Quem gosta de caminhar, especialmente em locais de acesso mais difícil, deve estar preparado para encontrar animais peçonhentos, como cobra, aranha, escorpião, lagarta, marimbondo e abelha, que produzem substâncias tóxicas, conhecidas popularmente como veneno. Mas com alguns cuidados simples pode-se evitar problemas maiores.
Segundo o coordenador do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII, o médico Délio Campolina, para caminhar ou mesmo ficar no acampamento o ideal é estar calçado com sapato ou bota. Só isso já evita boa parte dos acidentes. Jamais colocar a mão em tocas ou buracos na terra, ocos de árvore ou cupinzeiros entre as pedras. Deve se olhar bem por onde anda e, se necessário, bater a vegetação ou as folhas. A coloração da jararaca e da cascavel se confunde muito com a das ramagens e folhas secas. Há casos de acidentes onde a pessoa não enxerga a serpente.
Outra recomendação do médico Délio Campolina é não acampar próximo a plantações, pastos ou matos denominados “sujos”, ou seja, regiões onde, normalmente, há roedores e maior número de serpentes. “Ele explica que o amanhecer e o entardecer são os períodos em que as serpentes venenosas estão em maior atividade”. No caso de ataque de jararaca, o local da picada apresenta dor e inchaço, às vezes com manchas arroxeadas, além de sangramento na gengiva, pele e urina. Já na picada por cascavel, o local não apresenta lesão evidente, apenas uma sensação de formigamento; visão turva ou dupla, dores musculares e urina escura. Após uma picada, deve se lavar o local com água e sabão. A vítima deve ficar deitada, evitando se movimentar, para não favorecer a absorção do veneno.
No ataque de escorpião, a dor intensa provoca sensações de choques e vômito e, em alguns casos, dificuldade respiratória, alterações no coração, como arritmia, e pode levar a morte. As crianças, os idosos e os cardiopatas são os grupos com maior risco de morte e devem ter atendimento médico rápido. Em apenas l5 minutos, o quadro pode se agravar com desfecho trágico. Minas é o estado brasileiro em que mais ocorrem acidentes com escorpiões.
Com relação aos acidentes com aranhas, cerca de 70 por cento dos casos atendidos no João XXIII, são da espécie armadeira, como informa o Coordenador do Setor de Toxicologia do hospital, Délio Campolina. A picada causa dor intensa, mas com poucos sinais visíveis no local. No caso da aranha-marrom a picada é pouca dolorosa, inicialmente. Mas várias horas depois do ataque costuma ocorrer dor intensa e uma lesão endurecida e escura que pode evoluir para ferida com necrose de difícil cicatrização. Já a picada da aranha viúva negra causa dor no local, contrações nos músculos, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
O Coordenador do setor de Toxicologia do João XXXIII alerta também para os acidentes com lagartas. “Quando a pessoa toca num pedaço de galho, tronco ou folha onde elas estão acaba sendo atingida pelo veneno de várias taturanas”. A dor é intensa além de causar queimação. O veneno que fica nas cerdas que revestem a parte superior da lagarta pode afetar a coagulação causando hemorragias e insuficiência renal.
“O atendimento deve ser rápido para evitar complicações sérias ou até a morte”, explica o médico. Segundo ele, no caso de contato com lagartas deve se passar sabão, detergente ou creme de barbear e raspar o local, sem ferir, com faca ou canivete, para remover as cerdas deixadas por elas. O médico afirma que a raspagem, do mesmo modo, deve ser feita, também na picada de abelha, para tirar os ferrões. Pessoas alérgicas devem redobrar a atenção porque sofrem reações mais intensas.
Délio Campolina ressalta que para cada espécie de animal peçonhento existe um soro específico que é aplicado, nos postos de saúde, em quantidade proporcional à gravidade. Antes de viajar, portanto, informe-se sobre os postos mais próximos.