Profissionais discutem sobre traumatismo raquimedular no HJXXIII

Foto: Aline de Castro/ACS-Fhemig

 

Nos dias 06 e 07 de fevereiro, aconteceu, no auditório do Hospital João XXIII (HJXXIII), a terceira edição do Brain Storm, este ano com o tema “Traumatismo raquimedular” (TRM - lesão da medula espinhal que provoca alterações, temporárias ou permanentes, na função motora, sensibilidade ou função autonômica). O evento foi coordenado pelo Grupo de Coluna do HJXXIII, formado por neurocirurgiões, ortopedistas, fisioterapeutas e assistentes sociais, e reuniu profissionais da Rede Fhemig, da UFMG, da Rede Sarah e de São Paulo.


A escolha do tema se deu devido ao aumento no número de casos atendidos, nos últimos anos, no João XXIII, que é referência em traumas, em Minas Gerais (são cerca de 400 casos atendidos por dia, sendo 350 de traumas e 50 clínicos). “Por ano, atendemos em torno de 550 casos de traumatismo raquimedular, que representam cerca de 25% de todas as fraturas do estado”, afirma um dos organizadores do evento, o neurologista do Grupo de Coluna do HJXXIII, Marco Túlio Reis.

O objetivo foi reunir profissionais do Hospital João XXIII e interagir com outras redes para trocar experiências e buscar melhorar a assistência ao paciente, além de diminuir o tempo de permanência dele no hospital, que hoje chega a uma média de 14 dias. “Temos muitos casos no hospital com este tipo de traumatismo. Então, esta é a hora de nos reunirmos e tentarmos alçar novos voos, para que o paciente se recupere e se reabilite da melhor forma possível”, afirma a, também organizadora do evento, fisioterapeuta Renata Dalmouch.

“É uma troca de experiências. Convidamos todos os profissionais que trabalham com reabilitação neurológica dos pacientes, não só durante o tempo de internação, mas no pós-hospitalar. Abrimos um espaço para que cada um falasse do seu trabalho e pudéssemos nos integrar e montar uma rede de contatos para melhorar o fluxo para os pacientes, que muitas vezes saem daqui para terminarem o processo de reabilitação em outros hospitais”, explica Marco Túlio.

Tópicos

Entre os assuntos apresentados, estavam: “Avaliação inicial do TRM e indicações de screening radiológico espinhal”; “Timing da descompressão medular”; “Indicações de modalidades alternativas de intubação do TRM cervical”; Desafios no manejo da via aérea no TRM cervical”; “Abordagem da fisioterapia no paciente com TRM cervical”; “Indicações de tratamento cirúrgico da úlcera de decúbito”; “Prevenção e tratamento de úlceras de pressão no paciente TRM”; “Distúrbios psicológicos no TRM”; “Disfagia no TRM”; “Cuidados nutricionais no TRM”; “Abordagem do paciente lesado medular e desmame da ventilação mecânica”; “Exposição do trabalho realizado no Hospital Cristiano Machado (HCM)”; “Apresentação da Cartilha do TRM”; Reabilitação do paciente TRM na Rede Sarah;  apresentação do “Projeto de Neurorreabilitação da Clínica Acreditando (Projeto Acreditando / SP); e “Cenário atual de cirurgia da coluna no HJXXIII”.

Causas

O maior número de casos de traumatismo raquimedular  é resultado de acidentes de trânsito, com motos e carros, que chegam a 40%. Já o segundo motivo mais comum, 30% dos casos, estão relacionados às quedas de altura, como quedas de laje, barranco, telhado, andaime etc.

Mergulho em água rasa também entra nessa lista, que tem uma incidência ainda maior nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, quando as temperaturas sobem e o número de banhistas aumenta.  “Nessa época, o HJXXIII chega a atender pelo menos um caso por semana, a maioria deles com luxações cervicais graves, indicação cirúrgica e, em torno de 60% a 70% deles, com lesões neurológicas graves e, às vezes, irreversíveis”, conta Marco Túlio.

Segundo o neurologista, o hospital vem aumentando a contratação de profissionais da área, com o objetivo de alcançar a meta de operar os pacientes nas primeiras 24 horas. “Com o paciente operado e estabilizado, aumentamos a chance de recuperação neurológica, além de facilitarmos o cuidado da enfermagem na prevenção de escaras, da fisioterapia e da terapia intensiva, pois todos ficam mais seguros para trabalhar. Isso porque enquanto ele não é operado e apresenta uma lesão instável na coluna é como se houvesse um sinal de alerta no leito para não tocarem no paciente, já que todos têm medo de piorar o dano”, explica o médico.