De acordo com a diretora, a quantidade de líquido corporal na criança, comparada a sua massa corpórea, é menor que no adulto, fazendo com que elas se desidratem com maior facilidade. “A criança pode perder a mesma quantidade de água que um adulto e ficar desidratada, já o adulto nem percebe a perda”, salienta Helena Maciel. E é por isso que os pequenos devem ter um cuidado especial, que começa com a importância da hidratação e da não exposição ao sol. Portanto, deve-se oferecer água com frequência para a criança, pelo menos três ou quatro vezes ao dia.
Os pais também devem observar a irritabilidade de seus filhos que pode ser um sinal de desidratação, já que crianças com sede costumam ficar irritadas. Além disso, é importante a observação da urina, que deve ser clara e abundante, uma vez que urina escura e em pouca quantidade pode indicar falta de água no corpo.
Quanto à exposição ao sol, deve-se tomar um cuidado especial no período de maior radiação solar, que vai das 10 às 16 horas. Nesse horário, é importante não deixar a criança exposta. Para serem mais efetivos, os cuidados também devem ser seguidos nas escolas. Assim, é necessário evitar deixar as crianças em locais onde fiquem expostas ao sol por muito tempo, como no período do recreio. O uso do protetor solar é outro importante aliado durante o verão, no entanto, o fator de proteção não deve passar de 30, pois “acima de 30 a eficiência do produto não é grande e pode haver efeitos colaterais na criança”, diz Helena Maciel.
Ainda segundo a diretora, a prevenção deve orientar todas as ações (tanto dos pais, quanto dos professores), para que problemas causados pelas altas temperaturas não ocorram. No entanto, nos casos de queimaduras causadas pelo sol, é indicado banho com água fria. Nos casos mais graves, o HIJP II oferece atendimento, mas a diretora lembra que, em Belo Horizonte, há o Hospital João XXIII, que é referência no tratamento de queimaduras.
Outra ocorrência comum no verão são as doenças causadas pela comida contaminada. Por isso, é preciso bastante cuidado ao permitir que as crianças se alimentem fora de casa. Primeiro porque os alimentos costumam ser muito gordurosos e pesados para a digestão. Além disso, com o calor, as chances de deterioração são muito maiores, o que pode levar a uma intoxicação alimentar.
Em casa, a comida deve ficar sempre protegida para evitar a contaminação por moscas e outros insetos. Outro cuidado é deixar na geladeira os alimentos que requerem refrigeração para que a proliferação de bactérias seja evitada. De acordo com a diretora do hospital, viroses e infecções bacterianas intestinais estão entre as doenças mais comuns que atingem as crianças nesta época do ano.
Nos casos de contaminação, Helena Maciel indica o uso do soro que deve ser oferecido com frequência e em pequenas quantidades. “50 ml (ou três colheres de sopa) de soro, devem ser dados para a criança a cada perda decorrente de vômito ou diarréia”, orienta. É indicado que a alimentação seja leve e feita aos poucos. Em casos mais graves, a ajuda médica também é necessária. “Se a intensidade do vômito for grande, é importante que se leve a criança ao pronto atendimento, adverte a diretora”.
Com as altas temperaturas, o cuidado com os recém nascidos deve ser ainda maior, uma vez que eles desidratam com maior facilidade e é mais difícil identificar quando isso acontece. Como nas crianças mais velhas, eles manifestam sede e desidratação com irritabilidade, sendo necessário que os pais fiquem mais atentos nesta época do ano.
Além disso, os bebês costumam manifestar hipertermia, que é um aumento da temperatura do corpo, diferente da febre. Vesti-los com roupas mais leves e confortáveis também é importante para que problemas posteriores sejam evitados. Helena Maciel ainda reforça que a prevenção é de grande importância, lembrando que o número de crianças internadas no Hospital Infantil João Paulo II com problemas causados pelo calor excessivo sempre aumenta durante o verão.