O outono chegou e, com ele, o clima frio e seco característico da estação. Nesta época aumenta a incidência de doenças respiratórias, já que, para fugir do frio, as pessoas tendem a ficar aglomeradas em locais fechados e com má circulação de ar, o que acaba facilitando a contaminação por viroses respiratórias. As principais vítimas são as crianças. Somente no Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), neste período do ano, o número de pacientes que procuram o Pronto Atendimento da unidade ultrapassa a 200 por dia. Em sua maioria, menores de dois anos e com quadro respiratório.
Mais susceptíveis a infecções, elas acabam transmitindo a doença para outras pessoas, gerando uma epidemia. As mais comuns, além da gripe, são as Infecções de Vias Aéreas Superiores (IVAS), como a faringite e a laringite. Pneumonias e asma também são bastante recorrentes neste período. No caso, principalmente, das crianças com menos de dois anos pode surgir ainda o quadro de bronquiolite, que é o primeiro episódio de sibilância ou chieira devido à inflamação da via respiratória, brônquios e bronquíolos, provocada na maioria das vezes pelo Vírus Sincicial Respiratório. Segundo o pediatra e diretor do HIJPII, Luís Fernando Carvalho, esses quadros de bronquiolite podem variar de casos leves a graves com insuficiência respiratória e necessidade de internação em CTI, para receber suporte respiratório.
Com a inflamação das vias aéreas, causada pelos vírus respiratórios, acontece ainda a baixa da defesa do organismo, que torna propícia a infecção secundária bacteriana, como otite, sinusite e pneumonia. Gripes e resfriados também aparecem com frequência no outono, tendo muitas vezes seus sintomas confundidos. Ambos são causados por vírus, porém distintos. No caso da gripe, ela vem sempre acompanhada de febre, dor no corpo e perda de apetite, comprometendo de maneira geral o estado de saúde do paciente. Já com o resfriado, o quadro se apresenta de forma mais leve, com muita secreção nas vias aéreas, coriza e tosse.
A melhor forma para evitar as gripes, em particular, são as vacinas. Para as outras doenças, como o resfriado, valem alguns cuidados. O clima seco da época pode interferir na saúde ao deixar as vias respiratórias mais desidratadas do que o normal, facilitando a entrada de vírus e bactérias, por isso é importante se manter hidratado durante todo o dia. Fazer a higienização correta das mãos também é um ato simples, que diminui a contaminação por vírus e bactérias nocivos à saúde.
Além disso, uma das melhores formas de prevenção é evitar os locais muito cheios e com pouca circulação de ar, já que a transmissão de viroses respiratórias é feita de pessoa para pessoa. Crianças menores de seis meses, que ainda não receberam todas as vacinas, não devem ser expostas a locais com aglomerações de pessoas, como shoppings e ônibus.
Além da ingestão de água e sucos, essencial nesta época do ano, é importante incluir alguns alimentos na dieta, para fortalecer o corpo, evitando as doenças crônicas do outono. Segundo a nutricionista da Rede Fhemig, Ivânia Cátia Ramos, é interessante acrescentar folhas na alimentação, inclusive nos sucos. Com a chegada do frio, sopas e caldos de legumes também são bem-vindos, pois ao mesmo tempo em que nutrem, hidratam.
Em se tratando de frutas da estação, Ivânia cita algumas que podem ser benéficas, em especial as ricas em vitamina C, que ajudam a proteger contra doenças respiratórias e auxiliam na construção do colágeno, considerando que a pele tende a ficar mais ressecada neste período. Exemplos: abacate, que possui gordura monoinsaturada, boa para o coração e para o colesterol; banana, que possui potássio e previne fadigas, inchaços, câimbras e dores musculares; goiaba, laranja e tangerina, que são ricas em vitaminas A e C.
Outros alimentos ricos em nutrientes são: a berinjela, que possui antocianina, poderoso antioxidante que previne doenças, além das vitaminas B e C; batata doce; abobrinha; agrião; e almeirão, fonte de cálcio, fósforo, vitaminas A e B2.
Segundo Luís Fernando, a maioria dos casos de resfriados e gripes podem ser acompanhados nos postos de saúde ou nos consultórios médicos, em consultas agendadas, sem necessidade de atendimento de urgência em Pronto Socorro.
“A hidratação e o uso de antitérmicos é o tratamento mais indicado para a maioria dos casos. As crianças abaixo de seis meses, com cansaço ou febre, e pacientes com quadros de asma, com dificuldade para respirar, prostração e gemência, que persistem após a melhora da febre, são alguns dos sinais de alerta para a necessidade de atendimento imediato”, explica o médico.