Médicos do Hospital João XXIII fazem apelo aos pais e demais responsáveis para que presenteiem as crianças com segurança neste Natal e Ano Novo

Os pais devem ter cuidado ao presentear as crianças
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Quase tão típica quanto árvore de Natal e Papai Noel, a ocorrência de acidentes resultantes da introdução de partes de brinquedos na boca, nariz e ouvidos, assim como a ingestão pelas crianças de pilhas e baterias que compõem muitos desses objetos, principalmente neste período do ano, torna ainda mais importante a adoção de medidas de segurança pelos pais e demais responsáveis no momento da compra de presentes que oferecem risco potencial.


A situação é tão grave que o Hospital João XXIII (HJXXIII), da Rede Fhemig, apresenta uma das maiores casuísticas do mundo no atendimento a crianças vítimas de acidentes que envolvem a introdução de corpos estranhos no nariz, ouvidos e garganta. Segundo o médico do Serviço de Otorrinolaringologia do hospital, Gustavo Coelho dos Anjos, as ocorrências são mais frequentes no grupo etário de dois a quatro anos de idade. "Entre os corpos estranhos de nariz, ouvidos e faringe, os dois primeiros respondem por 96% dos casos entre as crianças", destaca o médico.

Corpo estranho, um inimigo perigoso

Dos 5.753 acidentes envolvendo corpo estranho atendidos pelo HJXXIII, de 01 de janeiro a 15 de dezembro deste ano, 2.241, ou seja, 38,9% tiveram como vítimas crianças de 0 a 12 anos e estão relacionados a peças de brinquedos, pilhas, baterias, moedas, broches, medalhinhas para chupeta, bijuterias, dentre outros objetos.

Nesse contexto, os brinquedos e artigos para crianças superam até mesmo os eletrodomésticos quando o assunto são os acidentes de consumo, sendo responsáveis por 15% das ocorrências, segundo dados estatísticos do Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo (Sinmac).

Vale ressaltar que as crianças, a partir dos três anos, estão mais sujeitas a colocarem os objetos no ouvido, ao passo que as de até dois anos, mais frequentemente, os introduzem no nariz. Gustavo Coelho aconselha os pais e outros responsáveis pelas crianças a nunca tentarem remover o objeto e levá-las, o mais rápido possível, ao hospital, principalmente quando se tratar de corpo estranho no nariz, pois há o risco de a criança vir a sufocar.

Pilhas e baterias: risco de lesão e óbito

Embora as ocorrências com pilhas e baterias sejam em menor número, elas não representam um perigo menor. De acordo com o médico clínico do setor de Toxicologia do HJXXIII, Marcelo Veloso, as pilhas e baterias ingeridas pelas crianças, quando alojadas no esôfago, podem provocar, em um período de tempo relativamente curto (4 horas), a ruptura do órgão e até mesmo levar à morte. Se aspiradas, elas passam pela laringe, traqueia e brônquios e podem atingir os pulmões. Caso as pilhas ou baterias sejam de maior dimensão, elas podem obstruir a traqueia e gerar insuficiência respiratória. De todo modo, diante da suspeita, deve-se procurar, imediatamente, atendimento de urgência.

Para efeito de comparação, de acordo com estatísticas norte-americanas, entre 1997 e 2010, cerca de 30.000 crianças de até quatro anos deram entrada nos serviços de urgência dos hospitais dos Estados Unidos devido a lesões causadas por pilhas.

Presente não precisa rimar com acidente

O selo do Inmetro é garantia de segurança
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O coordenador médico do Pronto Socorro, Marcelo Lopes Ribeiro, ressalta que ao adquirem os brinquedos, os pais e demais responsáveis pelas crianças devem dar preferência aos artigos em que o compartimento para armazenar as pilhas ou baterias seja parafusado.

Outro cuidado importante é não comprar brinquedos incompatíveis com a idade da criança. Eles devem adquirir apenas aqueles que apresentam, na embalagem, a indicação da faixa etária adequada. Jamais devem levar para casa brinquedos que não contém o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) que atesta a segurança desses objetos.

Embora critérios como o preço e a preferência da criança sejam levados em conta, ao escolher o item que vai ser entregue pelo Papai Noel, os aspectos destacados pelo médico são essenciais para a manutenção da saúde das crianças.

Portanto, os pais também devem observar os materiais que compõem os brinquedos. Somente devem comprar aqueles feitos com artigos resistentes, não tóxicos e não inflamáveis. Brinquedos com pontas ou bordas afiadas; que produzem ruídos acima de 100 decibéis; e com correntes, tiras e cordas com mais de 15 cm não devem ser dados às crianças.

Além disso, não são recomendados brinquedos com vidros para meninos e meninas de até cinco anos e artigos elétricos, ligados em tomadas, com elementos de aquecimento, com pilhas e baterias, para crianças com menos de oito anos de idade.