O setor de Engenharia Clínica da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Rede Fhemig) é referência na área para hospitais de todo o país, principalmente pela transparência e lisura nos processos. “Pessoas de outras instituições visitam a Fundação e querem levar para o seu ambiente de trabalho o que veem aqui. A Fhemig fez, faz e fará escola”, salienta o supervisor da Gerência de Engenharia Clínica (GEC), Rômulo Martini.
A GEC, que conta hoje com nove engenheiros clínicos, é responsável não somente por fazer a manutenção de equipamentos hospitalares de todas as unidades, mas também por atuar em todos os processos que envolvem os hospitais, como projetos de reforma e ampliação. “A Engenharia Clínica vê o hospital como um todo”, explica o engenheiro.
A engenharia clínica é uma área relativamente nova que, até os anos 90, não existia com esta denominação. O campo de atuação, que tem como objetivo a compreensão da gestão das tecnologias médicas, se estruturou na Rede Fhemig após grandes esforços da Fundação, junto ao Ministério da Saúde, na profissionalização do setor.
O primeiro engenheiro clínico da Fhemig e atual supervisor da GEC, Rômulo Martini, ouviu o termo Bioengenharia (ciência que estuda a adaptação de equipamentos para organismos vivos) pela primeira vez em meados dos anos 80, época em que começou a trabalhar no setor de infraestrutura da Rede. “Na ocasião, já realizávamos na Fhemig a manutenção de equipamentos médicos e, a partir daquele momento, passamos a trabalhar melhor a engenharia voltada para a biomedicina” conta Rômulo, que é formado em engenharia mecânica e se especializou em Patrimônio Biomédico na França.
O investimento da Fundação para a estruturação interna do setor chamou a atenção do Ministério da Saúde (MS), já que o gerenciamento de manutenção, naquele tempo, não era realizado por engenheiros e nem existia uma área de atuação específica para a engenharia no âmbito hospitalar. “No Brasil, pouquíssimos hospitais faziam a manutenção de equipamentos utilizando engenheiros e a Fhemig fazia parte daquela minoria”, conta Rômulo.
Tendo em vista esse cenário, no início dos anos 90, o MS criou o programa PROEQUIPO com o objetivo de qualificar engenheiros para atuarem na fabricação e manutenção de equipamentos hospitalares. A Fhemig teve enorme participação nas oficinas do programa, durante as quais foram discutidos temas de grande importância para o futuro da engenharia clínica, como as especificações técnicas a serem adotadas em todo o país.
Através do projeto, também foram realizados os primeiros cursos da área com a duração de um ano. “Na Europa, o engenheiro clínico é formado em cursos de graduação. No Brasil, a urgência da necessidade de profissionais, fez com que a formação se desse por meio de cursos de especialização”, conta o engenheiro.
A Rede Fhemig passou a investir de forma constante na formação de novos profissionais da área e em normalização técnica. Desse modo, a GEC começou a adquirir forma. Em 1993, com a obrigatoriedade do registro de produtos médicos na ANVISA, a Fhemig reiterou o seu protagonismo e foi a primeira instituição a exigir, nos editais de licitação, que as empresas concorrentes comprovassem o registro na ANVISA dos produtos a serem adquiridos. “Apesar de ser chefe de outro serviço naquele momento, criei mecanismos para que houvesse um mapeamento de informações para a estruturação da Engenharia Clínica”, ressalva o supervisor da GEC.
No início dos anos 2000, quando a Gerência de Engenharia Clínica passou a promover um resgate de diversos equipamentos médicos dos hospitais da Rede Fhemig que tiveram baixa patrimonial, deu-se início a uma espécie de museu dos equipamentos clínicos utilizados ao longo da história da Fundação. A intenção é que, no futuro, o espaço adquira o caráter de memorial e explicite a evolução técnica desses equipamentos. “Nosso grande objetivo, ao mantermos estas peças, é, além da simples necessidade de sua conservação, contar a história dos equipamentos hospitalares da Fundação”, afirma o engenheiro.