Tendo em vista sua alta especialização, o Hospital Infantil João Paulo II sustenta o título de referência nacional no diagnóstico e tratamento da fibrose cística. Tal característica atrai médicos de vários estados brasileiros interessados em serem treinados pelos profissionais do Serviço de Fibrose Cística do HIJPII. O treinamento é uma solicitação do Ministério da Saúde à direção do hospital que disponibiliza espaço e profissionais para a capacitação.
Minas Gerais é um dos poucos estados brasileiros que realiza a fase três do “teste do pezinho,” com a detecção da fibrose cística (entre outras doenças), razão pela qual foi escolhido como polo de treinamento.
Profissionais de 11 estados brasileiros, que vão começar a oferecer a fase três, serão capacitados. Durante o mês de novembro, pediatras de Salvador e Belém realizaram visitas de capacitação para diagnóstico, atendimento e tratamento de fibrocísticos triados pelo teste do pezinho. “O pedido do Ministério da Saúde é um reconhecimento da qualidade do trabalho que estamos fazendo e dos resultados que estamos alcançando no estado”, afirma o coordenador técnico do SFC do HIJPII, Alberto Vergara.
O Serviço funciona desde 2003 e está num nível avançado, com infraestrutura e equipe multidisplinar – pneumologista, gastroenterologista, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, enfermeira e assistente social.
Para a pediatra do Serviço de Referência de Triagem Neonatal do Pará, Adriana Bastos, a expectativa é de melhorar a qualidade do serviço e, consequentemente, de vida dos pacientes. “Esse treinamento é o pontapé inicial para o estado do Pará melhorar o atendimento através do diagnóstico precoce”, disse.
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de cura. A pediatra da Universidade Federal do Pará, Carla Rosas, sente-se gratificada, pessoal e profissionalmente, pela oportunidade de agregar conhecimento por meio da capacitação. “Esse conhecimento que vamos levar daqui vai ajudar os pacientes e isso é impagável. Essa troca é muito boa”, afirmou.
A fibrose cística é uma doença hereditária que faz certas glândulas produzirem secreções anormais, tendo como resultado vários sintomas, sendo os mais críticos aqueles que afetam o trato digestivo e os pulmões. Em recém-nascidos com fibrose cística, o nível da enzima digestiva tripsina no sangue é alto. Esse nível pode ser medido em uma pequena gota de sangue coletada através do “teste do pezinho”.
A triagem neonatal é uma ação preventiva que permite fazer o diagnóstico de diversas doenças congênitas ou infecciosas, assintomáticas no período neonatal, a tempo de se interferir no curso da doença, permitindo, desta forma, a instituição do tratamento precoce específico e a diminuição ou eliminação das sequelas associadas a cada doença.
Toda criança nascida no Brasil tem direito à triagem neonatal ("teste do pezinho"). Mas, para que o exame alcance o objetivo de detectar algumas doenças que podem causar sequelas graves ao desenvolvimento e crescimento, ele deve ser feito no momento e da forma adequados.
A coleta tem que ser realizada entre o 3º e o 7º dia de vida. Desse modo, as gestantes precisam ser orientadas sobre a importância do teste do pezinho e de se procurar um posto de coleta ou um laboratório indicado pelo pediatra ao final da gestação. Conforme a doença detectada, é possível obter adequada orientação sobre o tratamento nos Serviços de Referência em Triagem Neonatal que contam com uma equipe multidisciplinar, ou, ainda, buscar informações com especialistas.