O Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Rede Fhemig, recebe médicos de outros estados brasileiros para serem treinados pelos profissionais do seu Serviço de Fibrose Cística. A atratividade do serviço se deve ao fato de o HIJPII sustentar, pelo segundo ano consecutivo, o título de referência nacional no diagnóstico e tratamento da doença, devido à sua alta especialização no tratamento, infraestrutura e equipe multidisciplinar.
O treinamento é uma solicitação do Ministério da Saúde, que visa expandir e qualificar os serviços nos estados e incluir, gradativamente, a ampliação do acesso aos exames incluídos no Programa Nacional de Triagem Neonatal. Desse modo, o HIJPII disponibiliza espaço e profissionais para a capacitação. “Este novo pedido do Ministério da Saúde confirma a qualidade dos resultados que estamos alcançando em Minas”, afirma o pneumologista Alberto Andrade Vergara, coordenador técnico do Serviço de Fibrose Cística que funciona desde 2003 na unidade.
Durante quatro dias, as pediatras Ana Paula Bromberg, professora da Universidade Estadual do Amazonas e Cláudia Rodrigues, da Secretaria Estadual de Saúde de Manaus, atenderam pacientes sob a supervisão dos especialistas do HIJPII. Os conhecimentos adquiridos serão utilizados por elas na implantação da fase III do “teste do pezinho” no estado do Amazonas. “Vai ser um benefício para mim e para os pacientes que eu acompanho, pois vai melhorar o atendimento”, afirmou Cláudia Rodrigues. Para Ana Paula, foi relevante a oportunidade de conhecer o serviço pioneiro da equipe mineira. “É importante absorver a experiência de quem começou primeiro no programa”, disse.
Nos próximos meses, são esperados profissionais de outros estados que também serão treinados. Os primeiros virão do Amapá em julho.
Matheus Ribeiro Vilela Rezende tem 12 anos e é atendido no HIJPII desde os cinco meses de vida, quando foi diagnosticado com fibrose cística. Na época, o teste do pezinho ainda não incluía a doença, mas os sintomas ajudaram na detecção. Apesar de ter um plano privado de saúde, todo o acompanhamento do menino é feito no HIJPII, pois a rede particular não oferece o tratamento. O pai, Adilson Vilela Rezende, afirma que o filho está muito bem e que, graças ao tratamento especializado que recebe, leva uma vida normal e nunca precisou de internação. “O atendimento no hospital é ótimo”, afirmou, elogiando os pediatras.
O HIJPII atende, atualmente, 146 crianças e adolescentes de dois meses a 18 anos de idade, o que representa quase 36% dos casos em Minas. “Apenas 18% dos pacientes atendidos aqui apresentam um quadro crônico de infecção por pseudomonas aeruginosa (fator que afeta a sobrevida do paciente). Um índice muito bom se comparado com outros centros de referência mundial”, frisou o médico. Segundo Vergara, a melhor média mundial é a da Dinamarca (11%) e a de Minas supera até a dos Estados Unidos que é de 50%.
Das cerca de 250 mil crianças que nascem anualmente em Minas Gerais, entre 25 e 30 apresentam Fibrose Cística. A doença, também conhecida como Mucoviscidose, é herdada geneticamente de pais portadores sadios e se caracteriza pelo distúrbio nas secreções das glândulas exócrinas (glândulas produtoras de muco), o que causa deficiências progressivas que podem levar à morte prematura.
Minas Gerais foi um dos primeiros estados brasileiros a realizar a fase III, com a detecção da fibrose cística (entre outras doenças), razão pela qual foi escolhido como polo de treinamento. Em 2012, outros profissionais de 11 estados brasileiros, que também iriam começar a oferecer a fase III, já foram capacitados.
Em novembro, pediatras de Salvador e Belém realizaram visitas de capacitação para diagnóstico, atendimento e tratamento de fibrocísticos triados pelo teste do pezinho.
Nos meses seguintes representantes do Mato Grosso, Acre, Ceará, Maranhão, Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Piauí e Rio Grande do Norte também vieram conhecer o serviço. Além de médicos, participaram farmacêuticos, biomédicos, biólogos, bioquímicos e técnicos em enfermagem e patologia clínica, num total de 60 profissionais.