De 23 a 27 de setembro, o Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, promove a Semana de Prevenção de Intoxicação e Acidentes com Envenenamento e Animais Peçonhentos - uma exposição dos principais agentes causadores de intoxicações atendidas na unidade. Quem passar pelo pátio do hospital, cujo acesso se dá pela entrada de visitantes, poderá conferir uma série de itens tóxicos, que vão desde plantas a animais peçonhentos, passando por produtos de limpeza e medicamentos.
“A iniciativa da exposição surgiu da necessidade de levar informação ao público sobre como prevenir ou diminuir a gravidade de possíveis acidentes com agentes tóxicos, além de retratar o trabalho desenvolvido pela Toxicologia do HJXXIII, que é referência nesse tipo de atendimento”, explica Délio Campolina, coordenador do setor de Toxicologia do hospital.
De janeiro a julho deste ano, a unidade de Toxicologia do HJXXIII atendeu 594 casos de ingestão indevida de produtos como soda cáustica, ácidos, cloro, água sanitária, desengordurante, entre outros. Em 2012, foram 974 casos desse tipo atendidos na unidade.
Campolina alerta para o perigo de armazenar esses itens em excesso. “É necessário adquirir somente a quantidade suficiente do produto para o uso imediato e guardá-lo em local fechado, alto, onde crianças não tenham acesso”, reforça.
Em 2012, 4.147 crianças entre 0 e 14 anos foram atendidas na unidade de Toxicologia do HJXXIII, o que representa 36,5% dos casos de intoxicação recebidos pelo hospital no ano passado. Campolina alerta que os perigos podem estar em diversos cantos da casa.
“Um bom exemplo são aqueles produtos de limpeza armazenados em garrafa pet. Geralmente, são líquidos bem coloridos que, por se parecerem com suco ou refrigerante, podem levar a uma ingestão acidental. Recebemos muitos casos também de crianças intoxicadas por medicamentos. Os acidentes ocorrem mais com xaropes, que são doces, têm cheiro, e a criança ingere como se fosse alimento. Ou mesmo pílulas que, em alguns casos, se parecem com balas. Na maior parte das vezes, as crianças imitam o ato do adulto de tomar o remédio”, afirma.
O especialista pondera que a maior parte dos casos de intoxicação por medicamentos ainda são relacionadas a tentativas de autoextermínio. “Os mais comuns são casos de ingestão exacerbada de analgésicos, medicamentos anti-hipertensivos, tranquilizantes e psicoativos, como antidistônicos, antidepressivos e anticonvulsivantes. A pessoa, geralmente, tem o remédio em grande quantidade em casa, porque é de uso contínuo. Isso é um risco não só para as crianças, mas também para um adulto com instabilidade emocional”, esclarece.
De janeiro a julho deste ano, foram recebidos 2.170 casos de intoxicações por medicamentos no HPS, o que representa 25,7% do total de atendimentos realizados pela unidade de Toxicologia nesse período.
A conduta inicial vai depender do agente ingerido. Por isso, o mais indicado é entrar em contato imediatamente com o centro de toxicologia da região para pedir orientação. Dependendo do produto, pode ser contraindicado induzir vômito ou tomar leite, por exemplo.
“A medida de descontaminação deve ser o mais precoce possível. A recomendação geral é fazer contato com o centro de toxicologia, realizar o procedimento instruído pelo atendente e, na sequência, procurar atendimento na unidade de saúde mais próxima”, afirma Campolina.
1.774 casos de intoxicação por plantas e animais peçonhentos foram recebidos no HPS de janeiro e julho deste ano, o que corresponde a 21% dos atendimentos realizados pela unidade de Toxicologia do HJXXIII nesse período.
“No caso dos vegetais, a intoxicação por Comigo Ninguém Pode é a mais recorrente, pois muitas casas possuem essa planta. Também atendemos com frequência casos de ingestão de Chapéu de Napoleão (planta arbustiva, de textura lenhosa e folhagem e floração decorativas). Esse vegetal produz castanhas que, ao contrário do que muito gente imagina, não são comestíveis”, explica Campolina.
Os sintomas decorrentes da intoxicação por essas plantas são, geralmente, queimação e inchaço nos lábios e na língua, náuseas, vômitos, diarreia, distúrbios cardíacos e asfixia que podem levar à morte.
Em relação aos animais peçonhentos, o aumento de casos costuma se dar em época de calor e chuva, quando serpentes e escorpiões ficam mais agitados e saem de seus habitats à procura de alimentos. Os temporais também deixam os bichos desalojados, o que provoca maior contato com as pessoas e, consequentemente, maior número de acidentes.
Entre os acidentes com animais peçonhentos atendidos na unidade, os mais recorrentes são com escorpiões. De janeiro a julho de 2013, foram recebidos 852 casos de intoxicações causadas pelo contato com o animal. “Na região sudeste do país, o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) é o mais comum, sendo frequentemente encontrado nos centros urbanos. Eles se alimentam de baratas e insetos, por isso, um ambiente limpo ajuda a afastá-los de casa”, esclarece Campolina.
As serpentes, lagartas e escorpiões também aparecem no ranking dos principais casos de intoxicação por animais peçonhentos. No primeiro semestre deste ano, foram 333 casos de atendimentos por contatos com lagartas (taturana, lonomia e mariposa), 186 por serpentes (cascavel, grupo das jararacas e corais) e 147 por aranhas (armadeira, aranha de jardim, aranha marrom e viúva marrom).
Entre os cuidados para evitar complicações com animais peçonhentos estão a atenção na hora de fazer a capina, procurando usar sempre equipamentos de proteção, como botas e luvas. No caso de um ataque de cobra, por exemplo, o uso desses materiais evita a inoculação do veneno.
Manter o ambiente limpo, evitando acúmulo de lixo dentro de casa, e entulhos pelo quintal, ajuda a reduzir as chances de acidentes com animais peçonhentos.
O Centro de Informações e Assistência Toxicológica de Belo Horizonte (CIAT-BH) fica localizado na própria unidade de Toxicologia do HJXXIII e fornece orientações em caso de acidentes. Os telefones são (31) 3224-4000, 3239 9308 / 9390 ou 0800-7226-001.
Semana de Prevenção de Intoxicação e Acidentes com Envenenamento e Animais Peçonhentos
De 23 a 27 de setembro (segunda a sexta-feira)
Segunda, das 10h às 17h. Demais dias, das 9h às 17h.
Local: Pátio do Hospital João XXIII – entrada de visitantes
Avenida Alfredo Balena, 400, bairro Santa Efigênia.