Grupo de profissionais do Hospital Eduardo de Menezes lança publicação sobre hanseníase inédita no Brasil

 

Publicação Livro Hanseníase
Foto: Alexandra Marques
A dermatologista do Hospital Eduardo de Menezes e uma das organizadoras da publicação, Sandra Lyon

 

Um grupo de profissionais de diversas especialidades do Hospital Eduardo de Menezes, da Rede Fhemig, lançou, durante o primeiro Simpósio em Hanseníase, realizado entre os dias 24 e 27 deste mês, livro-texto completo sobre a doença. A obra preenche uma lacuna representada pela ausência, até então, de um livro que contemple a literatura médica com textos atualizados e completos.

Embora o Ministério da Saúde disponibilize uma série de manuais de boa qualidade, fácil manuseio e compreensão, não havia no país recurso desta natureza. O livro é organizado pela dermatologista e coordenadora do Serviço de Dermatologia do Hospital Eduardo de Menezes, Sandra Lyon e pela também dermatologista e técnica da Coordenação Estadual de Controle da Hanseníase, Maria Aparecida de Faria Grossi.

Maior densidade

O Brasil é o segundo país com o maior número de casos de hanseníase no mundo, atrás apenas da Índia. Segundo Sandra Lyon, proporcionalmente, a densidade das ocorrências é maior em território nacional, haja vista a significativa diferença em termos populacionais entre as duas nações. Enquanto o Brasil tem quase 194 milhões de habitantes, a Índia registra a incrível marca populacional de 1,2 bilhão, ou seja, mais de cinco vezes a população brasileira. Daí a importância do livro “Hanseníase” para a formação e a atualização dos médicos dermatologistas, hansenólogos, clínicos gerais, alunos de pós-graduação em dermatologia, estudantes de medicina e profissionais com interesse em saúde pública.

Endemia

A hanseníase ainda é endêmica no país, bem como em várias outras partes do mundo. Apesar de o desenvolvimento das pesquisas ter alcançado significativos patamares, dado o fato da complexidade da doença, ainda há muito a ser feito para ampliar a compreensão desta enfermidade que acompanha o homem há, aproximadamente, quatro mil anos.

Maria Aparecida Grossi ressalta que são vários os fatores que envolvem a questão da doença ser endêmica ainda hoje. “Ainda existem essas ocorrências, dentre outros motivos, devido ao desconhecimento da doença por parte da população e dos próprios profissionais de saúde”, em decorrência disso, muitas pessoas estão doentes e não sabem que estão, o que contribui para o diagnóstico tardio.

Estigma

Para a assistente social do HEM, Luciana Paione de Carvalho, o abandono do tratamento e a demora para o seu início representam, ainda hoje, a permanência do estigma que acompanha a doença desde o seu primeiro registro. “A hanseníase é um problema de natureza moral e do exercício do poder. Isto emperra a cura e a eliminação da doença. Assim, a sequela moral é muito maior que a sequela física”, pondera Luciana Paione.

Redução do número de casos

O estudo Saúde Brasil 2011 revela que, nos últimos 10 anos, os casos de hanseníase no Brasil tiveram uma redução de 26%. A pesquisa foi apresentada durante a 12ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi), iniciativa do Ministério da Saúde.

A redução foi ainda mais significativa no grupo representado por menores de 15 anos de idade. No mesmo período, registrou-se um decréscimo de 32%. Esse resultado fez com que o coeficiente de detecção de novos casos por 100 mil habitantes passasse de 6,96 (em 2001) para 5,2 (em 2011).

Meta

A diminuição do número de casos da doença pode ser creditada ao crescimento da oferta de tratamento na rede pública de saúde e à maior capacitação dos profissionais no que tange ao diagnóstico. A meta do Ministério da Saúde é que até 2015, a hanseníase saia da lista de enfermidades classificadas como problema de saúde pública. Para atingir este patamar, faz-se necessário que haja menos de um caso por 10.000 habitantes. Levando-se em conta que, no ano passado, o país registrou 1,54 casos, é possível acreditar que nos próximos três anos esta meta seja alcançada.