O Hospital João XXIII, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Rede Fhemig), se prepara para oferecer, possivelmente já a partir de 2014, a residência em Toxicologia Médica (também denominada Toxicologia Clínica).
A nova residência está em processo de formatação na Rede Fhemig e pretende preencher lacuna representada pela ausência da área na formação dos profissionais de medicina. A expectativa é que ela seja a primeira no país. A criação da residência em Toxicologia Clínica permite a consolidação da área, bem como a disseminação do conhecimento e a descentralização do atendimento.
Reconhecida no final do ano passado (por meio da resolução 2005/12, de 21 de dezembro, do Conselho Federal de Medicina), a toxicologia médica era, até então, apenas uma disciplina dos cursos de medicina brasileiros. Com o reconhecimento, a Rede Fhemig, maior instituição não acadêmica a formar residentes no Estado, é uma das poucas organizações de saúde do Brasil que reúne condições para a oferta da residência em Toxicologia Médica já em 2014.
O atual programa, aprovado pela Comissão Nacional de Residência Médica, é fruto do trabalho conjunto do coordenador da Unidade de Toxicologia e do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIAT) do HJXXIII, Délio Campolina e do presidente da Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (ABRACIT), Fábio Bucaretchi e colaboradores.
A resolução do Conselho Federal de Medicina foi motivada, entre outras razões, pelo desenvolvimento formal da toxicologia clínica, como área independente e multidisciplinar, experimentado nos últimos 60 anos.
Tendo em vista o campo de atuação médica, vários profissionais, de diversas especialidades como clínicos, pediatras, emergencistas, intensivistas, anestesiologistas e médicos do trabalho, atendem, diariamente, pacientes que apresentam quadros de exposição tóxica aguda e crônica. Assim, a residência em toxicologia tem a missão de preparar, adequadamente, futuros profissionais, haja vista que muitos que hoje atuam na área não têm conhecimento técnico suficiente, o que pode ocasionar prejuízos para os pacientes.
O desenvolvimento e a importância da toxicologia Clínica, ao longo das últimas quatro décadas, devem-se, essencialmente, ao trabalho realizado pelos Centros de Informação e Assistência Toxicológica. As cidades de Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre foram as primeiras no país a implantarem os CIAT’s que são serviços de utilidade pública, com abrangência nacional, estadual e/ou regional.
Num país de dimensões continentais como o Brasil, o crescimento do número de profissionais com conhecimentos especializados na área da toxicologia representa um significativo investimento em saúde pública. Isto fica claro se for levado em conta o grande número de ocorrências envolvendo exposições tóxicas (abuso de drogas, acidentes envolvendo animais peçonhentos, entre outros) que têm como vítimas pessoas de todas as faixas etárias, notadamente, adolescentes e adultos.