Os meses de dezembro e janeiro são marcados pelas férias das crianças. Neste período, é mais comum a ocorrência de acidentes domésticos e infecções alimentares. A coordenadora da Clínica Pediátrica do Hospital João XXIII, a médica pediatra Eliana de Souza, alerta que as crianças são alvos fáceis das bactérias causadoras das intoxicações.
Segundo ela, o principal tipo de intoxicação é a bacteriana, causada pelas bactérias Salmonela ou Stafilococus, que podem ser originadas no preparo ou pela deterioração dos alimentos. Os sintomas são: febre alta, diarreias (que podem ou não conter sangue), mal estar e dores pelo corpo.
Outro tipo de intoxicação alimentar, de acordo com a médica, é o Botulismo, que ocorre quando toxinas bacterianas se desenvolvem no interior de embalagens de alimentos preservados de maneira incorreta. Os sintomas do Botulismo são insuficiência respiratória, febre alta, diarreia e quadros mais graves podem levar ao óbito.
Para evitar problemas com intoxicação alimentar a médica ressalta as dicas da Sociedade Mineira de Pediatria, que orientam sobre o correto manuseio de alimentos no período de calor intenso:
• Para as pessoas que procuram as praias para passar o fim de ano ou as férias, a dica é não consumir frutos do mar crus e evitar frituras. No caso de alimentos vendidos por ambulantes ou em barracas na praia deve-se observar a aparência dos produtos e do local onde estão armazenados.
• Mantenha a temperatura do refrigerador abaixo de 4 graus centigrados.
• Não deixe alimentos degelarem em temperatura ambiente. Melhor descongelar em banho-maria ou no micro-ondas, na hora de preparar.
• Mantenha os alimentos na geladeira até o momento do preparo, principalmente as carnes.
• Alimentos que sobrarem das refeições devem ser congelados imediatamente ou desprezados.
• Lave esponjas de cozinha com água sanitária.
Eliane de Souza lembra ainda que o congelamento não mata bactérias “Se as bactérias já estiverem em formação no alimento não adiantará congelar. A melhor forma de eliminar bactérias dos alimentos é o cozimento. No entanto, se for observado que a comida não teve uma armazenagem correta é melhor não consumir”. Ela ressalta ainda a importância do cuidado com a compra de produtos industrializados “É muito importante observarmos a aparência externa das embalagens dos produtos, que não devem ser amassadas, abertas ou estufadas, esses são sinais de que alguma bactéria pode ter tido a chance de se desenvolver no interior dessas embalagens”.
Outra dica importante, segundo a médica, é oferecer a crianças e idosos líquidos em quantidade maior que o normal, pois a desidratação afeta as funções cardíaca e respiratória. “As crianças, principalmente, tendem a não gostar de beber água, por isso é interessante oferecer sucos naturais ou mesmo os industrializados, desde que observada a data de validade e que seja feita a limpeza da embalagem antes de deixarmos o produto ser consumido” explica.
O uso de protetor solar é outra dica da médica “crianças a partir de seis meses de idade já devem usar o protetor solar. Deve ser passado 20 minutos antes da exposição e repetir a cada duas horas, se entrar muitas vezes na água As mães devem lembrar de passar o produto na orelhinha das crianças, que é uma parte do corpo deles que fica vulnerável aos raios solares”. Eliane de Souza também aconselha o uso de chapéus ou bonés, de roupas leves e claras e evitar o sol entre 11 e 15 horas.
A médica Eliane de Souza destaca que o período de férias, quando as crianças passam mais tempo em casa, exige cuidados que podem prevenir acidentes graves. “Uma casa preparada para as crianças garante a segurança. Importante lembrar também que esses acidentes só ocorrem quando não há a presença de um adulto responsável por perto” disse.
• Não deixe sofás, camas e mesas próximos a janelas, pois as crianças podem subir facilmente.
• Tampe tomadas para evitar choques elétricos.
• Evite colocar toalhas grandes em mesas, pois podem ser puxadas com facilidade.
• Não deixe remédios e brinquedos com partes pequenas ou pilhas ao alcance das crianças. Eles podem ser engolidos facilmente.
• Evite deixar crianças na cozinha e áreas de serviço. Fornos, cabos de panelas, ferros elétricos, tábuas de passar roupas e produtos de limpeza coloridos em embalagens de refrigerantes são locais que normalmente aguçam a curiosidade das crianças.
• No banheiro deixe a tampa do vaso sanitário abaixada, para evitar afogamentos. Crianças menores não tem controle total do pescoço e podem não conseguir levantar a cabeça sozinhas em caso de um acidente como esse.
A médica explica ainda que vários desses cuidados se estendem a casas onde moram pessoas idosas, que também são suscetíveis a acidentes domésticos e intoxicações. “A infância e a fase idosa são os dois extremos da vida em que precisamos ter mais cuidados para evitar acidentes. O próprio organismo sofre alterações que deixam esses grupos mais frágeis”.