Em cerimônia realizada na manhã deste dia Mundial de Luta Contra a AIDS (1º), o Hospital Eduardo de Menezes (HEM), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), referência estadual no tratamento da doença, inaugurou as obras de reforma e revitalização do seu Centro de Tratamento Intensivo (CTI), com o objetivo primordial de fortalecer e aprimorar a assistência aos pacientes de doenças infectocontagiosas. O evento contou com a presença do secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Antônio Jorge de Souza Marques, dentre outras autoridades.
A revitalização do CTI encerra um ciclo de obras que teve início com a reforma da fachada da Unidade, passando pelo Hall, Ala de Internação C, Serviço de Imagem, Central de Esterilização e Bloco Cirúrgico. As intervenções seguiram um cronograma progressivo que buscou realizar os trabalhos sem interferir na rotina do hospital, a fim de manter o atendimento aos pacientes.
De um modo especial, as reformas efetuadas no CTI, no Serviço de Imagem e na Central de Esterilização ganharam uma amplitude tão significativa que, praticamente, resultaram em novas instalações dotadas dos mais modernos equipamentos disponíveis no mercado.
Os investimentos realizados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) foram determinantes para a revitalização do hospital, lembrou o presidente da Fhemig, Antônio Carlos de Barros Martins que também salientou o constante apoio do Governo de Minas. “Este momento é uma vitória, cada etapa vencida é motivo de satisfação e orgulho. Estas obras são a primeira etapa de um futuro promissor que irá se concretizar nos próximos dois anos. Tenho certeza que em 2013 estaremos comemorando a completa reestruturação do HEM”, previu.
Nesta primeira fase de obras, foram aplicados recursos que somaram R$1.618.408,79. Os investimentos para a revitalização do hospital buscam potencializar a assistência prestada, bem como prover os serviços com áreas mais adequadas ao seu desempenho, além de promover a sua modernização, de modo a beneficiar os usuários e servidores da unidade.
Ex-residente do Hospital Raul Soares, da Rede Fhemig, o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Antônio Jorge de Souza Marques, recordou sua ligação histórica com a Fhemig ao assegurar que o HEM receberá especial atenção da SES. “Em questões epidêmicas, o HEM será o setor de inteligência do estado. O hospital inicia hoje um novo ciclo, com um papel muito maior, ou seja, ele assumirá uma função estratégica”, garantiu o secretário. Segundo Antônio Jorge, a Fundação abarca um significativo contingente de recursos humanos que a torna extremamente nuclear no processo de desenvolvimento da saúde pública no estado. “O quadro de pessoal e a produção do conhecimento na Fhemig são o seu maior patrimônio”, finalizou o secretário.
A coerência do projeto delineado pelo governo para a gestão do estado, em especial para a gestão da saúde, foi destacada pelo diretor do HEM, Paulo Sérgio Dias Araújo, “os investimentos resultaram não somente nas obras, mas também no alvissareiro futuro que se delineia, alçando o hospital ao nível de excelência e referência que merece”, comemorou.
A titular da Diretoria Assistencial da Fhemig, Lívia Mara Ferreira, destacou o comprometimento de toda a equipe do HEM para o aprimoramento contínuo dos serviços prestados. “São um grupo de profissionais que tomam para si a responsabilidade do tratamento das doenças infecto-contagiosas e realizam um trabalho de alta qualidade”. Ainda segundo a diretora da DIRASS, as reformas e a revitalização reforçam o papel do hospital, na medida em que permitem o aperfeiçoamento da assistência.
O HEM é o protagonista do combate à AIDS no Estado de Minas Gerais. Sua condição de hospital que presta assistência especializada aos portadores do HIV consolidou-se ao longo de quase um quarto de século de experiência no tratamento da doença.
Após três décadas de seu surgimento, o vírus HIV ainda constitui-se num grande desafio para a saúde pública mundial, haja vista que, apesar da redução dos percentuais de infecção, atualmente, a cada dia, mais de sete milhões de pessoas são acometidas pela doença. Para se ter uma ideia do impacto global da enfermidade, somente em 2009, quase dois milhões de pessoas morreram devido a causas relacionadas à AIDS. Dessa forma, a introdução da terapia antirretroviral produziu um grande impacto no controle da doença. No presente momento, quase sete milhões de pessoas fazem uso dos medicamentos, também conhecidos como “coquetel de antirretrovirais contra o HIV”, ou, simplesmente, “coquetel”. No Brasil, tais drogas são usadas há cerca de 16 anos, haja vista que a sua adoção ocorreu na segunda metade da década de 1990.
Diante desse quadro, segundo a dermatologista do HEM, Juliana Cunha Sarubi Noviello, a terapia antirretroviral adquire uma importância significativa, na medida em que diminui a carga viral e aumenta a contagem sérica dos linfócitos T CD4 (células de defesa que são mais atingidas pelo vírus HIV), melhorando, assim, a imunidade e evitando o aparecimento das doenças associadas à imunodepressão. Em consequência, há uma redução da letalidade e da morbidez da infecção pelo vírus. Além disso, a terapia também possibilita a modificação do desenvolvimento das doenças oportunistas e autoimunes.
Apesar dos consideráveis benefícios do uso dos antirretrovirais, “a melhora no funcionamento do sistema imunológico após a instituição da terapia antirretroviral pode, algumas vezes, tornar ainda mais severas as infecções oportunistas preexistentes, possibilitando o surgimento da Síndrome de Reconstituição Imune”, salienta a dermatologista. Essa síndrome é associada à terapia antirretroviral, uma vez que a terapia estimula a resposta inflamatória do paciente, antes fraca ou inexistente, tornando-a muito potente.
Paralelamente a essa característica do tratamento, tem-se o fato de que a adesão à terapia é complexa, haja vista que ela envolve fatores particularizantes tais como o tipo de população e as características regionais, dentre outros. Por outro lado, a necessidade de tomar uma série de medicamentos que produzem grande quantidade de interações, com efeitos adversos bastante severos e por um prazo indeterminado, talvez por toda a vida, torna a adesão e a continuidade do tratamento um verdadeiro desafio para a saúde pública.
Embora o acesso universal aos serviços que possibilitam o controle da doença, de forma a impedir a transmissão vertical do HIV, ou seja, de mãe para filho, permaneça como meta a ser alcançada pela maioria dos países (apenas 22 atingiram esse patamar), verifica-se, presentemente, um progresso considerável no que tange à resposta global à doença. O fato de que, hoje, 34 milhões de pessoas vivem com o vírus confirma o estágio em que se encontra o tratamento dessa enfermidade.
Tal cenário positivo se configurou a partir da Sessão Especial das Nações Unidas sobre HIV/AIDS realizada no ano de 2001. Desde então, ou seja, nos últimos 10 anos, a taxa de novas infecções diminuiu 25%, ao passo que as mortes decresceram 20% em apenas cinco anos.