Durante as festas de fim de ano e férias de verão, muitos carros vão para a estrada, e, para isso, os cuidados rotineiros com a segurança dos automóveis são fundamentais; porém, famílias com crianças devem ter atenção redobrada. Em viagens, principalmente de longa duração, os pequenos precisam de bastante zelo para que os passageiros possam chegar ao destino sem estresses desnecessários. Segundo a coordenadora de pediatria do Hospital João XXIII, Eliane Souza, o ideal é programar com antecedência paradas de duas em duas horas.
Uma viagem com crianças deve ser bem planejada: a vistoria do carro em uma oficina de confiança é primordial, em qualquer caso; definir o que será levado para alimentação e hidratação dos pequenos também é importante; além disso, deve-se verificar se o menor estará bem protegido durante o deslocamento, considerando que há um equipamento de segurança adequado para cada idade e peso.
O estudante Gabriel Costa, de sete anos, foi vítima de acidente de trânsito em estrada no último mês de outubro, quando o motorista do taxi em que estava tentou fazer uma ultrapassagem proibida e bateu em um caminhão – Gabriel, que estava no banco traseiro com o primo e a tia, não usava cinto nem nenhuma outra proteção. Na ocasião, o motorista e o primo do estudante foram a óbito, e Gabriel teve traumatismo crânio-encefálico (TCE) grave e fraturas nos membros superiores e inferiores. A mãe do garoto, Lurdilene Costa, afirmou que Gabriel ainda não se recuperou do acidente, tendo medo de entrar em veículos: “nunca mais ele andará em um carro sem estar totalmente seguro”, afirmou ela.
Os equipamentos de retenção infantil são acessórios que se apoiam nas regiões mais resistentes do corpo da criança, evitando assim ao máximo ferimentos em caso de uma colisão. Bebês de até 1 ano de idade precisam ser afixados no bebê-conforto, que deve ser instalado de costas para o banco do motorista. Depois dessa idade, a cadeirinha já pode ser usada, mas de frente para o condutor.
Quando a criança fica muito grande para usar a cadeirinha, mas ainda pequena para sentar-se no banco, o assento de elevação, ou booster, é o adequado, considerando que é destinado a crianças maiores, acima de 16 quilos. O principal objetivo do equipamento é fazer com que o cinto passe de maneira correta pelo corpo da criança (pelo meio do ombro, centro do peito e sobre os quadris). Ao passar de 1.45m, ela já pode se sentar no banco traseiro usando apenas o cinto, pois já consegue firmar os pés no chão.
De acordo com Eliane de Souza, pela fragilidade de sua estrutura física, uma batida forte pode ser mais perigosa para uma criança do que para um adulto, mas cada caso é particular: “são comuns em pessoas de menor faixa etária traumatismos cranianos e raquimedulares, lesões no abdômen, além de fraturas de membros”. Segundo a pediatra, o cinto de segurança pode deixar machucados chamados de “tatuagem de cinto” dependendo da força da colisão, mas raramente ocasiona lesões mais graves: “Mesmo que a criança se lesione, as consequências serão infinitamente menores do que se ela estivesse sem o cinto”, ressalta.
Para uma viagem de carro com crianças, é interessante levar a comida de casa e tentar não se alimentar nas paradas de estrada. Eliane de Souza sugere que seja dada preferência a frutas de fácil digestão, como maçãs, pêras, e bananas. “Deve-se evitar alimentos com muito sal, como chips e salgadinhos, pois têm muito sódio e causam sede, além de possuírem gordura trans, o que pode causar mal estar”, explica a pediatra. Também não devem ser ingeridos alimentos com leite, como iogurtes, pois tendem a fermentar, o que pode gerar indigestões, vômitos e diarreia na criança. Quanto à hidratação, água e sucos naturais são as melhores opções, podendo ser oferecidas ao pequeno durante todo o trajeto. Refrigerantes não são recomendados.
Para distrair os menores durante a viagem e evitar choro, estresse e perguntas como “quanto tempo falta para chegar?”, podem ser instalados DVD's portáteis no veículo para eles assistirem a filmes infantis. Jogos para smartphones e tablets também podem ser uma boa ideia para as crianças maiores, mas não devem ser usados por muito tempo: “só pelo deslocamento do carro já há uma mudança de equilíbrio, portanto os games podem contribuir para que náuseas ocorram”, avisa Eliane. Outra sugestão são jogos de palavras, brincadeiras das quais toda a família pode participar e ainda estimulam a memória da criança.