Foram positivos os primeiros resultados da implantação do protocolo de segurança do paciente, elaborado pela Rede Fhemig em 2010, após sua adesão à Campanha “Cirurgia Segura Salva Vidas”, da Organização Mundial da Saúde (OMS), à qual também estão associados mais de 25 países além do Brasil. As ações referentes à normativa incluem o desenvolvimento da Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica (LVSC), um check list nos moldes do sugerido pela OMS, para ser utilizado no bloco cirúrgico pela equipe presente (enfermeiros, anestesistas e cirurgiões) no momento da intervenção. O objetivo do novo procedimento é evitar problemas que possam levar a complicações e até ao óbito do paciente, fazendo-se a checagem sistemática de itens básicos de segurança e incentivando uma comunicação efetiva entre os profissionais de saúde.
Nos oito hospitais da Rede Fhemig que já iniciaram a implantação da LVSC - Hospital Cristiano Machado (HCM), Hospital Regional Antônio Dias (HRAD), Hospital Geral de Barbacena – José Américo (HGBJA), Hospital Regional João Penido (HRJP), Hospital Júlia Kubitschek (HJK), UOGV (Unidade Ortopédica Galba Velloso), HJXXIII (Hospital João XXIII) e HMAL (Hospital Maria Amélia Lins)-, foi aplicado o questionário em 7.110 cirurgias de 2011 a 2013, o que corresponde a 10% dos 65.343 procedimentos cirúrgicos realizados neste período nas unidades. Houve um aumento gradativo no percentual no uso do check list: 4% em 2011, 10% em 2012 e 18% em 2013.
Em relação à aceitação do novo processo, de 226 profissionais que forneceram feedback para monitoramento e avaliação de aceitação dos procedimentos, 91% considerou a experiência boa ou ótima. Dos hospitais, o que mais se habituou a aplicar o check list e obteve 100% de aproveitamento na implantação do protocolo foi o HRBJA. Além disso, houve uma redução média de 38,35% nas taxas de infecção cirúrgica destes hospitais: de 7,3% para 4,5% entre 2012 e 2013.
As abordagens nos hospitais foram feitas progressivamente, tendo sido o HCM o primeiro (março/2010) e o HMAL (agosto/2013) o último a iniciá-las. “Cada hospital se adaptou de modo diferente, e o HRB foi o primeiro a ter sucesso no procedimento”, afirma Adriana Magalhães, assessora da DIRASS e coordenadora de implantação do projeto.
Em julho de 2013, a ANVISA aprovou o Protocolo de Cirurgia Segura e instituiu, através da RDC Nº 36, a obrigatoriedade de implantação em todos os serviços de saúde em que se aplique.
A aplicação do questionário adaptado pela Rede Fhemig nos hospitais é iniciada minutos antes da cirurgia, por pelo menos um enfermeiro e anestesista presentes. São realizadas três pausas durante o procedimento, para a checagem, como antes de um voo: antes da anestesia, da incisão e do fechamento da ferida operatória.
Durante o check list, são feitas diversas perguntas, por exemplo, se o paciente possui alguma alergia conhecida, se há risco de perda sanguínea, além de ser confirmada identidade do operado, qual procedimento será realizado e se houve consentimento para tal. “A checagem é realizada em voz alta, inclusive a apresentação de toda a equipe médica, para que todos os presentes saibam de itens importantes para a segurança daquele paciente caso haja alguma intercorrência”, explica Adriana.
Com o intuito de orientar os profissionais dos hospitais quanto ao funcionamento do novo protocolo, foram realizadas diversas ações como apresentações de palestras, oficinas, elaboração de material didático (disponibilizado na Intranet), e envio de cartas-convite, por meio das quais foi explicada a importância da LVSC no âmbito hospitalar e feita a comunicação aos cirurgiões e anestesistas de que eles seriam requisitados para aplicarem o questionário. Também foram feitas fotografias e filmagens de algumas aplicações para facilitar a compreensão do processo. “Após esta primeira divulgação e com as respostas obtidas, passamos a direcionar as ações de acordo com as particularidades de cada hospital”, ressalta a coordenadora de implantação.
Segundo Adriana Magalhães, o objetivo em 2014 é fazer uma revisão estratégica do processo nos hospitais, com a realização de videoconferências, elaboração de campanhas de incentivo ao envolvimento de todas as equipes e produção de peças gráficas: “é preciso convidar profissionais motivados para falarem sobre a importância da implantação do protocolo. O uso do check-list precisa ser um procedimento rotineiro como é a antissepsia pré-operatória das mãos”, avalia Adriana.
Outro desafio é controlar os índices de mortalidade e infecção pós-cirúrgica em todas as unidades, a fim de aperfeiçoar a mensuração dos resultados do processo.
Desde 2004, quando iniciou suas campanhas de higienização de mãos em seus hospitais, a Rede Fhemig já seguia as diretrizes de segurança da OMS. Quanto à campanha “Cirurgia Segura Salva Vidas”, a adesão da Fundação, através de carta formal do presidente Antonio Carlos de Barros Martins à OMS, foi uma ação que antecipou as leis estabelecidas no país de obrigatoriedade na implantação dos protocolos de segurança do paciente.
No último mês de janeiro, foi sancionada pelo governador de Minas Gerais Antonio Anastasia lei que cria um protocolo de segurança para evitar erros médicos durante cirurgia, por meio do preenchimento de questionário com informações básicas sobre o paciente.