No dia Internacional de Combate ao Tráfico e ao Abuso de Drogas, CMT alerta para os perigos das substâncias psicoativas

Hoje, 26 de junho, é o dia Internacional de Combate ao Tráfico e ao Abuso de Drogas, data instituída pela ONU em 1987. O Centro Mineiro de Toxicomania, da Rede Fhemig, referência no atendimento a usuários de substâncias psicoativas e no desenvolvimento de pesquisas na área, alerta para a gravidade do problema em Belo Horizonte e no país, sobretudo em relação ao aumento do uso do crack na sociedade. Segundo o último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, realizado em 2012, o Brasil é atualmente o maior mercado de crack do mundo.

Somente até ontem, dia 25 de junho, 55 novos usuários de crack, de um total de 234, foram atendidos no CMT, o que corresponde a 26% - destes, 90,16% eram homens. Em 2013, 33,38% dos novos atendimentos realizados no CMT foram a dependentes de crack, atrás apenas dos usuários de álcool, que representaram 37,55%. Em 2010 e 2011, os pacientes de crack superaram os demais.

Segundo a diretora Raquel Martins, um dos motivos que levou ao aumento do uso do crack na sociedade é a facilidade com que ele é produzido e vendido, o que faz muitos usuários virarem pequenos traficantes. “Em qualquer lugar montam ‘laboratório’ para fazer a droga. Além disso, é uma droga barata, mas como vicia rapidamente, a pessoa gasta muito mais dinheiro que com outra substância”, explica Raquel. O crack chega rapidamente ao cérebro – entre 10 e 15 segundos – e os efeitos, como sensação de poder, excitação, hiperatividade, insônia e intensa euforia, duram apenas cerca de 5 minutos, o que também é mais uma causa que contribui para levar à dependência.

Estudo divulgado pela Fiocruz em 2013 apontou que 40% dos usuários de crack no Brasil são moradores de rua, o que também vem sendo observado no CMT. De acordo com a diretora, o fato de o crack ser uma droga rejeitada em casa, ao contrário de, por exemplo, o álcool e a maconha, contribui para que esta situação ocorra. “Isto faz com que o usuário busque o meio externo para fazer o consumo. O vício mudou o perfil dos moradores de rua e hoje há pessoas que têm família, casa e estão na rua pela característica do uso da droga”, diz Raquel.

Ampliação de atendimento

Com a abertura de novos Centros de Referência em Saúde Mental – Álcool e Drogas (CERSAMS-AD) em Belo Horizonte e Região Metropolitana, o atendimento a usuários de álcool e drogas foi ampliado, resultando em um acesso mais facilitado para os interessados, que podem procurar um serviço mais próximo de sua casa. No CMT, esse fato se reflete no total de atendimentos por ano, que caiu de 1107 em 2012, para 767 em 2013.

Histórico

O CMT foi inaugurado em 1983, sendo o primeiro serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) especializado no atendimento a usuários de drogas, álcool e outras substâncias psicoativas no país.

Em apenas quatro anos de funcionamento, em 1987, o Centro foi reconhecido pelo Conselho Federal de Entorpecentes, atual Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), como unidade de excelência para tratamento de álcool e drogas do Estado de Minas Gerais. Além disso, desde 2002, o CMT é credenciado como Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e drogas (CAPS-AD), em consonância com a Política Nacional do Ministério da Saúde.