoristas, pedestres, ciclistas e motociclistas.

“Existe uma guerra por espaço no trânsito e é necessária uma postura mais amigável entre os motoristas de veículos, motociclistas, pedestres e ciclistas”, disse o médico clínico geral e coordenador de plantão no Hospital João XXIII (HJXXIII), Marcelo Lopes Ribeiro.

Somente de janeiro a agosto deste ano, 8.568 pessoas já deram entrada no hospital vítimas de acidentes de trânsito, sendo que, destas, 156 morreram e outras dezenas ficaram com sequelas graves. Do total, 2.476 estavam em veículos (carros, ônibus, caminhões ou veículos especiais), 4.415 eram motociclistas, 1.398 pedestres e 276 ciclistas.

Marcelo Lopes alerta para a incidência cada vez maior de acidentes envolvendo ciclistas: de janeiro a agosto deste ano, 276 deram entrada no HPS, sendo que no mesmo período de 2014 foram 204; 2013, 203 pessoas; e 2012, 200.

Segundo o coordenador de emergências do HJXXIII, Rômulo Souki, as pessoas chegam à unidade com diversas lesões e mobilizam uma equipe multidisciplinar, composta por médicos de mais de uma especialidade, enfermeiros e técnicos de enfermagem, fisioterapeuta, assistente social, entre outros profissionais.


Motociclistas


Marcelo Lopes Ribeiro cita os diversos tipos de lesões causadas por acidentes com motocicletas. “As vítimas chegam com traumatismo cranioencefálico (TCE), traumatismo raquimedular (TRM), traumas tóraco-abdominais, politraumatismo e, o mais comum, que são os traumas de extremidades, com fraturas expostas e/ou lesões de tendões, as quais acarretam, muitas vezes, diversos procedimentos cirúrgicos e complicações do trauma”.


O médico alerta que estas lesões podem levar as vítimas ao Centro de Tratamento Intensivo (CTI), e o quadro de algumas acaba se agravando, muitas vezes por insuficiência renal. Muitos pacientes também têm uma grande perda sanguínea, que leva à necessidade de hemotransfusões, as quais são cada dia mais difíceis devido à falta de doadores. Marcelo destaca, ainda, a importância do uso de equipamentos de segurança individuais (EPIs), não só o capacete, como luvas, botas, jaquetas, protetores de pescoço e a “antena” no guidão (que tem a função de proteger contra a linha com cerol).


Pedestre


Rômulo Souki ressalta que é preciso conscientizar também o pedestre sobre a importância de se obedecer à sinalização de rua. É importante salientar que as crianças e idosos são por natureza mais vulneráveis aos acidentes de trânsito.


A imprudência, segundo ele, é responsável pela maior parte dos atropelamentos, que resultaram em 52 óbitos de janeiro a agosto deste ano, no HJXXIII. Nos casos de menor gravidade, o pedestre pode ter lesões nos membros inferiores associadas a escoriações. Já nos casos graves, são lesões múltiplas: tórax, abdome, cabeça, pélvis e membros inferiores.


Ciclistas


O aumento no número de acidentes com ciclistas também tem preocupado os médicos do Hospital João XXIII. A maioria não usa equipamento de proteção e já foram registrados diversos casos de ciclistas atropelados que foram ejetados e não usavam capacetes. Resultado: traumatismos cranianos graves e até mesmo óbitos.


Segundo o gerente assistencial do HPS, Sérgio Guerra, os ferimentos mais comuns em ciclistas acidentados são no ombro, punho e mão. Nos casos mais graves, na cabeça e abdome. Ele alerta para o fato de que a maioria absoluta não usa equipamento de segurança (capacete). “Nos casos mais graves registrados no João XXIII, 99% não usavam capacete”, ressaltou, lembrando que atualmente muita gente usa a bicicleta para trabalhar ou ir à escola.


Atendimentos no Hospital João XXIII


De janeiro a agosto de 2015
- Do total de atendimentos realizados no hospital (63.858), 13,01% (8.311) foram por acidente de trânsito. 
- Do total de acidentes de trânsito:
6,75% (4.311) foram por moto; 2,06%  (1.314) pedestres;  2,59% (1.657) e 0,42% (270) ciclistas. Os demais foram acidentes com ônibus, caminhões, veículos especiais, etc.
- Do total de vítimas de acidentes de trânsito (8.311), 70.1% (5.828) são do sexo masculino, sendo que 3.529 na faixa etária de 20 a 39 anos.
- Do total de motociclistas atendidos (4.311), (3.531) são do sexo masculino.
- Do total de ciclistas atendidos (270), 89% (241) são do sexo masculino e a maioria na faixa etária de 13 a 39 anos (161).


De 2012 a agosto de 2015
- 77,61% dos óbitos relacionados a acidentes de trânsito tiveram como causa o Traumatismo Craniano Encefálico (TCE).
- A média de idade de óbitos relacionados a acidentes de trânsito é de 41 a 49 anos.
Do total de óbitos relacionados a acidentes de trânsito:
82,47% sexo masculino; 17,53% sexo feminino.

As sequelas são diretamente relacionadas à velocidade - quanto maior, mais graves são as lesões, principalmente quando o veículo bate de frente com outro ou em um objeto fixo. Por ser um veículo sem proteção estrutural, a motocicleta deixa a pessoa mais exposta, fazendo com que ela seja, frequentemente, ejetada da moto. As principais lesões neste tipo de acidente envolvem membros inferiores, que sofrem esmagamentos e fraturas expostas.