É comum crianças sofrerem quedas de escadas, camas e sofás; porém, é preciso uma atenção ainda maior com os pequenos de zero a dois anos de idade, principalmente com os que estão aprendendo a andar. Além do cuidado constante de um responsável, é necessário estar atento aos riscos potenciais que o ambiente pode oferecer.
Somente no primeiro semestre deste ano, o Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, atendeu 292 casos de quedas de cama e sofás. Destes, 235 eram crianças de zero a 12 anos, das quais a maioria era menor de dois anos. Segundo Tatiane Miranda, pediatra do HPS, é comum o bebê ser colocado (em geral, o menor de seis meses) na cama para a troca da fralda, ignorando o fato de que ele pode ser capaz de virar de bruços e rolar de um lado para o outro. “Se a troca da fralda será feita na cama, tudo já deve estar preparado. Não dá pra deixar a criança sozinha e ir até o armário para pegar algo, por exemplo. Sempre lembrando: o local da criança é o berço”, reforça a pediatra.
No caso de quedas de escadas, o HJXXIII atendeu, até junho, 203 crianças. Uma delas foi Pedro Dias, de cinco anos, que ao subir a escada de sua casa, olhou para trás para procurar a irmã, pisou em falso e caiu. Após a queda, a criança ficou inconsciente. Ao ser atendido no hospital, o menino recebeu o diagnóstico de traumatismo crânio-encefálico e sangramento interno. A mãe conta que ficou muito assustada com a situação. “É preciso ter muita atenção. Achei que ia perdê-lo do jeito que eu o trouxe para cá”.
Seja qual for a idade da criança, é importante verificar se existe a necessidade de se realizar adaptações na casa. Tatiane Miranda aconselha que haja portões que fechem os acessos às escadas, que o piso não seja escorregadio e que o corrimão de proteção seja completamente fechado. Caso a escada tenha apenas grades de proteção, é essencial que haja, no máximo, cinco centímetros entre as barras para que a criança não coloque a cabeça. “Também sugerimos que bebês não usem andador, que favorece as quedas, e até já foi proibido. Além disso, recomendamos que crianças menores de 10 anos não durmam na parte de cima do beliche”, aconselha a pediatra.
Após a queda, o responsável pela criança deve observar se ela está inconsciente; caso esteja, é adequado um transporte pré-hospitalar via SAMU. Se ela estiver reagindo bem, deve ser encaminhada ao pronto-atendimento mais próximo. Ao ser atendida, o seu nível de consciência será avaliado. “Serão observados sua resposta verbal, abertura ocular e se os movimentos estão normais”, explica Tatiane Miranda.
Em crianças de zero a dois anos, os traumas mais comuns decorrentes de quedas de escadas, camas e sofás são os cranianos, principalmente os traumatismos crânio-encefálicos. Nessa faixa etária, há mais chances de um ferimento grave, pois a estrutura óssea ainda está em formação e o peso da cabeça é maior em relação ao corpo. “Depois que cresce, a criança pode se proteger com os membros superiores e inferiores”, diz a pediatra do HJXXIII.
• Não deixe a criança sozinha em nenhum local da casa, principalmente em cima de camas e sofás, mesmo que ela ainda não tenha aprendido a rolar.
• Andadores não devem ser utilizados.
• Feche o acesso às escadas nos andares de cima e de baixo.
• Não deixe objetos como travesseiros e brinquedos soltos no berço, pois podem virar um “trampolim” para que a criança pule.