Adultos sem imunização são principais transmissores de coqueluche

 

Casos de Coqueluche aumentam
Foto:Reprodução/Internet
Casos de coqueluche aumentam em Minas Gerais

 

 

O aumento dos casos de coqueluche em Minas Gerais e em todo o país continua a ser um problema, e apesar de as crianças abaixo de um ano serem as principais afetadas pela doença, é necessário atenção especial aos adultos, que são os maiores transmissores do mal aos menores.

 

Um dos principais motivos pela proliferação da moléstia é o fato de a vacina não ter duração permanente, e os adultos ficarem novamente susceptíveis ao contágio, sem atualizarem a proteção. Dessa forma, acabam transmitindo a doença às crianças, que são mais vulneráveis. Falhas no diagnóstico da coqueluche em adultos também contribuem para a situação: “O médico pode falar que é gripe, alergia. Para o adulto, isso não gera grandes complicações, o problema é que ele passa a doença para a faixa etária menor”, diz a infectologista Andréa Lucchesi, do Hospital Infantil João Paulo II, da Rede Fhemig. O fato de a vacina não ser 100% eficaz é outro agravante: “Após tomarem a vacina completa, apenas cerca de 85% das crianças ficam imunizadas”, afirma Andréa.

Com a gravidade da situação, tem-se recomendado o reforço da vacina em adolescentes e adultos, principalmente os que tenham contato direto com crianças, como pais, professores e profissionais de saúde e de creches. As grávidas também estarão incluídas no calendário vacinal a partir do segundo semestre, para evitar que elas contraiam a doença e a transmitam para o filho antes que ele complete o ciclo básico completo de vacinação contra a coqueluche, o que só acontece aos 06 meses de idade.

Casos no Hospital Infantil João Paulo II

Somente no Hospital Infantil João Paulo II, em 2012, o número de casos de coqueluche mais que quadruplicou em relação a 2011. Até março de 2013, foram 61 confirmações, sendo que em 2012 registraram-se 125 casos durante todo o ano. Porém, segundo Helena Maciel, diretora da unidade, esses altos números de casos da doença também têm como causa uma mudança nos critérios de diagnóstico, os quais ficaram mais flexíveis a partir do último ano. Dessa forma, passou-se a considerar não só os aspectos laboratoriais, como também os clínicos e clínicos-epidemiológicos para avaliar os pacientes com sintomas, fazendo crescer naturalmente a quantidade de confirmações da moléstia.

 

Dados sobre coqueluche
Dados:NHE-HIJPII
Série histórica de coqueluche no HIJPII a partir de 2006

 

Fases da Coqueluche

A coqueluche é uma doença infecciosa altamente transmissível, causada pela bactéria Bordetella pertussis, e que evolui em três fases. A primeira fase, que dura de 1 a 2 semanas, é a chamada catarral, na qual a pessoa pode manifestar tosse seca, febre baixa, coriza e mal-estar. Já na segunda fase, a paroxística, as tosses se tornam mais severas, podendo gerar espasmos e vômitos. As tosses sucessivas atrapalham a respiração, e quando o fôlego é retomado, o doente inspira profundamente, o que é chamado de “guincho respiratório”. Estes eventos são mais freqüentes à noite, e adultos podem apresentar sudorese. A terceira fase, de convalescença, surge por volta da quarta semana e é o período em que os sintomas regridem até desaparecerem por completo.

Atenção aos sintomas

Segundo Andréa Lucchesi, as pessoas devem ficar atentas às manifestações da coqueluche, principalmente nos pequenos, nos quais a doença pode evoluir para casos mais graves: “A criança não costuma apresentar febre durante a doença, e nos intervalos das tosses, ela fica bem, não fica prostrada e sem apetite”, diz a médica. Antes de a criança completar o esquema básico de vacinação, a mãe deve manter a criança longe de adultos com sintomas da doença, e evitar levá-la a lugares públicos.

A infectologista também alerta para aqueles que tiverem a coqueluche diagnosticada, que o tratamento deve começar imediatamente. “Se o uso do antibiótico for feito na primeira semana, ele irá mudar o curso clínico da doença. Do contrário, somente diminuíra sua transmissibilidade”, explica. No caso de recém –nascidos, a demora no início do tratamento correto pode ser ainda mais perigosa.