No Dia Internacional de Redução de Morte Materna – celebrado em 28 de maio – um encontro reuniu doulas de Belo Horizonte para uma homenagem e bate-papo, que aconteceu no espaço que recebe, até o dia 14 de junho, a exposição Sentidos do Nascer, no Boulevard Shopping. Durante o evento, as profissionais puderam trocar experiências e relatos sobre o papel da doula na humanização do parto.
Na ocasião, estiveram presentes doulas voluntárias da Maternidade Odete Valadares (MOV) e do Hospital Júlia Kubitschek (HJK). As doulas comunitárias são mulheres que realizam trabalho voluntário de assistência às grávidas e parturientes no ambiente hospitalar. Elas atuam de modo a proporcionar conforto físico, emocional e social às pacientes.
A palavra "doula" vem do grego "mulher que serve". Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto. Os benefícios das ações promovidas pelas doulas consistem na diminuição da incidência de depressão pós-parto, redução da ansiedade, assim como a promoção da tranquilidade e do relaxamento.
Outro aspecto importante é que a presença das doulas contribui para a diminuição do uso de analgésicos e de realização de cesarianas, assim como ajuda a diminuir a taxa de infecção hospitalar, uma vez que os partos normais oferecem menor risco de infecção. Esses benefícios, entre outros, foram constatados em estudos qualitativos realizados por instituições de pesquisa nacionais e internacionais.
Para a doula da MOV, Mariângela Rocha Couto, a dedicação ao ofício é recompensada pela gratidão demonstrada por cada parturiente assistida. “A minha experiência com o nascer vem antes de conhecer a palavra doula. Sou terapeuta holística e já venho atuando com ginecologistas há mais de 25 anos, dando apoio e realizando trabalho terapêutico junto às grávidas. É muito gratificante. Somos voluntárias, mas não há nada que pague o que recebemos de gratidão das parturientes. Elas nos dão em resposta uma quantidade enorme de afeto que considero que quem recebe, na verdade, somos nós”, afirma.
Míriam Alves, doula na maternidade do HJK, reforça a opinião de que o ofício é extremamente recompensador. “É um trabalho que me engrandece, edifica. Recebemos um reconhecimento muito grande por esse trabalho, não só das parturientes, mas também da equipe do hospital. É muito gostoso. O dia em que vou para a maternidade é um dia de servir. Quando você serve, é útil, você se sente mais valorizada, mais gente. Sempre recebo muitos elogios, muito carinho. Amo esse trabalho”, declara.
Para atuarem, as doulas são treinadas em curso específico para a sua formação. Para se tornar doula, basta ser mulher, maior de 18 anos e ter disposição para cuidar das grávidas e parturientes.
A exposição “Sentidos do Nascer”, que recebeu o encontro de doulas da capital mineira, tem como objetivo contribuir para a mudança da percepção sobre o nascimento, incentivando a valorização do parto normal para a redução da cesariana desnecessária. Trata-se de uma iniciativa que propõe ampliar o debate sobre questões relacionadas ao nascimento no Brasil, lançando um olhar crítico ao cenário da hipermedicalização do parto, da perda do protagonismo da mulher e da exploração do parto como um negócio.
A exposição tem entrada gratuita e fica no Boulevard Shopping, em Belo Horizonte, até o dia 14 de junho.