Nos últimos dez anos, o curso “Casal Grávido”, que completa uma década de criação no próximo dia 20 de março, realizado pela Maternidade Odete Valadares (MOV), da Rede Fhemig, consolidou-se como referência para casais que buscam orientações sobre como conduzir, da melhor forma, uma das atividades mais nobres realizadas pelo ser humano: cuidar de uma criança.
Na base desses cuidados está a amamentação que é uma prática diretamente determinada pela cultura. Assim, a decisão pelo aleitamento materno exclusivo, com a exceção de certas condições de saúde da criança ou da mãe que justifiquem a recomendação médica para que a mulher não amamente de forma temporária ou permanente, é uma questão cultural, muitas vezes influenciada pela publicidade que favorece o desmame precoce e a adoção do leite de vaca processado e de alimentos industrializados.
Desse modo, o ideal é que a decisão pela amamentação seja tomada durante o pré-natal, o que permite a adequada preparação tanto da mulher, quanto do seu companheiro para assumirem o compromisso com a promoção da saúde do bebê. No entanto, o momento mais indicado para se fazer o curso propriamente dito é a partir do sétimo mês de gravidez.
O curso “Casal Grávido” é fruto da demanda crescente que, de forma espontânea, começou a se manifestar por parte das gestantes atendidas pela Maternidade Odete Valadares e que desejavam aprender sobre como amamentar seus filhos. No começo, vinham a gestante e a avó materna. “A gestante é curiosa, ela quer saber de tudo”, pondera a instrutora do curso e técnica em enfermagem, Maria Carmozita Santana.
Segundo a coordenadora do Banco de Leite Humano da MOV, Maria Hercília de Castro Barbosa, o curso “Casal grávido” trouxe uma grande contribuição para o incentivo ao aleitamento materno. “As mães relatam profunda satisfação em poderem amamentar seus filhos e nota-se que a forma como ele é ministrado, através de sensibilização e informações corretas ministradas por profissional experiente, é o grande diferencial. Dessa forma, a Maternidade Odete Valadares vem cumprindo seu valioso papel histórico em prol do aleitamento materno e da melhor qualidade de vida para nossas crianças”, avalia Maria Hercília.
Ao longo de três horas, uma vez a cada mês, são oferecidas 18 vagas para os casais. Os grupos são pequenos para permitir a proximidade necessária a uma boa conversa. A maioria das mulheres traz o companheiro ou o pai do bebê. Outras trazem a mãe. Todo o ano, a cena se repete: em janeiro, as vagas para o primeiro semestre já estão preenchidas, devido à grande procura, fruto da propaganda boca a boca realizada pelos mais de dois mil casais que participaram do curso nesses dez anos, como também pelos profissionais que atuam na assistência à maternidade em Belo Horizonte. Médicos de diversos hospitais públicos e privados, de forma recorrente, recomendam aos seus clientes que façam o curso. Durante o treinamento, mulheres e homens são preparados para enfrentarem as possíveis dificuldades e os desafios que podem aparecer durante o processo do aleitamento, assim como adquirem conhecimentos sobre o colostro e a estrutura da mama.
A sintonia entre o casal favorece a produção do leite. Os companheiros das gestantes aprendem a massagear os seus seios como forma de favorecer a produção do leite e de demonstrar carinho tanto pela mulher quanto pelo bebê. “Nós últimos anos, a safra de pais está muito boa. Às vezes, os homens fazem mais perguntas que as mulheres”, conta Carmozita, com um sorriso de satisfação. Ela também fala sobre a Maternidade Odete Valadares e o Banco de Leite Humano como forma de incentivar a doação de leite.
As técnicas de amamentação, inclusive na sala de parto, é um tema que atrai bastante a atenção dos casais. Carmozita defende a ideia de que o melhor momento para a criança iniciar a amamentação é imediatamente após o parto. “Na primeira hora do nascimento, o bebê é capaz de encontrar, sozinho, o seio materno. Além disso, a primeira vacina que o bebê deve receber é o contato pele a pele com a mãe”, assegura a instrutora.
Carmozita é apaixonada pelo trabalho que realiza, há quase 20 anos, em favor da educação para o aleitamento materno. Seu entusiasmo com a prática da amamentação adquire a forma de uma causa humanitária; de um ativismo social. Em seu dia a dia, durante seus deslocamentos pela cidade, é comum ela abordar gestantes nas ruas para convidá-las a participarem do curso. “A satisfação de poder ajudar uma pessoa é uma coisa inominável. A mulher precisa se sentir amada, precisa do apoio do marido para amamentar. O amor favorece a produção do leite”, garante. Para Carmozita, o melhor galactogogo (substância que se emprega para aumentar a secreção do leite) é a sucção do bebê.
“Não me casei e nem tive filhos, Deus me deu essa oportunidade de ajudar a cuidar dos bebês de outras mulheres”, garante a instrutora. “É recompensador receber o contato posterior dos casais para dar o feedback dos aprendizados. É comum os pais que participaram do treinamento comparecerem aos cursos posteriores para falarem sobre sua experiência ao colocarem em prática os conhecimentos adquiridos”, conta Carmozita.
Para a fonoaudióloga Fabiana Pontes Carneiro, de 39 anos de idade, o curso foi um divisor de águas. “Passei da água para o vinho. Aprendi tudo que eu precisava para ficar tranquila”. Fabiana que é mãe de Gabriel, de sete anos, e Clara, de um ano, ressalta a importância da participação do companheiro na tarefa da amamentação que, segundo ela, não é uma atividade solitária. “O curso ‘Casal Grávido’ nos tranquiliza para que possamos conduzir este momento especial de forma tranquila”, revela.
A gestora de Recursos Humanos Débora Ferreira Maciel Ribeiro, de 30 anos de idade, participou do curso “Casal Grávido” em janeiro de 2012. Ela é enfática ao afirmar a importância do aprendizado adquirido. “A Carmozita foi primordial na minha vida. Foi uma pessoa muito importante no final da minha gestação. Eu devo muito a ela”, conta.
Com o objetivo de compartilhar com outras mulheres o aprendizado adquirido, Débora chegou a criou uma página no facebook com informações e dicas sobre amamentação. Após o parto, ela teve dificuldades para amamentar e precisou recorrer ao Banco de Leite da Maternidade Odete Valadares. “Graças à ajuda da Carmozita, depois de 28 dias eu já estava amamentando”, lembra. “O curso me preparou realmente. Se eu tivesse conhecido a Carmozita logo no início da minha gravidez, estaria mais preparada para enfrentar as várias fases da gestação e estaria mais preparada para a chegada da minha filha”. Mãe da pequena Maria Eduarda, de dois anos de idade, Débora planeja aumentar a família e garante que desta vez a história vai ser diferente graças aos conhecimentos que adquiriu com o curso “Casal Grávido”.