Hospitais da Rede Fhemig estão na linha de frente para atendimento multivítimas durante Copas

 

Hospitais João XXIII e Eduardo de Menezes participam de simulado para atendimento multivítimas
Foto: Henrique Chendes/SES
Hospitais João XXIII e Eduardo de Menezes participam de simulação para o atendimento multivítimas

 

 

No próximo sábado (22), o Estádio Mineirão será palco de mais um jogo da Copa das Confederações. Desta vez, entram em campo as seleções do Japão e México. Até o final deste mês, Belo Horizonte e mais cinco cidades brasileiras sediam a competição. Em razão do grande contingente de torcedores que vêm de outros países e de diversas cidades brasileiras, os Hospitais João XXIII (HJXXIII) e Eduardo de Menezes (HEM), da Rede Fhemig, contam com planos de atendimento multivítimas para situações de desastres (ou catástrofes) prontos para serem executados caso seja necessário. O mesmo vai ocorrer no caso da Copa do Mundo de Futebol de 2014.

O processo de preparação dos planos teve início em 2011. No caso específico do HEM, o plano destina-se ao atendimento de epidemias e acidentes biológicos com múltiplas vítimas, dado à característica do hospital que é referência estadual na assistência aos casos de epidemias, doenças infectocontagiosas e dermatologia sanitária. Outro aspecto relevante para a sua escolha foi a experiência exitosa do hospital durante a pandemia de Influenza A (H1N1) em 2009. Paralelamente a isso, existe ainda um segundo plano para a atuação do HEM como retaguarda do HJXXIII, do Odilon Behrens e do Risoleta Neves no atendimento a múltiplas vítimas de trauma.

De todo modo, é preciso salientar que o plano para o atendimento às epidemias e acidentes biológicos será acionado apenas na Copa do Mundo, uma vez que o Ambulatório de Urgência em Doenças Infecciosas, em construção no HEM estará pronto por ocasião do evento esportivo de 2014.

Assim, durante a Copa das Confederações, o HEM vai apenas disponibilizar leitos de terapia intensiva. As vítimas serão atendidas nos três outros hospitais de Belo Horizonte que compõem a Rede de Assistência em Situações de Catástrofes e Desastres durante a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 nas 12 cidades-sede e , ou seja, em Belo Horizonte, o João XXIII, o Odilon Behrens e o Risoleta Neves.

Planejamento estratégico

Segundo Tarcísio Versiani, diretor de emergências do HJXXIII, o grande objetivo do plano é “aumentar, por meio de um planejamento estratégico factível e fácil, a área física do hospital, para consequentemente, expandir a capacidade habitual de atendimento aos pacientes”. Versiani salienta que, segundo a literatura médica, um plano de catástrofes deve ser elaborado para atender até 20% acima do limite do hospital. No caso do João XXIII, que possui 400 leitos, seria possível atender simultaneamente mais 80 pacientes, vindos do desastre. Já no Eduardo de Menezes, a capacidade é para 30 vítimas, uma vez que o hospital possui 150 leitos.

Ferramenta permanente

Em todos os hospitais que vão atender multivítimas, o projeto tem o objetivo de garantir recursos humanos e materiais extras no caso de uma ocorrência de grandes dimensões, considerando que a Copa das Confederações e a Copa do Mundo irão reunir multidões. “Como o João XXIII é o maior pronto-socorro do estado, logicamente, ele abrange um maior número de pacientes”, afirma Versiani. O médico ressalta ainda que o Pronto Socorro pretende utilizar o Plano de Atendimento a Desastres e Catástrofes como ferramenta permanente.

De acordo com o gerente assistencial do HEM, o médico Marcelo Oliveira, o processo de preparação para a Copa do Mundo deixará muitos ensinamentos. “Estamos nos preparando e nos equipando para atuar nas catástrofes, epidemias e mesmo acidentes que podem ocorrer dentro do próprio hospital. Estes fatos podem ocorrer em qualquer ocasião e devemos estar preparados para acionar os nossos planos de atendimento à multivítimas”, reitera.

Multidimensões

Se for levado em conta o fato de que, pelas estimativas do Ministério do Turismo, são aguardados no país um contingente de 600 mil turistas estrangeiros, além de outros três milhões de brasileiros que irão se deslocar entre as 12 cidades-sede e que, somente em Belo Horizonte, são esperados 200 mil estrangeiros e 430 mil brasileiros, a adequada preparação logística é vital para garantir a segurança de todos que irão participar do evento. Nesse contexto, os serviços de saúde passam a desempenhar um papel ainda mais estratégico, uma vez que terão um novo perfil de possíveis pacientes, tanto em termos quantitativos, quanto qualitativos em razão da variabilidade do perfil epidemiológico dos turistas.

Execução do plano

Quando o plano é colocado em atividade, os pacientes vindos do desastre passam pela triagem e são classificados através das cores verde (sem risco imediato de morte – prioridade 3), amarelo (urgência – prioridade 2) e vermelho (emergência, com risco imediato de morte – prioridade 1), a fim de facilitar o fluxo dentro do hospital.

Tarcísio Versiani lembra que, segundo a literatura médica, numa situação de desastre, 50% das vítimas são verdes, e para elas, o plano de catástrofes do João XXIII destina três salas do bloco de emergência; 30% são amarelas, que ocupam duas salas; e 20%, vermelhas, para as quais é reservada uma sala – a de politraumatizados. Destes 20% de pacientes vermelhos, ainda segundo estudos, 10% precisará de uma cirurgia de emergência, o que, segundo o médico, é perfeitamente viável nestas circunstâncias: “Seguindo o nosso protocolo, é possível dar vazão a isso de uma maneira organizada, através de um planejamento estratégico. O problema são os pacientes verdes, que são muitos e que ocupam um grande espaço”, explica Versiani.

Bloco Vertical

Os pacientes que já se encontrarem sob cuidados do Hospital João XXIIIl no bloco de emergências, e que tenham uma situação clínica favorável para que saiam do local, serão transferidos para o bloco vertical (do 2º ao 10º andar), de modo que haja espaço para a chegada das vítimas do desastre.

Expertise

O presidente da Rede Fhemig sublinhou que a estrutura montada pelos dois hospitais da Fundação para fazer frente a eventuais situações de desastre explicita, de forma inequívoca, a alta capacidade técnica, profissional e de logística destas unidades e, ao mesmo tempo, consolida o papel de toda a Rede Fhemig como protagonista da promoção e da salvaguarda da saúde dos cidadãos mineiros e, no caso específico das duas Copas, da extensão de sua expertise aos cidadãos dos diversos países do mundo que estarão em Belo Horizonte na ocasião.