Desde o início deste ano, o Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, conta com uma ferramenta que vem auxiliando os profissionais da unidade em vários aspectos: o Registro de Trauma (RT). Ele trouxe ao HPS a possibilidade de documentação de todos os procedimentos pelos quais o paciente passa, desde o âmbito pré-hospitalar até a sua alta.
A necessidade de se criar um RT foi observada em 2008 durante um curso de qualidade da assistência no trauma, organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), do qual participou o médico Paulo Roberto Carreiro, coordenador da Cirurgia Geral do HPS. Na ocasião, o profissional teve acesso a diversas ferramentas, entre elas o RT. “A partir desse momento, passamos a sensibilizar os gestores e diretoria para a importância de um sistema como esse ser viabilizado no João XXIII”, conta Paulo Carreiro.
De acordo com Roberto Marini, gerente de Ensino e Pesquisa da Administração Central da Fundação (ADC), que participou da concepção do projeto, “o funcionamento adequado do RT possibilita ao hospital contar com informações preciosas para a avaliação da qualidade da assistência prestada aos pacientes vítimas de acidentes e violências”. Com o auxílio do software Collector Trauma Registry, desenvolvido pela empresa norte- americana Digital Innovation, esse registro é computadorizado e simplificado. Tal programa é usado somente na unidade e no Hospital Risoleta Neves, de Belo Horizonte.
Segundo Paulo Carreiro, o RT ainda se encontra em processo de implementação. A intenção é cadastrar todos os pacientes do hospital. “É preciso mão de obra especializada, pois o manuseio do sistema requer conhecimentos técnicos específicos”, esclarece o médico.
Até agora, foi realizado o banco de dados dos pacientes da cirurgia geral (já são quase 400 registros). No momento em que a pessoa dá entrada no HPS, a hora e a data em que ela entrou são registradas e, a partir daí, todas as intervenções pelas quais ela passar. “Qualquer exame que for feito, medicamento que for tomado, procedimentos realizados e dados clínicos, tudo é arquivado no sistema”, explica o médico Paulo Carreiro.
Por meio do banco de dados do software, é possível gerar uma série de relatórios sobre os pacientes. O próprio software fornece perguntas, de acordo com o seu critério, sobre os doentes e situações pelas quais ele tenha passado. Dependendo das respostas, por meio desses filtros, passa-se a ter informações esclarecedoras sobre a qualidade da assistência do hospital. Roberto Marini também cita a possibilidade de se entender, detalhadamente, os motivos de complicações advindas de lesões, muitas vezes não esperadas.
Com a ajuda do RT, torna-se possível a produção de pesquisas científicas sobre tratamentos para casos específicos, a elaboração de dados estatísticos (por exemplo, em que lugar da cidade estão ocorrendo mais atropelamentos) e a revisão sistemática de casos de óbitos no Hospital. Segundo Paulo Carreiro, a revisão das ocorrências de morte já está sendo realizada pela Comissão de Morbimortalidade da unidade. Neste momento, os residentes estão no processo de coleta de dados para a elaboração dos protocolos clínicos.
Outro ponto positivo é a viabilidade de realização de Benchmarking entre hospitais. Roberto Marini salienta que, como o software armazena relatórios detalhados, ele permite que se façam comparações com outros hospitais de trauma, proporcionando aos gestores a adoção de medidas que possam aprimorar a qualidade do tratamento oferecido. “Às vezes, acho que um dado meu está bom, mas quando avalio o de outro hospital, o dele está muito melhor”, exemplifica Carreiro. Nessas circunstâncias, com o RT, pode-se obter informações sobre como aprimorar cada aspecto, tendo como base os melhores níveis possíveis.