O outono se aproxima, e com ele surgem na população sintomas de doenças respiratórias. Segundo dados da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), o índice de problemas respiratórios aumenta em 40% nesta época, assim como o número de atendimentos nos centros de saúde. Por isso, a Rede Fhemig, que recebe grande número de pacientes vítimas destas infecções, já se prepara para um aumento de demanda em seus hospitais e para ser referência neste tipo de atendimento durante a Copa do Mundo de Futebol, que acontecerá em junho.
Os hospitais da Rede Fhemig localizados em Belo Horizonte participam ativamente da vigilância epidemiológica de doenças de notificação compulsória (DNC), atividade fundamental para instituir medidas de prevenção, controle, e proteção da população. De acordo com informações da Gerência de Vigilância em Saúde (VS) da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), as unidades João XXIII (HJXXIII), Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), Hospital Eduardo de Menezes (HEM) e Hospital Júlia Kubitschek (HJK) contabilizaram, juntos, em 2013, 75% das notificações de DNC na cidade, sendo considerados centros de qualidade na área. A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é um exemplo de DNC.
Durante todo o ano, é realizada em BH a vigilância de SRAG, e, segundo a gerente de Vigilância em Saúde da SMSA e mestre em doenças tropicais Maria Tereza Oliveira, a participação dos hospitais da Fhemig merece destaque.
O HIJPII, referência no atendimento a crianças com esse tipo de problema, faz um acompanhamento semanal das doenças respiratórias no local. De acordo com Helena Maciel, diretora do hospital, nesta época observa-se uma mudança nos casos atendidos. “O hospital passa a não receber tantas crianças com quadros de vômitos e diarreias, doenças mais comuns no calor. Em contrapartida, há um aumento das doenças e infecções respiratórias virais”, diz Helena. De acordo com dados divulgados, somente em janeiro de 2014, a unidade foi responsável por 25% das notificações compulsórias de internações por SRAG.
Conforme mostram os boletins informativos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), divulgados pela VS e disponíveis na página da SMSA, em Belo Horizonte, nos primeiros meses do ano, em especial nos meses de março e abril, predomina o vírus sincicial respiratório (VSR), que causa inflamação das vias aéreas e é o principal agente etiológico das bronquiolites. O VSR acomete principalmente crianças menores de cinco anos de idade e idosos.
Já a partir de maio, até o fim de setembro, ficam mais recorrentes os casos registrados de influenza, que causa gripes acompanhadas de febre, prostração e dores pelo corpo. Em 2013, das 1.728 amostras processadas, 285 (16,5%) foram positivas para vírus respiratórios. O vírus influenza representou 67,7% (193) do total de amostras positivas.
Maria Tereza Oliveira, que também é ex-diretora do Hospital Eduardo de Menezes, ressalta a importância dos boletins informativos: “os profissionais de saúde devem estar atentos à sazonalidade dos vírus respiratórios, o que contribui para a indicação correta do tratamento”, salienta. Segundo a gerente, a SMSA também divulga mensalmente na página da internet os principais vírus circulantes identificados na capital, além dos protocolos de disponibilidades dos medicamentos antivirais.
Como a Copa do Mundo de Futebol, que terá BH como uma das sedes, será realizada durante o inverno, é preciso estar atento quanto aos perigos de alastramento de doenças respiratórias. Segundo Maria Tereza Oliveira, sempre que há aglomerações, existe perigo de contaminação se uma pessoa estiver infectada: “a vigilância epidemiológica do município está preparada para atuar de maneira a identificar e tomar as medidas oportunas diante de doenças que possam chegar aqui e ameaçar a saúde da nossa população. Para a identificação imediata, conta com o engajamento e participação dos profissionais de saúde, entre eles os da Rede Fhemig”, diz Maria Tereza.
Os vírus respiratórios são transmitidos por meio de gotículas que o doente libera ao espirrar, tossir ou falar, estando próximo a menos de um metro de outra pessoa, e, por isso, é importante nestas situações fazer uso de um lenço descartável. “Deve-se também lavar sempre as mãos ou limpá-las com álcool 70 %. Estes cuidados básicos são chamados de etiqueta respiratória”, define Maria Tereza. As crianças pequenas, os idosos, pessoas com doenças crônicas, gestantes e puérperas são mais propensas a ter complicações, e com as temperaturas mais baixas, os corpos ficam mais vulneráveis, facilitando a contaminação.
As vacinas específicas para influenza também tem ação fundamental na prevenção; porém, elas devem ser reaplicadas todos os anos para conferir imunidade suficiente contra os vírus e suas constantes variações. Também é importante manter uma alimentação saudável e balanceada, composta por frutas, verduras, carnes, leite e outras proteínas.
Se a pessoa já apresentar os sintomas de uma doença respiratória, a hidratação intensa é primordial. É essencial também não expor as crianças em locais cheios e fechados, como cultos e igrejas, para que não ocorra a contaminação da moléstia. Nas salas de aula, deve-se deixar as janelas abertas, mantendo o local ventilado.