Segundo o coordenador da Toxicologia do HJXXIII, Délio Campolina, as vítimas deste tipo de acidente têm normalmente entre 01 e 04 anos de idade. “Há pessoas que adquirem este tipo de produto e não têm conhecimento algum para manuseá-lo. Certas substâncias deveriam ser vendidas apenas para profissionais da área relacionada a elas”, opina o médico. Algumas delas até são controladas, mas as pessoas conseguem adquirir apesar da lei.
Campolina alerta a quem tenha crianças ou pessoas vulneráveis em casa, para não manter esses produtos dentro de casa; se realmente não houver alternativa, que sejam trancados ou deixados totalmente fora de alcance delas.
Deixar produtos químicos à vista de crianças já é por si só um erro. O problema se agrava quando o composto é armazenado em garrafas de refrigerante ou água, o que pode confundir pessoas vulneráveis, como as crianças. Certas substâncias, como alguns produtos de limpeza (detergentes, desengordurantes, limpa-pedras e solventes), são vendidas clandestinamente em alta concentração, sendo compostas por ácidos ou bases potentes bem mais fortes que os encontrados nas mercadorias vistas nos supermercados.
“As lesões e sequelas causadas por produtos como estes começam desde a boca, e podem queimar esôfago, estômago e intestino. Há ainda a possibilidade de ulceração e necrose de órgãos, além de infecções graves”, alerta Délio Campolina.
Em 2014, 152 crianças de 0 a 12 anos foram atendidas no Hospital Joâo XXIII por motivos como este. Isso representa 24,5% de todas as vítimas de intoxicação por produtos químicos que deram entrada na unidade neste ano. Somente em 2015, até o dia 25 de março, 44 crianças receberam atendimento pela mesma causa.
No caso de uma intoxicação por produto químico a conduta inicial dependerá do agente ingerido. “Se houver ingestão de produtos agrotóxicos, que são venenosos, é adequado provocar o vômito da criança, já que a substância tóxica, quanto mais tempo dentro do organismo, mais letal se torna”, explica o coordenador de Toxicologia. Já nos casos de produtos corrosivos, como os de limpeza, deve-se limpar a boca com gaze.
Em qualquer situação, é importante encaminhar a vítima imediatamente ao hospital para que ela seja examinada, e se necessário, que seja realizada a desintoxicação. “A medida de descontaminação deve ser o mais precoce possível. A recomendação geral é fazer contato com o centro de toxicologia, realizar o procedimento instruído pelo atendente e, na sequência, procurar atendimento na unidade de saúde mais próxima”, afirma Campolina.
O Centro de Informações e Assistência Toxicológica de Belo Horizonte (CIAT-BH) fica localizado na própria unidade de Toxicologia do HJXXIII e fornece orientações em caso de acidentes. Os telefones são (31) 3239-9308/3292-9224/3224 4000, ou 0800 7226001.