Com o avanço do envelhecimento populacional, os problemas típicos da maturidade, naturalmente, também ganham maiores proporções. Situações inevitáveis nesta fase da vida, como a perda natural de equilíbrio e de força muscular, associada a uma multimedicação, e o agravamento de males comuns da terceira idade, como labirintite, hipertensão e problemas renais, contribuem para que acidentes diversos possam ocorrer com mais facilidade.
Por esses e por vários outros motivos, é importante cuidar da saúde desde cedo: alimentar-se de maneira saudável (dieta à base de legumes, verduras, peixes, azeite), não fumar, evitar álcool, praticar atividades físicas e controlar as doenças já existentes é extremamente importante, principalmente para evitar infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
Quando se fala em exercícios, caminhadas e alongamentos são exercícios democráticos, que pessoas de qualquer faixa etária podem praticar, inclusive os mais idosos. Já as atividades em grupo estimulam a socialização e a integração dos participantes, o que diminui sentimentos de solidão e depressão.
Leonor Pacheco, de 89 anos, sofreu há alguns anos uma grave queda durante uma crise de labirintite, quando descia as escadas na portaria do prédio onde morava. A dona de casa bateu a cabeça na mureta e desmaiou, mas foi levada de volta ao apartamento por vizinhos e quando acordou, recusou-se a ir ao hospital. Porém, ao se passarem cinco dias e a dor de cabeça permanecer, Eleonor foi ao médico, e após uma tomografia, foi constatado um coágulo no local. A idosa teve que passar por uma cirurgia de urgência, que foi bem sucedida. Hoje, ela não faz mais as atividades de antigamente: “tenho muito medo de cair novamente, não saio caminhando mais por aí como antes. Costumava fazer as tarefas de casa, mas hoje só cozinho, que é algo que adoro”, conta Leonor.
Já o senhor João Balbino Filho, de 71 anos, foi atropelado há duas semanas na porta de casa ao sair para retirar o lixo, e levado ao Hospital João XXIII. O idoso, que apresenta confusão mental e não se recorda do que aconteceu, teve fratura na perna direita, e escoriações na face e nos membros superiores. Segundo a irmã, Sérgia Balbino, o socorro chegou rápido e o motorista deu assistência: “Como ele mora sozinho, o atendimento que ele teve foi fundamental, ou ele não teria ninguém para ajudá-lo naquele momento”, afirma.
Quedas da própria altura são o principal motivo de acidentes com pessoas de mais idade, e 75% dos casos acontecem dentro de casa, segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS). O número de idosos acima de 70 anos que chegam ao Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, vítimas deste tipo de ocorrência, é alto. De janeiro a outubro de 2013, foram 927 casos, sendo 601 mulheres. Além disso, de acordo com pesquisas, no Brasil cerca de 30% dos idosos caem ao menos uma vez por ano, e destes, de 5% a 10% sofrem lesões severas.
De acordo com a gerente assistencial do HPS Vânia Tannure, os traumas mais comuns nestes casos são fraturas no fêmur, punho, tórax e traumatismo craniano, que podem desencadear em outras doenças, principalmente as respiratórias, como pneumonia e embolia pulmonar, pelo fato de o idoso ter que ficar imobilizado, sem poder se movimentar.
O que fazer
Caso a pessoa idosa sofra uma queda, o familiar ou acompanhante deve pedir que ela movimente os membros e verificar qualquer reclamação: “se houver qualquer resposta positiva de dor, dificuldade de movimentação, dor no tórax, movimentação no pescoço, o idoso deve se manter deitado e aguardar pelo atendimento pré-hospitalar”, avisa a gerente assistencial do HJXXIII.
Como prevenir:
• Tenha poucos móveis em casa.
• Não use tapete.
• Não coloque objetos de uso diário em locais muito altos.
• Escadas sempre devem ter corrimão.
• O piso não deve ser escorregadio, principalmente o do banheiro.
As queimaduras também são acidentes domésticos comuns entre idosos. Embora não seja determinada uma conduta específica para pessoas mais velhas que passem por esse tipo de situação, é sabido que os idosos que sofrem queimaduras necessitam cuidados especiais, já que seu sistema imunológico e sensibilidade já não são mais os mesmos de um adulto saudável, e doenças como diabetes dificultam a cicatrização.
Normalmente, segundo o neurocirurgião do Hospital João XXIII Rodrigo Faleiro, idosos se queimam por motivos clínicos como diminuição nos reflexos, artrose, e problemas na visão, como cataratas, que contribuem para que a pessoas de mais idade tenham dificuldades ao manusear panelas e outros utensílios de cozinha. A diminuição da sensibilidade para as temperaturas também facilita para que o idoso se queime quando bebe ou come algo quente.
O que fazer
Caso o idoso sofra uma queimadura de pequena extensão, é importante resfriar o local com água corrente. Seque o local com um pano limpo e cubra o ferimento com compressas de gaze. Mantenha a região queimada mais elevada que o resto do corpo, para evitar inchaços. É fundamental também a ingestão de bastante água para hidratação. Não use nenhuma pomada ou produto doméstico na ferida. Em qualquer circunstância, chame o socorro.
Como prevenir:
• Evite deixar isqueiros, fósforos e materiais inflamáveis ao alcance do idoso, principalmente se ele tiver alguma deficiência motora.
• A água do chuveiro, assim como as bebidas e alimentos, deve estar em uma temperatura adequada (morna agradável).
• Evite deixar o idoso manusear velas ou outros objetos que envolvam fogo ou substâncias explosivas.
• Procure desligar o gás da cozinha após utilizá-lo.
Confira a continuação da matéria que será publicada no site da FHEMIG amanhã, dia 27