Dia Nacional de Combate à Asma

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Fotos: Rosemeire Carvalho
Laura Fernandes esteve no HIJPII para uma consulta agendada


Comemorado no dia em que inicia o inverno no Brasil, o Dia Nacional de Controle da Asma (21 de junho) foi instituído para alertar a população sobre a importância do tratamento e prevenção da doença. Marcado pela queda da temperatura e ar frio e seco, essa é a época do ano em que as crises são mais comuns. No Hospital Infantil João Paulo II, da Rede Fhemig, que atende casos mais graves e de difícil controle, houve significativa redução do número de internações por asma nos últimos 3 anos.

Em 2010, 1040 pacientes foram internados, passando para 611 em 2011 e 540 em 2012. De acordo com o médico Wilson Rocha Filho, coordenador do Serviço de Pneumologia e Alergia Pediátrica do hospital, essa queda se deve a programas governamentais, como o “Criança que Chia”, da prefeitura de BH e a distribuição gratuita de medicamentos na Farmácia Popular do Sistema único de Saúde (SUS).

Já o número de atendimentos subiu de 3.904 em 2010 para 6.956 em 2011 e recuou para 6.773 em 2012. A asma é uma doença crônica de alta prevalência e um problema de saúde pública que afeta pessoas de todas as idades; é responsável por 250 mil mortes prematuras em todo o mundo, sendo 3 mil só no Brasil. Quase todas poderiam ser prevenidas com tratamento adequado. De acordo com o pneumologista Wilson Rocha, as faixas etárias mais vulneráveis são os adolescentes e adultos jovens, que muitas vezes abandonam o tratamento após apresentar melhoras e só usam a bombinha na crise, sem controle médico.

“O paciente que é bem conduzido e faz o tratamento direito dificilmente vai morrer por asma”, afirma Rocha. Se não controlada, a doença limita as atividades diárias e pode levar à morte, pois a inflamação crônica das vias aéreas ataca o sistema respiratório e reduz, ou até mesmo obstrui, a passagem do ar.

Prevenir é fundamental

São vários os fatores desencadeantes das crises de asma e podem ser diferentes para cada pessoa: poeira, fumo, pelos de animais, grandes altitudes, variações de temperatura, infecções respiratórias, estresse emocional e até exercícios físicos, alimentos e medicações. A prevenção diminui as internações: as crianças devem ser bem hidratadas e alimentadas, ter uma dieta saudável e balanceada, além de evitar aglomerações. As casas devem ser bem ventiladas e os pacientes alérgicos devem evitar o contato com pelos de animais, mofo, cheiro forte e fumaça de cigarro. “Tem que tirar tudo: gato, cachorro, cortina; fazer uma higienização completa do ambiente”, recomenda a pediatra do HIJPII, Luciana Giarolla.

A inflamação crônica, associada a uma hiperresponsividade das vias aéreas, leva a episódios recorrentes de chiado, cansaço, aperto no peito e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã. A menina Laura Luisa Fernandes, de 4 anos, tem asma desde os 2 e já foi internada 3 vezes no Hospital Infantil João Paulo II. Segundo o pai, Wilson de Paula Correa, devido ao tratamento e a todas as orientações que recebe sobre profilaxia, a filha, alegre e muito falante, tem uma ótima qualidade de vida.

As crianças e idosos devem tomar a vacina contra gripe como proteção e manter os demais cuidados. Fatores emocionais podem desencadear crises, já que a asma é considerada uma doença psicossomática. O paciente controlado deve praticar atividades físicas regularmente. “Com a asma bem controlada, a pessoa pode ter uma vida normal”, enfatiza Wilson Rocha.

As crises têm que ser tratadas

Com a mãe, Júlia aguardava resultados de exames para ter alta,
após 4 dias de internação

Aos 9 anos, Júlia Posidônio foi internada pela primeira vez no HIJPII no último dia 14 de junho, onde permaneceu por 4 dias, após ter uma crise muito forte. “Ela não parava de tossir, chiava muito e estava muito cansada”, informou a mãe, Márcia Santos Carvalho. Júlia tem bronquite desde o primeiro mês de vida, mas só começou a usar a bombinha há um mês. “O médico disse que minhas crises estão ficando mais fortes”, lamentou a garota.

Nas crianças a doença pode ter um bom prognóstico com o tratamento adequado e desaparecer antes que atinjam a fase adulta. É importante tranquilizar o paciente sobre sua condição, lembrando-o de que a asma não é uma situação permanente de sofrimento e que pode ser controlada, permitindo-lhe realizar normalmente as atividades do dia a dia, inclusive exercícios físicos.

Estima-se que 10% da população tenha a doença, mas apenas 20 a 30% dos pacientes seguem o tratamento corretamente. O Hospital Infantil João Paulo II é referência estadual em atendimento pediátrico de doenças respiratórias, recebendo pacientes de todas as regiões do estado. O Serviço de Pneumologia e Alergia Pediátrica tem uma equipe multidisciplinar formada por professores e pós-graduandos, que atendem em média 500 consultas agendadas por mês, sendo cerca de 30% (150 a 200) casos de asma.

Tratamento

O tratamento, que varia conforme a gravidade da doença, deve ser contínuo, a fim de evitar a necessidade de hospitalizações ou atendimentos de emergência no momento das crises, que podem ser fatais. Inclui medicações específicas que melhorem o fluxo aéreo durante os períodos de crises e anti-inflamatórios, além de medidas educativas. Dependendo da gravidade, há necessidade de uso diário e prolongado de anti-inflamatórios inalados à base de corticosteroides, pois evitam a resposta inflamatória do organismo e são eficazes para reduzir os sintomas.

Se as crises forem muito frequentes, pode-se usar medicações preventivas. Os broncodilatadores de longa ação são usados diariamente e os de curta ação, somente nas crises, quando necessários. Alguns medicamentos podem ser encontrados no programa da Farmácia Popular e nos postos de saúde do SUS ou nos locais de dispensação das secretarias estaduais de saúde.