Hospital João XXIII atende uma vítima de cerol a cada dois dias

Hospital João XXIII atende uma vítima de cerol
Imagem: Internet

Somente nos dezoito dias deste mês, nove pessoas foram vítimas de acidentes com cerol (mistura de vidro e cola utilizada nas linhas de pipas e papagaios) em Belo Horizonte, o que dá uma média de um caso a cada dois dias. Estes números confirmam as estatísticas do Hospital de Pronto Socorro João XXIII, da Rede Fhemig, que classificam os meses de junho, julho e janeiro como os de maior incidência deste tipo de ocorrência.

 

Um estudo com foco em políticas de prevenção realizado no HPS pelo médico sanitarista e gerente de Ensino e Pesquisa da Rede, Roberto Marini e pelo médico cirurgião geral, Paulo Roberto Carreiro, apontou que 89% dos casos de acidentes com cerol ocorrem em janeiro, junho e julho, período coincidente com as férias escolares e com os ventos fortes. Para efeito de comparação, somente nos meses de junho e julho do ano passado foram realizados 21 do total de 25 atendimentos a pessoas acidentadas com cerol em 2011.

Motociclistas e ciclistas

O estudo também mostra que a maior parte dos envolvidos nas ocorrências são do sexo masculino e têm entre 19 e 20 anos. Outro dado que chama a atenção é que cerca de 30% das vítimas atendidas no Hospital João XXIII são motociclistas e ciclistas.  Ainda segundo a pesquisa, as regiões do Estado com maior número de acidentes são a Leste, com 27% dos casos, Nordeste, com 25% e Centro-Sul, com20%.

Lesão

A lesão produzida pelo cerol é corto-cortante e o tratamento consiste em suturar (unir utilizando pontos cirúrgicos) o local e tratar as infecções. A maior parte das lesões ocorrem nas mãos, 57%, pescoço, 15%, cabeça, 13% e membros inferiores, 11%. Em motociclistas e ciclistas os ferimentos costumam ser mais graves e atingir o pescoço, 49%, a face ou a cabeça, 33%. Ferimentos nas mãos e pernas são comuns em quem utiliza o cerol na hora do preparo ou ao se enroscar na linha com a mistura.

Ferimentos localizados no pescoço são preocupantes por esta ser uma área de grandes vasos, veias e artérias que podem ser cortadas e gerarem grandes sangramentos. Além disso, a vítima também pode morrer na hora por enforcamento. Do mesmo modo, a possibilidade de infecção dos cortes em qualquer parte do corpo também preocupa, podendo levar à perda de membros.

Proibição

A utilização do cerol é proibida em Minas Gerais pela Lei Estadual 14.349 de 2002. A pessoa que for flagrada fazendo uso do produto pode ser multada ou presa. No entanto, crianças e adultos arriscam suas vidas e as de outros, ao utilizarem o cerol nas linhas de pipas e papagaios. Diante desta realidade, é aconselhável que motoqueiros e ciclistas, principais vítimas do cerol, utilizem antenas como forma de prevenção a acidentes.