São apenas quatro dias de festas. Muita alegria, riso, suor e curtição, mas é neste período de Carnaval que o Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, registra, com mais frequência, acidentes com animais peçonhentos, queimaduras graves decorrentes do álcool líquido usado para acender fogueiras, traumas devido a mergulho em águas rasas e afogamentos, além de acidentes automobilísticos e de motos.
Prudência é a palavra de ordem. O tempero do álcool pode estragar a festa e provocar danos irreversíveis à saúde dos foliões. No período de festas carnavalescas, o álcool está associado à maior parte dos atendimentos nas unidades de pronto-atendimento e serviço especializado de saúde. Os acidentes de trânsito, quedas, afogamentos, traumatismos diversos, brigas, agressões são algumas das principais consequências do uso abusivo do álcool.
Para caminhar ou mesmo ficar no acampamento, o ideal é estar calçado com sapato ou bota. Isso já evita boa parte dos acidentes. De todo modo, deve-se estar preparado para encontrar animais peçonhentos, como cobra, aranha, escorpião, lagarta, que produzem substâncias tóxicas, conhecidas popularmente como veneno. Mas com alguns cuidados simples se pode evitar problemas maiores.
As pessoas devem olhar bem por onde andam e, se necessário, bater a vegetação ou as folhas. A coloração da jararaca e da cascavel se confunde muito com a das ramagens e folhas secas. Há vários casos de acidentes onde a pessoa não enxerga a serpente.
No ataque de escorpião, a dor intensa provoca sensações de choque e vômito (em alguns casos, dificuldade respiratória e alterações no coração como arritmia podendo levar à morte). As crianças, os idosos e os cardiopatas são os grupos com maior risco de morte e devem ter atendimento médico rápido. Em apenas l5 minutos, o quadro pode se agravar com desfecho trágico. Minas é o estado brasileiro em que mais ocorrem acidentes com escorpiões.
Com relação aos acidentes com aranhas, a maioria (cerca de 70%) dos casos atendidos no João XXIII são da espécie armadeira. A picada causa dor intensa, mas com poucos sinais visíveis no local. No caso da aranha marrom, a picada, inicialmente, é pouco dolorosa. Mas, várias horas depois do ataque, costuma ocorrer dor intensa e lesão endurecida e escura que pode evoluir para ferida com necrose de difícil cicatrização. Já a picada da aranha viúva negra causa dor no local, contrações nos músculos, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
A dor é intensa, além de causar queimação. O veneno presente nas cerdas que revestem a parte superior da lagarta pode afetar a coagulação causando hemorragias e insuficiência renal. O atendimento deve ser rápido para evitar complicações sérias. No caso de contato com lagartas, deve-se passar sabão ou detergente ou creme de barbear e raspar o local, sem ferir, com faca ou canivete, para remover as cerdas deixadas por elas. Pessoas alérgicas devem redobrar a atenção porque sofrem reações mais intensas.
No caso de ataque de jararaca, o local da picada apresenta dor e inchaço, às vezes com manchas arroxeadas além de sangramento na gengiva, pele e urina. Já na picada por cascavel, o local não apresenta lesão evidente, apenas uma sensação de formigamento; visão turva ou dupla, dores musculares e urina escura. Após uma picada, deve se lavar o local com água e sabão. A vítima deve ficar deitada evitando, assim, se movimentar para não favorecer a absorção do veneno.
Para cada espécie de animal peçonhento, existe um soro específico que é aplicado, nos postos de saúde, em quantidade proporcional à gravidade. Antes de viajar, portanto, informe-se sobre os postos mais próximos.
Afogamentos e lesões graves de coluna provocadas pelo mergulho em águas rasas. É nesta época do ano, de calor intenso e feriados prolongados, que o Hospital João XXIII registra o maior número de casos destes dois incidentes. Na maioria das vezes, o afogamento de adultos acontecem quando a pessoa ingere bebida alcoólica de forma excessiva, a ponto de diminuir os reflexos, e, em seguida, entra na água. Muitas vezes, sem saber nadar.
O mergulho em águas rasas é a quarta causa de lesão medular no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A maioria destas lesões afeta pessoas com idade entre 10 e 30 anos. Um mergulho mal calculado, seja em rio, piscina ou mar pode ser suficiente para deixar uma pessoa paralisada por toda a vida. Ao cair do alto, de cabeça, num local raso ou onde há pedras ou bancos de areia, o choque faz com que o pescoço seja dobrado enquanto o resto do corpo continua a se mover, causando fratura de uma das vértebras.
-Não mergulhe em locais desconhecidos
-É essencial saber a profundidade do local em que se vai nadar
-Entre primeiro no local, sem mergulhar
-Evite brincar de empurrar amigos para dentro de lagos, poços, cachoeira ou mesmo do mar
-Não consuma álcool ou drogas
Apesar do clima de alegria, é importante alertar a todos sobre a ameaça de transmissão das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), com destaque para a Aids, doença crônica que tem tratamento, mas não tem cura. A prevenção da Aids está ao alcance de todos, já que as formas de transmissão são bem conhecidas.
Portanto, antes da festa começar, é sempre bom pensar em ter a camisinha à disposição, seja a masculina ou a feminina. Realizar o teste anti-HIV também é importante, não só para prevenir a transmissão para outras pessoas, mas também para se dar a chance de tratar oportunamente a doença, o que é fundamental para o sucesso da terapia. A orientação é que as pessoas usem a camisinha não só no carnaval, mas como uma ação cotidiana.
Neste ano, a Secretaria de Estado de Saúde lançou campanha intitulada “Nesse Carnaval, se prepare que eu vou usar!”, a ação conta com postais, abadás, adesivos, outdoor, mídia digital em vários portais eletrônicos e mídia nas rodoviárias e metrôs, além de uma marchinha de carnaval sobre o tema que será divulgada em rádios por todo o Estado. Ao todo, neste mês, serão fornecidos cinco milhões de preservativos e distribuídos 1,5 milhão de folders e um milhão de adesivos alusivos.
No Carnaval, também são registrados casos com queimaduras por álcool líquido. Isto porque as pessoas fazem churrascos e jogam o álcool líquido direto na churrasqueira. Nada justifica o uso deste produto, principalmente porque, com o próprio carvão, já é vendido o álcool sólido que é próprio para acender o carvão e não explode, apesar de ser inflamável.
No caso de acidente, usar apenas água fria no local do ferimento até encaminhar a vítima para o hospital. Qualquer outro produto, como pasta de dente ou óleo só piora o estado de saúde do paciente. A água resfria a lesão e acaba com o calor residual que mina os tecidos, além de promover analgesia. Outra solução é usar uma toalha embebida em água fria.