O prensista M.N., 27 anos, deu entrada no Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, após sofrer um grave acidente de trabalho. O técnico operava uma chapa de estamparia em uma indústria de autopeças, mas neste dia, os comandos manuais da máquina, que controlam o seu acionamento, não funcionaram. M.N. teve suas duas mãos prensadas, o que ocasionou graves ferimentos, levando a uma consequente necessidade de amputação.
Segundo o superior de produção que acompanhava o paciente, o prensista usava todos os equipamentos de segurança, tanto os de proteção individual (EPI’s) quanto os coletivos: “Está sendo averiguado o que pode ter causado o acidente, e se houve alguma falha mecânica ou eletrônica”, explica.
M.N. é apenas uma entre as várias vítimas de acidentes com máquinas que são atendidas no HPS – somente em 2013 foram 1016 pacientes, e destes, 71.25% eram homens na faixa etária produtiva de 20 a 59 anos. Em janeiro e fevereiro de 2014, foram atendidos no local 141 pessoas pelo mesmo motivo, sendo 118 com as mesmas características descritas acima. O último Anuário Estatístico da Previdência Social divulgado aponta que em 2012, foram registrados no INSS 705,2 mil acidentes de trabalho.
De acordo com Sílvio Grandinetti, diretor de emergências do HJXXIII, os acidentes com ferramentas manuais, como as chamadas maquitas– serras utilizadas para cortar mármores e azulejos - são o principal motivo de fraturas e amputações nas mãos e dedos dos acidentados que chegam à unidade, seguidos das ocorrências com fogos de artifício. A grande maioria destes acidentes ocorre no ambiente de trabalho, o que causa um elevado ônus para todas as partes: “os prejuízos são grandes não só para a vítima - que terá que desenvolver habilidades e talvez uma profissão que se adapte à sua nova realidade - como para a sua família e a Previdência Social, que irá arcar reabilitações e indenizações, fato que, diretamente, afeta toda a sociedade”, afirma o médico.
Atividades com máquinas agrícolas, a exemplo dos moedores de cana e tratores, também são responsáveis por grande número de acidentes que resultam em lesões graves - quase sempre perda total de membros, como pernas, braços e antebraços. Para Sílvio Grandinetti, sinistros como esse costumam ser resultado da imperícia do trabalhador: “muitas vezes o perigo se encontra na insistência do próprio operador em fazer a maquinaria funcionar quando ela está emperrada ou operando de forma incorreta”.
Para o diretor de emergências do HJXXIII, a principal causa deste tipo de acidentes é o não seguimento das regras de segurança, de modo a agilizar o serviço pretendido. “Em determinadas circunstâncias, a vítima sabe que está conduzindo a máquina de forma errada, porém o faz para terminar o trabalho mais rapidamente”, avalia. Outros motivos são fadiga, falta de atenção ou treinamento, e em alguns casos, uso de álcool e drogas e preocupação com problemas pessoais.
Com o intuito de prevenir acidentes com máquinas, deve-se sempre acionar o dispositivo de segurança do equipamento caso ele possua, usar todos os equipamentos necessários para o seu manuseio e receber treinamento adequado para realizar aquela função.