Nos seis primeiros meses deste ano 3.395 pessoas acidentadas com moto deram entrada no Hospital João XXIII. Destas, 31 morreram e outras centenas ficaram com sequelas graves. E tem mais: de uma a duas pessoas por dia dão entrada no HPS vítimas de atropelamento por moto. Segundo o coordenador de Emergência do hospital, Rômulo Souki, as pessoas chegam com diversas lesões e mobilizam uma equipe multidisciplinar, composta por médicos de mais de uma especialidade, enfermeiros e técnicos de enfermagem, fisioterapeuta, assistente social, entre outros profissionais.
O médico clínico geral e coordenador de plantão no Hospital João XXIII, Marcelo Lopes Ribeiro, cita os diversos tipos de lesões causados nos acidentes com motocicletas. “As vítimas chegam com TCE(traumatismo cranioencefálico), TRM(traumatismo raquimedular), traumas tóraco-abdominal, politraumatismo e o mais comum que são os traumas de extremidades, com fraturas expostas e/ou lesões de tendões que acarretam muitas vezes em diversos procedimentos cirúrgicos e complicações do trauma “.
Marcelo alerta que estas lesões podem levar as vítimas ao Centro de Tratamento Intensivo e alguns acabam evoluindo com insuficiência renal e até mesmo necessitando de hemodiálise. Muitos também têm uma grande perda sanguínea que necessitam de hemotransfusões que a cada dia ficam mais difíceis devido a falta de doadores.
Na opinião do médico, muitos destes acidentes poderiam ser evitados com melhor educação no trânsito e com novas técnicas de exames de habilitação, blitz educativas e não punitivas, uma melhor fiscalização e a exigência do uso Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), não só o capacete, como luvas, botas, jaquetas, protetores de pescoço e a “antena” no guidão(conta o cerol).
Rômulo Soukio ressalta que é preciso conscientizar também o pedestre sobre a importância de se obedecer a sinalização de rua, como faixa de segurança, semáforo; as crianças e idosos, que são por natureza mais vulneráveis aos acidentes de trânsito; as pessoas que andam pelas ruas nas garupas das motocicletas; os profissionais que vivem da profissão de motociclistas, os chamamos motoboys, e os motociclistas que usam a moto para ir e voltar ao trabalho (acidente de trajeto).
É uma guerra por espaço no trânsito e é necessário uma postura mais amigável entre os motoristas de veículos, motociclistas e pedestres. Os motociclistas trafegam nos corredores, ultrapassam pela direita, desobedecendo as leis do trânsito. Por lei, devem circular na faixa dos carros. A maioria dos acidentes é em horário comercial e envolve pessoas trabalhando ou se locomovendo.
As sequelas são diretamente relacionadas à velocidade. Quanto maior a velocidade mais graves são as lesões, principalmente quando batem de frente contra outro veículo ou objeto fixo. A motocicleta é um veículo que não tem proteção estrutural. A pessoa fica mais exposta e frequentemente é ejetada da moto. As principais lesões envolvem membros inferiores, principalmente esmagamento, fraturas expostas.