As crianças já estão na expectativa de ganhar o seu brinquedo preferido no Dia das Crianças (12 de outubro). Mas, na hora de comprá-lo, os pais precisam analisar bem o objeto de desejo dos pequeninos, para o presente não virar um transtorno, causando até mesmo sérios acidentes. Os profissionais do Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, sempre se vêem às voltas com situações inusitadas, mas graves, que envolvem brinquedos e crianças. Para evitá-las, são três principais regras a serem seguidas: observar a procedência do brinquedo, manter sua conservação e seguir as recomendações das embalagens.
Entre os mais casos atendidos, estão aqueles para remoção de corpo estranho, como baterias e peças pequenas que são colocadas no nariz e no ouvido, engolidas ou aspiradas. Também são comuns as quedas, principalmente de bicicletas, skate e patins.
O coordenador da clínica de Otorrinolaringologia do Hospital João XXIII, Ricardo Leopoldo Fonseca Andrade, diz que é frequente chegarem crianças com pequenos objetos no nariz e no ouvido e lembra que os pais não devem tentar retirá-los em casa: “Pode machucar ainda mais e causar maiores danos, como perfurar o tímpano. Além disso, a criança já chega traumatizada e isto dificulta o atendimento médico. Por si só, o objeto pode não trazer problemas, mas a manipulação inadequada, sim”. O médico ainda diz que, no momento em que a criança põe algo na boca, a mãe às vezes grita com ela. “É neste susto que a criança engole”. São acessórios de bonecas (pulserinhas, presilhas, sapatinhos), botões, rodinhas de carrinhos, entre outros.
O mais perigoso é a ingestão de baterias, que se confundem com moedas no raio-x. Porém, a bateria libera rapidamente uma substância corrosiva, que atinge a mucosa do esôfago e os casos podem ser fatais. Também deve se ter cuidado com imãs, principalmente se a criança engolir dois, o que pode causar isquemia no intestino – os imãs fecham a circulação quando se encontram, necrosando a região.
Quando a criança está aprendendo a andar, objetos pontiagudos como bandeirinhas, antenas de controle remoto e varetas oferecem muito risco. Elas costumam levar à boca e, quando caem, podem machucar o palato. Sem falar que estas coisas podem perfurar outras partes do corpo, como abdômen.
Mas até mesmo bonecos macios, aparentemente inofensivos, podem ser arriscados. A costura pode se abrir ou a própria criança furar e usar a espuma para colocá-la no nariz, por exemplo. Estes mesmos bonecos muitas vezes possuem olhos de botão que podem se soltar facilmente também. O material de qualquer brinquedo deve ser resistente e atóxico, como regulamenta o Inmetro.
Os adultos sempre devem estar ou perto, ou até mesmo brincarem junto com as crianças, como sugere a pediatra Marislaine Lumena de Mendonça. “Brincar é fundamental, devemos incentivar nossas crianças”, ela diz. Lumena reforça que os pais observem o selo do Inmetro, com a faixa etária, e que certifica a segurança e a qualidade do brinquedo, mas que também “fiquem atentos às habilidades e ao interesse da criança”.
A pediatra lembrou que em casas onde moram crianças de idades diferentes, o cuidado deve ser redobrado, pois, costumam brincar juntos com os mesmos brinquedos. No caso de bicicletas, patins, skate, não se deve esquecer os equipamentos de segurança, como capacetes e joelheiras. E brincar em lugares seguros, longe de ruas movimentadas – o risco de atropelamento é grande.
Brinquedos que emitem muitos ruídos podem ser prejudiciais à audição. Mas até um ano de idade, os brinquedos podem ter atrativos visual e sonoro. A pediatra dá a dica: “Texturas diferentes são também importantes. E os brinquedos pedagógicos, como jogos de montar, de encaixar, quebra-cabeças, livros, também são ótimos presentes”.
Lumena ainda aconselha a desprezar brinquedos quebrados, com partes pontiagudas ou rasgadas que oferecem riscos. Também não recomenda aqueles que estimulam a violência. Sobre os riscos que alguns brinquedos oferecem, a pediatra é taxativa: “não podemos associar os brinquedos com algo negativo, apenas alertar aos pais sobre a segurança das crianças; um cuidado que deve ser tomado em qualquer situação no dia a dia”.